Macroeconomia


Análise | Fiscal | Abril 2025

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Rafaela Vitória

Publicado 30/mai2 min de leitura

Governo registra superávit de R$14,2 bilhões em abril

O resultado acumulado nos primeiros quatro meses do ano é de um superávit de R$103 bilhões, acima dos R$61 bilhões do mesmo período em 2024, mas que havia concentrado o pagamento dos precatórios, que deve somar cerca de R$70 bilhões e tem estimativa de pagamento para o segundo semestre de 2025.

No governo central, o superávit do mês foi de R$16,2 bilhões, ligeiramente acima da nossa expectativa de R$14 bilhões. Enquanto as receitas cresceram 4,9% acima da inflação frente ao último abril, as despesas cresceram 2,5%. Entre as despesas que mais crescem, o BPC segue em destaque com +11,6% no período. Por fim,  os gastos discricionários tiveram redução de 4,3%, uma vez que com o orçamento pendente de aprovação até março, a dotação orçamentária foi mais restrita no período.

O resultado consolidado primário até abril também contou com um superávit maior dos estados e municípios, que somou R$37 bilhões, 11,4% superior ao mesmo período em 2024. Por outro lado, as estatais seguem apresentando déficit que já acumula R$2,7 bilhões no ano até abril.

No primeiro relatório bimestral de avaliação de despesas e receitas do ano, o tesouro anunciou um contingenciamento e bloqueio somando R$30 bilhões, mas a revisão da estimativa de gasto foi de +R$65 bilhões em relação à LOA original. A estimativa de déficit abaixo do limite da meta, cerca de R$97 bilhões, fez com que o governo anunciasse também um aumento de IOF para sua compensação, o que trouxe questionamento e pode ser revisto.  A frustração de receita e a exaustão de novas fontes pode levar o governo a ampliar o contingenciamento na próxima avaliação em julho.

Endividamento público sobe para 76,2% do PIB em abril

A dívida pública teve alta de 75,9% para 76,2% do PIB em abril, devido ao crescimento da despesa com juros. Pela metodologia do FMI, agora replicada pelo BC, a dívida bruta incluindo as operações compromissadas do chega a 88,8% do PIB, alta de 0,5p.p. frente a março. O custo da dívida segue em alta, acompanhando a subida da Selic e aceleração da inflação no trimestre. No acumulado de 12 meses até abril, as despesas com juros chegam a 7,7% do PIB, ou R$929 bilhões.

A trajetória de crescimento da dívida pública deve continuar, resultado do significativo volume de despesas com juros. O atual elevado patamar de juros atual reflete o risco fiscal e a inflação mais alta. Tanto a Selic a 14,75% como o juro real próximo de 7,5% mais IPCA vão continuar pressionando o custo da dívida e mantendo sua trajetória de alta.

Mantemos nossa projeção de um déficit primário próximo de R$77 bilhões em 2025, cerca de 0,6% do PIB, que estará em linha com o cumprimento da meta considerando a banda inferior e o pagamento de precatórios.  No entanto, o maior risco de recessão global e a forte queda dos preços das commodities pode impactar a evolução da arrecadação nos próximos meses, o que exigirá um controle de gastos mais efetivo para o alcance da meta no ano, uma vez que novos aumentos de impostos se tornam cada vez menos prováveis.

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