Macroeconomia


Análise | Emprego nos EUA | Fev23

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Vitor Martins Carvalho

Publicado 10/mar5 min de leitura

Quantidade de empregos criadas surpreende no relatório Payroll

O mercado de trabalho americano novamente surpreendeu o mercado ao registrar 311 mil vagas criadas (vs. 220 mil exp.). Dessa forma, o ritmo de contratação continua em patamar extremamente elevado, e muito acima da média da última década de 186 mil vagas criadas por mês. Com resultado, o estoque de trabalhadores formais na série sazonalmente ajustada ultrapassou em 2,85 milhões o valor pré-pandemia, e atingiu seu maior patamar da série histórica (155,35 milhões).

Por outro lado, aumento na taxa de desemprego somada a desaceleração da variação dos salários apontam para mercado de trabalho menos apertado. Consequentemente, a narrativa que a economia americana caminha para um soft landing ganhou ainda mais força. Assim como nos últimos dois meses, o elevado ritmo de vagas criadas não foi acompanhada por uma aceleração nos salários, que constitui a maior preocupação do Fed atualmente. Dessa forma, na percepção do mercado, há uma alta probabilidade de que a economia não precise enfrentar uma recessão para que o processo de desaceleração da inflação se consolide. Cabe destacar, no entanto, que uma alta de maior magnitude (50 bps) na próxima reunião do FOMC ainda não foi totalmente descartada, e o resultado do CPI na próxima semana também será muito importante para a tomada de decisão do Fed.

Taxa de desemprego também surpreende e sobe para 3,6%

Segundo a pesquisa a nível domiciliar, o aumento no estoque de desempregados (+242 mil) ultrapassou o aumento no número de empregados (+177 mil) em fevereiro. Essa variação decorreu do aumento da oferta de mão de obra, que alcançou 166,25 milhões, o maior valor desde maio de 2020, o que resultou em um aumento na taxa de participação de 62,4% para 62,5%. O aumento na quantidade de pessoas procurando emprego contribui para aliviar a pressão nos salários e, portanto, contribui para aliviar a inflação.

Mercado de trabalho de serviços acelera e registra 245 mil novas contratações

Puxado por serviços relacionados à alimentação e a restaurantes, o segmento de lazer e hospitalidade acelerou o ritmo de recuperação e foi responsável por contratar 105 mil pessoas, acima da média já elevada de 95 mil contratações dos últimos 6 meses. Apesar disso, ainda há um gap do setor em relação ao patamar pré-pandemia de 410 mil vagas. A recomposição desses empregos continuará a ser no curto e médio prazo um vento de cauda para o mercado de trabalho americano. O comércio também foi destaque (+50 mil), no entanto, estoque de empregos apenas retornou ao mesmo valor do ano passado, e se encontra um pouco acima do patamar pré-pandemia.

Apesar de desaceleração do setor causada pela contração do mercado de crédito, o mercado de trabalho associado à construção permanece robusto. Esse setor foi responsável por contratar 24 mil pessoas em fevereiro, acelerando o ritmo médio de contrações médio dos últimos seia meses (20 mil). O setor industrial, entretanto, que também representa um segmento mais cíclico e dependente das condições monetárias, registrou redução marginal de 4 mil empregos.

Salários sobem 0,2% em fevereiro

Resultado representa desaceleração frente ao mês anterior, quando a alta foi de 0,3%. Porém, devido às elevadas leituras observadas principalmente nos meses finais do ano passado, a variação no acumulado de 12 meses passou de 4,4% para 4,6%, patamar excessivamente elevado e incondizente com a meta de inflação em 2%. Tal fato, corrobora a perspectiva que ainda há muito trabalho a ser feito por parte da autoridade monetária e que mais três altas de pelo menos 25 bps no decorrer do ano é o curso de atuação mais provável a ser adotado por parte do Fed.


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