Macroeconomia


Análise | Emprego nos EUA | Abr22

Daniel_Arruda

Daniel Arruda

Publicado 06/mai3 min de leitura

Mercado de trabalho americano cria 428 mil novos empregos em abril

Leitura manteve o ritmo do mês anterior e surpreendeu positivamente a expectativa do mercado de 380 mil postos de trabalho. Na comparação com abril de 2019, houve crescimento de 49% na criação de novos empregos, o que aponta para um mercado de trabalho ainda em alta. No entanto, o número total de ocupados segue abaixo da tendência pré-pandemia em 3,4%, o que sugere que o ritmo forte de criação de empregos pode continuar no curto prazo.

O relatório de emprego trouxe mais volatilidade para o mercado de juros após a forte alta das taxas dos últimos dias. Com o aumento de salários abaixo da expectativa, entendemos que a divulgação atual reduz a probabilidade de um espiral inflacionário na economia americana, embora não deva influenciar a decisão do FED de elevar a taxa de juros nas próximas reuniões em ritmo mais acelerado.

A taxa de desemprego se manteve em 3,6%, ante projeções de queda marginal para 3,5%. Além disso, a medida mais ampla de subutilização do trabalho mostrou leve alta para 7,0% no mês. Não obstante, todos os indicadores mostram melhora notável na comparação ao pré-pandemia, reforçando a interpretação de que a economia americana segue forte.

Setor de serviços segue recuperando mais rapidamente

No total, o segmento respondeu pela criação de 340 mil novas vagas. Vale citar o saldo positivo de 52 mil empregos nas empresas de transportes, de 34 mil para saúde e de 78 mil para lazer e hospitalidade. Este subsetor, apesar das taxas de crescimento elevadas nos últimos meses, segue com um número de ocupados inferior em 8,5% ao pré-pandemia, equivalente a 1,4 milhão de trabalhadores, mostrando que existe espaço adicional para continuidade da recuperação nos próximos meses.

A indústria também teve criação de empregos forte em abril. O setor gerou 55 mil novas vagas no mês, e mostrou avanço disseminado entre segmentos de duráveis e não duráveis. Por fim, o setor de varejo teve crescimento do número de empregos em 1,8% ante o pré-pandemia. Mesmo excluindo o segmento online, a variação também é positiva, mitigando as preocupações acerca de um impacto de longo prazo da pandemia no emprego no varejo físico.

Oferta de trabalho surpreende e recua em abril

Participação na força de trabalho teve queda para 62,2%, ante 62,4% no mês anterior, surpreendendo a expectativa do mercado de crescimento marginal para 62,5%. Apesar disso, esse movimento dificilmente implica em uma reversão da tendência de recuperação dos últimos meses. Em particular, o número de indivíduos impossibilitados de buscar emprego pela pandemia segue em queda, o que aponta para uma continuidade da recuperação da força de trabalho e arrefecimento da pressão sobre os salários.

Salários desaceleram e reduzem probabilidade de espiral inflacionário

Em abril, os salários nominais cresceram 5,5% na comparação interanual, ligeiramente abaixo do mês anterior. Tomando as compensações de forma mais ampla (salários e benefícios) e expurgando efeitos de movimentação entre setores, o custo do trabalho mostrou alta de 4,5% no primeiro trimestre desse ano. Esses números defasam as diversas métricas de inflação corrente, o que condiz com as expectativas de inflação de longo prazo ainda razoavelmente ancoradas e reduz a probabilidade de uma pressão persistente para aceleração dos preços impulsionada por salários em alta.

Apesar disso, o crescimento do custo do trabalho é historicamente elevado. Tomando por base o crescimento médio da produtividade do trabalho de 1,3% entre 2017 e 2019, é válido esperar uma tendência de inflação próxima de 3,2% no médio prazo. Esse número, embora bem abaixo das leituras correntes, ainda é superior à meta de longo prazo do FED, o que prescreve uma continuidade da contração monetária ao ritmo de 0,5 p.p. por reunião pelo menos até que a taxa básica de juros supere o nível neutro, estimado em 2,5%.


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