Mercado de trabalho americano tem 372 mil novas vagas em junho
Leitura manteve o ritmo de crescimento observado no mês anterior e surpreendeu o mercado que tinha expectativa de desaceleração para 265 mil postos. Esse resultado corrobora com o cenário de mercado de trabalho aquecido, um crescimento de 150% na comparação de junho de 2019, quando foram criadas 150 mil novas vagas. No entanto, ainda há um déficit de 500 mil empregos em relação ao período pré-pandemia e 4,9 milhões em relação à tendência anterior.
O relatório de emprego impactou o mercado de juros, com a consolidação da expectativa de que o aperto monetário será mais intenso para controlar a inflação. Após a notícia, a expectativa de alta de 75 bps pelo FED em julho se tornou praticamente consenso no mercado, enquanto título do tesouro americano de 2 anos subiu 10 bps de volta para 3,1% a.a..
A taxa de desemprego se manteve em 3,6%, em linha com a expectativa. A taxa de subutilização, uma medida alternativa e mais ampla por incluir trabalhadores desalentados e os que trabalham em regime de tempo parcial, registrou uma queda de 7,1% para 6,7%, valor mais baixo para série iniciada em 1994.
Setor de serviços mantém elevado ritmo de crescimento.
No agregado, o segmento registrou criação de 324 mil vagas. Vale destacar o saldo positivo de 96 mil em educação e saúde, 74 mil em administrativo e empresarial e 67 mil em lazer e hospitalidade. Dentre desses setores, apenas o administrativo e empresarial já recuperou as perdas causadas pela crise sanitária da pandemia, o que significa que ainda há espaço para manutenção do crescimento das demais atividades de serviços.
A indústria também teve criação de empregos forte em junho. O setor gerou 48 mil novas vagas no mês, disseminadas entre os segmentos da indústria de transformação (+29 mil), recuperando o patamar observado em fevereiro de 2020 tanto em bens duráveis (+ 11 mil) quanto em bens não duráveis (+ 18 mil). Por fim, o setor de varejo registrou 15,4 mil contratações, no entanto, número de ocupados nesse setor ainda está em queda de 0,2% na comparação trimestral.
Oferta de trabalho surpreende e recua em junho
Participação na força de trabalho teve queda para 62,2%, revertendo ganho marginal de maio, e surpreendendo a expectativa do mercado de crescimento para 62,4%. Em meio a esse cenário de difícil recuperação da oferta de mão de obra, o resultado do JOLTs para maio mostrou que a demanda por trabalhadores por parte das empresas segue robusta, com o estoque de vagas abertas acima de 11 milhões. Dessa forma, tanto pela perspectiva da oferta quanto pela perspectiva da demanda, ainda há escassez mão de obra, e, portanto, deverá se manter a pressão altista nos salários nos próximos meses.
Salários desaceleram na comparação anual
Em junho, os salários nominais cresceram 5,1% na comparação interanual, ligeiramente abaixo do mês anterior. No mês, a variação foi de 0,3%, um valor ainda historicamente alto. No entanto, a inflação dos últimos meses continua mais elevada que a variação dos salários, o que significa que o aumento de custo de vida dos americanos tem reduzido sua capacidade de manter seus padrões de consumo.