FED eleva juros novamente em 0,75 p.p.
Em linha com a expectativa, o Fed elevou a taxa básica da economia americana pela quarta vez em 0,75 p.p para 4,0% (upper bound) e manteve o tom mais hawkish no seu discurso. No comunicado após a decisão, o Fed indicou que o ritmo de alta pode ser reduzido já na próxima reunião, mas que a discussão mais relevante passou a ser a taxa terminal, que deve ser maior que a prevista em setembro. O Fed Fund Rate chega ao maior patamar desde 2007, mas ainda sem efeitos claros na desaceleração da inflação que em setembro estava em 8,3% em 12 meses.
O Fed manteve o tom firme de combate à inflação, que está mais persistente do que o esperado. Apesar de indicar que considera altas menores a partir da próxima reunião, na sua entrevista, o presidente do Fed deixou claro que está cedo para se discutir o fim do ciclo. A inflação ainda está elevada e o mercado de trabalho não dá sinais de arrefecimento e, portanto, o Fed vai seguir com o aperto monetário em curso.
Até onde vão os juros americanos?
O Fed indicou que a taxa final pode ser superior à projetada na última reunião. A política monetária atua com defasagem, e os sinais da economia americana indicam que o aperto monetário, ainda que mais acelerado que em outros ciclos, tem efeito incipiente e a inflação permanece alta e com sinais de inércia, principalmente pelos indicadores de serviços. Na reunião em setembro, a mediana das projeções dos membros do Fomc indicava que a taxa terminal em 2023 estaria entre 4,5% e 4,75%. O presidente do Fed afirmou que as discussões sobre a taxa terminal passam a ser mais importantes do que o ritmo de alta, indicando que a taxa pode subir além do projetado anteriormente. Apesar do risco de recessão ser maior, o Fed ainda considera que pode ser evitada, e tentam calibrar a política monetária para que o aumento no desemprego seja o menor possível para trazer a taxa de inflação para a meta.
A curva de juros indica que o ciclo de alta irá até março de 2023 com a taxa chegando próxima de 5%. A reação dos mercados à decisão foi de bastante volatilidade e o S&P fechou em queda forte de 2,5% e os títulos do tesouro americano também caíram com a a taxa de 2 anos voltando para 4,6%. A expectativa de que um pivot do Fed possa trazer alívio para os mercados foi novamente adiada.