Copom eleva a Selic para 13,25%
Conforme esperado, o Copom reduziu o ritmo de alta e elevou a Selic em 0,50 p.p. para 13,25%. Também alinhado com as recentes revisões de expectativas, considerando o cenário de maior incerteza, o Copom decidiu deixar a porta aberta para uma nova alta na próxima reunião, “de igual ou menor magnitude”. Esperamos que na próxima reunião a alta seja de 0,25 p.p. e a Selic chegue em 13,50%, considerando a maior volatilidade no cenário e a já elevada taxa que ainda deve impactar a economia.
O Banco Central revisou sua projeção de inflação e espera IPCA de 8,8% em 2022 e 4% em 2023, mas não incluiu o impacto das novas medidas tributárias aprovadas. No entanto, o risco fiscal ainda é mencionado, uma vez que as novas medidas podem ter elevar o consumo, estimulando a demanda e resultando em mais pressão inflacionária. As medidas que reduzem ICMS, das tarifa elétricas, telecomunicações e combustíveis devem desacelerar a inflação no curto prazo, mas também implicam em risco de elevação, ainda que em menor magnitude, na inflação em 2023, prazo relevante da política monetária. Por outro lado, a piora as condições financeiras globais, incluindo a nova alta do Fed Fund Rate em 75 bps hoje, pode contribuir para reduzir a demanda global e resultar em uma reversão, ainda que parcial dos preços das commodities. Mesmo que o Fed Fund Rate chegue acima de 4% em 2023, o diferencial de juros para a Selic ainda será bastante elvado.
Próximos Passos
O risco de desancoragem ainda é a principal preocupação do Copom e, por isso, podemos ainda ter uma nova alta da Selic na próxima reunião. Esperamos que o Copom eleve a Selic novamente em agosto, em 0,25 p.p. para 13,50%. O cenário de maior incerteza e as expectativas de inflação para 2023 ainda em alta requerem cautela nos próximos passos. A sinalização de uma nova alta, ainda que menor, pode ajudar a ancorar expectativas nesse momento, mas leva em consideração que a taxa de juros já está em nível bastante contracionista e boa parte do impacto ainda não fez efeito na economia. Com uma inflação projetada 12 meses a frente em cerca de 5,5%, a taxa de juros real ex-ante está próxima de 8%. Aliás, uma desaceleração maior da economia é um dos risco que pode resultar em uma queda mais rápida da inflação.