Macroeconomia


Análise | Copom | Ago22

jeFtv1X8_400x400

Rafaela Vitória

Publicado 04/ago4 min de leitura

O Copom elevou a Selic novamente em 0,50 p.p. para 13,75%, em linha com a expectativa

Mas não fechou as portas para uma nova alta na próxima reunião. Caso seja necessário, poderá dar mais um ajuste de menor magnitude. Na avaliação do Copom, pesou o fato de as expectativas de inflação do mercado ainda não estarem ancoradas e as incertezas sobre potenciais medidas fiscais em 2023, que possam causar novas pressões inflacionárias.

Apesar da possibilidade de uma nova alta de 0,25 p.p. em setembro ficar no radar, considerando o cenário atual de desaceleração da economia global e queda das commodities, acreditamos que o novo ajuste não será necessário e mantemos a expectativa de Selic final em 13,75%.

O Banco Central revisou sua projeção de inflação de 8,8% em 2022 para 6,8% e de 4% para 4,6% em 2023, incluindo agora o impacto das novas medidas tributárias. No balanço de riscos, o banco central pondera tanto o cenário de desaceleração global e queda das commodities, como eventuais pressões adicionais advindas de potenciais novas políticas de expansão fiscal em 2023, o que explica, em parte, a diferença entre a projeção do BC, de 4,6%, e a mediana do Focus, de 5,3%.

Como a inflação tem sido fortemente impactada pelas altas de bens, como combustíveis e alimentos, essa reversão deve resultar em desaceleração do índice de preços maior que o esperado nos próximos meses e, ao mesmo tempo, reduzir o risco de inércia inflacionária, através de uma menor indexação de contratos de 2022 para 2023

Expectativas

Adicionalmente, o Copom alongou o horizonte de política monetária para 2024, excluindo os efeitos das medidas tributárias. Com a expectativa de inflação mais longa em 3,5%, já bem próxima do centro da meta, novas altas não seriam necessárias.

Esperamos que a Selic termine esse ciclo em 13,75%. Apesar das incertezas no cenário fiscal para 2023, a redução da atividade, resultado da significativa elevação da Selic, deve exercer maior impacto no processo de desinflação, que contará também com o cenário externo de normalização da oferta e demanda global também em queda. Alongar o horizonte de política monetária é importante para evitar altas excessivas que podem impactar ainda mais negativamente a atividade e o emprego.


Compartilhe essa notícia

Receba nossas análises por e-mail