Macroeconomia


Análise | Copom e Fomc | Set22

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Rafaela Vitória

Publicado 21/set

Copom mantem a Selic em 13,75%

Após 12 altas consecutivas, entre março de 2021 e agosto de 2022, o Copom manteve a Selic em 13,75% e encerrou o ciclo de aperto monetário. No comunicado, o Copom indicou que a taxa de juros deve permanecer alta por um período prolongado, até a convergência da inflação para a meta e ancoragem das expectativas.

O Banco Central revisou sua projeção de inflação de 6,8% para 5,8% para 2022, mas elevou de 4,6% para 4,8% em 2023. No balanço de riscos, o Banco Central pondera tanto o cenário de desaceleração global e queda das commodities, como a incerteza sobre o arcabouço fiscal e eventuais novos estímulos que possam manter a inflação em alta.

A queda dos preços da gasolina, seguida agora da redução dos alimentos, trouxe forte alívio ao IPCA entre agosto e setembro, após a deflação de julho puxada pela redução dos impostos. No entanto, o Copom destaca que as medidas de inflação subjacente permanecem elevadas e acima da meta.

De fato, a inflação de serviços ainda tem alta significativa, mas também dá sinais de desaceleração na margem. Com a redução dos preços monitorados e bens comercializáveis, os repasses nos preços de serviços tendem a ser menores nos próximos meses e devem também contribuir para a desaceleração geral da inflação.

Expectativa para os próximos passos

Esperamos que a Selic permaneça em 13,75% até o fim do primeiro trimestre de 2023. A dissidência do voto de dois membros do comitê, por uma alta residual de 0,25 p.p., não deve alterar a expectativa de manutenção da taxa nas próximas reuniões. Historicamente, a Selic permanece no topo do ciclo por uma média de 3 meses e, somente em 2016, essa duração se estendeu por 14 meses. Com uma inflação projetada à frente de cerca de 4,8%, a taxa de juros real ex-ante está em torno de 9%, bastante restritiva. Mesmo iniciando a redução dos juros entre março e maio do próximo ano, ainda teremos juros contracionistas por um longo período. O principal fator que permitirá o início da redução dos juros será a política fiscal adotada pelo próximo governo, a partir de 2023, mantendo o controle dos gastos públicos e trazendo previsibilidade sobre a trajetória da dívida. Uma eventual expansão de gastos, sem a definição de uma âncora fiscal crível, pode desancorar as expectativas de inflação, tornando o trabalho da política monetária mais difícil, resultando na Selic em patamar elevado por um prazo mais longo.

FOMC eleva a taxa de juros em 75 pontos base para 3,25%

Na reunião de política monetária nos EUA, o Fed elevou os juros pela terceira vez consecutiva em 75 pontos base, em linha com a expectativa. Mas nas suas projeções revisadas, as expectativas para as futuras altas na taxa de juros foram elevadas de maneira significativa, surpreendendo o mercado. O Fomc espera agora que a taxa termine o ano em 4,4%, no intervalo entre 4,25% e 4,5%, bem acima da expectativa anterior, que era de 3,4%, o que significa mais duas altas, somando 125 pontos base. Na revisão do seu cenário econômico, os membros do Fomc também reduziram a expectativa de crescimento do PIB de 1,7% para 0,2% em 2022 e de 1,7% para 1,2% para 2023, mas aumentando a inflação esperada, medida pelo PCE, de 5,2% para 5,4% em 2022 e de 2,6% para 2,8% em 2023.

A preocupação com a alta da inflação e os sinais de risco de maior persistência, juntamente com o mercado de trabalho aquecido, deixaram o comitê de política monetária em alerta, reforçando no comunicado que está fortemente comprometido em trazer a inflação de volta para a meta de 2%, mesmo que às custas de um menor crescimento à frente, incluindo um potencial aumento do desemprego. Após a divulgação da decisão, a taxa de juros de 2 anos teve forte reprecificação, chegando a 4,1%, maior patamar desde 2007, antes da crise imobiliária. Também reflexo da expectativa de maiores juros na economia americana, o dólar seguiu em tendência de alta, fechando com nova valorização de 1% no dia em relação à cesta de moedas, o maior patamar em 20 anos.


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