Macroeconomia


Análise | Copom | Out22

jeFtv1X8_400x400

Rafaela Vitória

Publicado 26/out

Pela segunda reunião consecutiva, Copom mantém a Selic em 13,75%

O Copom manteve a taxa Selic inalterada em 13,75%, em linha com o consenso de mercado. No comunicado, o Copom ainda foi duro na sua avaliação do cenário da inflação que, apesar da desaceleração recente, segue acima da meta. O comunicado também manteve a sinalização de que o Copom poderia eventualmente voltar a subir os juros caso a convergência da inflação não se consolide. Na nossa avaliação, entre os riscos altistas para a inflação em 2023, uma potencial mudança no arcabouço fiscal, com aumento de gastos que estimule a demanda e desancore as expectativas, seria o mais impactante para desvirtuar o atual cenário de queda da inflação.

O BC manteve sua projeção de inflação em 5,8% para 2022 e 4,8% em 2023. No balanço de riscos, o Copom pondera tanto o cenário de desaceleração global e queda das commodities, como a incerteza sobre o arcabouço fiscal e eventuais novos estímulos que possam manter a inflação em alta.

Após pico em abril, quando acumulou 12,1% em 12 meses, o IPCA vem desacelerando com a contribuição da redução de impostos e queda dos preços da gasolina e alimentos. As medidas de núcleos e a inflação de serviços também começam a dar os primeiros sinais de desaceleração, com o impacto da política monetária arrefecendo a demanda. A mudança no cenário inclui revisões de expectativa de inflação para 2022, que em junho chegou a 9% e hoje está em 5,6%, pela mediana do Focus. Estimamos que, dessa redução, apenas cerca de 2 p.p. foram impactos da redução de impostos.

Expectativa para os próximos passos

Esperamos que a Selic permaneça em 13,75% pelo menos até o fim do primeiro trimestre de 2023. Com um inflação projetada à frente em cerca de 4,8%, a taxa de juros real ex-ante já está bastante restritiva. Na medida que a expectativa de inflação desacelera e o cenário para 2024 começa a ficar mais relevante para a política monetária, a taxa Selic entra em território ainda mais contracionista e pode resultar em queda mais acentuada que o necessário da atividade Mesmo iniciando a redução dos juros entre março e maio do próximo ano, ainda teremos taxa de juros contracionista por um longo período, suficiente para garantir a convergência da inflação para a meta. Nosso cenário base considera a manutenção do atual arcabouço fiscal, sem alterações significativas que adicionem pressão inflacionária no próximo ano.


Compartilhe essa notícia

Receba nossas análises por e-mail