Relatório Payroll indica mercado de trabalho ainda aquecido, após criação de empregos acima das expectativas
O mercado de trabalho americano registrou 517 mil vagas criadas em janeiro e surpreendeu o mercado, que contava com desaceleração para 188 mil na quantidade de empregos criados. Dessa forma, o ritmo de contratação continua em patamar extremamente elevado, e muito acima da média da última década de 186 mil vagas criadas por mês. Com resultado, o estoque de trabalhadores formais na série sazonalmente ajustada ultrapassou em 2,7 milhões o valor pré-pandemia, e atingiu seu maior patamar da série histórica (155,1 milhões).
Narrativa que a economia americana caminha para um soft landing ganha força. Assim como no mês de dezembro, a melhoria no mercado de trabalho não foi acompanhada por uma aceleração nos salários, que constitui a maior preocupação do Fed atualmente. Dessa forma, na percepção do mercado, há uma alta probabilidade de que o processo de desaceleração da inflação que temos observado desde junho do ano passado continue sem que a economia entre em uma recessão.
Taxa de desemprego também surpreende e recua para 3,4%, menor patamar desde 1969
A pesquisa a nível domiciliar mostrou um aumento significativo na quantidade de empregados (+894 mil), enquanto a taxa de participação na força de trabalho subiu marginalmente de 62,3% para 62,4%, indicando maior dinamismo no mercado de trabalho americano, que se mostrou capaz de absorver um aumento na oferta de mão de obra.
Setor de serviços registra 226 mil novas contratações em janeiro
Mesmo após leituras bastante positivas ao longo do segundo semestre de 2022, o segmento de lazer e hospitalidade acelerou o ritmo de recuperação e foi responsável por contratar 128 mil pessoas. Apesar disso, ainda há um gap do setor em relação ao patamar pré-pandemia de 495 mil vagas. A recomposição desses empregos nos próximos meses constitui um vento de cauda para o mercado de trabalho americano.
Criação de vagas pelo setor de construção e indústria surpreendem positivamente. Esses setores foram responsáveis por contratar 25 mil e 19 mil pessoas, respectivamente. Tal leitura indica que até mesmo empresas que atuam em segmentos mais cíclicos da economia, que são mais sensíveis ao aperto monetário realizado pelo Fed, não sofreram perdas suficientes a ponto de realizar corte de funcionários ou estão relutantes diante da atual escassez de mão de obra.
Salários sobem 0,3% em janeiro
Leitura indica manutenção da desaceleração no aumento de salários, que no acumulado de 12 meses recuou de 4,8% para 4,4%. A leitura de janeiro em termos anualizados é equivalente a uma variação de 3,7%. Esse ainda é um patamar excessivamente elevado e inconsistente para o cumprimento da meta de inflação em 2% por parte da autoridade monetária, o que corrobora a perspectiva do Fed de que pelo menos duas novas altas na taxa de juros serão necessárias a fim de desaquecer a atividade econômica e, portanto, reduzir a pressão altista sobre os preços gerada pelo aumento dos salários.