Macroeconomia


Análise | Copom | Mar22

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Mário Corrêa

Publicado 31/mar5 min de leitura

Copom eleva a Selic pela 9a vez consecutiva para 11,75%

Conforme expectativa, COPOM elevou a Selic em 1,0 p.p. para 11,75%. A nova alta das commodities no mercado internacional e novas revisões de expectativa de inflação resultaram em mais um aperto monetário, avançando para território mais contracionista. Para a próxima reunião, o BC indicou mais uma alta da mesma magnitude, ou seja, mais 1 p.p. levando a Selic para 12,75%. Na sua avaliação, essa taxa, que é o cenário de referência analisado, seria suficiente para a convergência da inflação para a meta até 2023 e, portanto, em maio podemos ter a última alta do ciclo.

No seu cenário de inflação, o Copom agora espera IPCA de 7,1% 2022 e 3,4% em 2023. Na avaliação de riscos, a maior preocupação continua sendo as expectativas de inflação, que seguem em alta, agora devido ao efeitos secundários do novo choque das commodities. A inflação corrente permanece bastante elevada e os núcleos de inflação, incluindo itens ligados a serviços, sofreram fortes reajustes nos últimos meses e indicam uma persistência maior da inflação e, por isso, a necessidade de um aperto monetário maior nesse momento.

O risco fiscal também é apontado pelo Copom como um fator de preocupação. Novas medidas fiscais, que possam estimular a demanda nesse momento, podem contribuir para manter a inflação em elevada. E, apesar das contas públicas estarem apresentando melhor resultado, o risco de desancoragem de inflação ainda está associado a possíveis novos estímulos fiscais que possam ser implementados. Ou seja, o governo tentar estimular a atividade nesse momento terá como resultado juros maiores na economia.

Próximos passos

Considerando o cenário de inflação ainda elevada e riscos de desancoragem até para 2023, o Copom antecipou mais uma alta de 1 p.p. na taxa Selic na próxima reunião em maio. Esperamos que a taxa final de 12,75% seja mantida ao longo desse ano. Atribuímos uma pequena probabilidade de os juros começarem a ser reduzidos a partir do final de 2022, caso a demanda interna tenha queda mais significativa, o que pode acontecer pelo efeito defasado da política monetária, ou caso haja uma reversão mais significativa dos preços das commodities. No cenário mais provável, o Copom deve iniciar o ciclo de redução somente a partir de 2023, com sinais mais claros de convergência da inflação para a meta. Considerando o patamar de 12,75%, será novamente um longo caminho para voltar para o patamar de juros neutro, possivelmente somente a partir de 2024.


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