O mercado de trabalho americano registrou 223 mil novas vagas em dezembro, acima da expectativa do mercado, que contava com a criação de 200 mil vagas. Apesar de surpresa positiva, é a quinta desaceleração consecutiva no ritmo de contratação, e o patamar mais baixo desde dezembro de 2020. No entanto, leitura permanece bastante elevada em termos históricos, indicando que o mercado de trabalho americano continua robusto diante do atual ciclo de aperto monetário.

Cenário de recessão iminente se torna ainda mais improvável. Para completar, diferentemente dos meses anteriores, a melhoria no mercado de trabalho não foi acompanhada por uma aceleração nos salários, que constitui a maior preocupação do Fed atualmente. O mercado interpretou essa notícia como mais uma razão para o Fed desacelerar o ritmo de aperto monetário, e as expectativas convergiram para uma elevação de apenas 25 bps na próxima reunião em fevereiro.

Crescimento no contingente de empregados foi mais que suficiente para compensar aumento na oferta de mão de obra, e taxa de desemprego recuou de 3,7% para 3,5% em dezembro. A pesquisa household mostrou um aumento significativo na quantidade de empregados (+770 mil), enquanto a taxa de participação na força de trabalho subiu de 62,1% para 62,3%, indicando maior dinamismo no mercado de trabalho americano, que se mostrou capaz de absorver um aumento na oferta de mão de obra.

Dentro do setor, lazer, hospitalidade e serviços de saúde foram destaque. Mantendo a tendência de recuperação observada desde primeiro trimestre do ano, a atividade lazer e hospitalidade registrou a criação de 67 mil novas vagas no mês. Estoque de empregos atrelados a essa atividade, no entanto, permanece 5,5% abaixo do patamar pré-pandemia, e ritmo de contratações já mostra sinais de desaceleração.

Setor de bens foi responsável por empregar 40 mil pessoas em dezembro. Nesse setor, cabe destacar o comportamento das indústrias que atuam na construção (+28 mil) e na produção de bens duráveis (+24 mil). Performance desses setores mais cíclicos e mais sensíveis à condição monetária ilustram que a economia permanece resiliente e não há sinais de recessão iminente.

Alta de apenas 0,3% em dezembro somada a revisão do resultado do mês anterior, que passou de variação de 0,6% para 0,4%, fez com que o crescimento acumulado em 12 meses dos salários caísse de 5,1% para 4,6%, bem abaixo da expectativa do mercado, que contava com alta de 5,0%. A autoridade monetária americana tem repetidamente enfatizado a importância de observarem uma desaceleração nesse indicador para se sentirem confortáveis em reduzir o ritmo de elevação nos juros. No entanto, cabe relembrar que apesar da notícia positiva, o crescimento dos salários ainda não está consistente com a meta do de inflação de 2% ao ano, o que corrobora a necessidade de novas altas.