Macroeconomia


Análise | Copom

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Rafaela Vitória

Publicado 07/dez5 min de leitura

Na última reunião do ano o Copom mantém a Selic em 13,75%

O Copom manteve a taxa Selic em 13,75%, em linha com o consenso de mercado. No comunicado, o Copom também manteve a sinalização de que o os juros seguirão elevados e em patamar bastante restritivo por um período prolongado. A avaliação dos riscos para a inflação permanece a mesma, com o desaquecimento da economia global e impacto baixista nos preços das commodities por um lado, e as potenciais mudanças na política fiscal por outro, podendo retardar a convergência da inflação para a meta.

Mesmo com a Selic em patamar ainda mais restritivo, devido à queda da inflação corrente, o BC alterou para cima sua projeção de inflação de 5,8% para 6% em 2022 e de 4,8% para 5% em 2023.

Ainda que os indicadores na margem já apontem para uma desaceleração da atividade, o crescimento maior que o esperado, devido às últimas revisões do PIB, e o mercado de trabalho mais aquecido, com a taxa de desemprego em 8,3%, apontam para um hiato do produto mais estreito. A combinação da economia próxima do seu potencial com uma expansão fiscal de magnitude significativa, como está proposto na Pec da Transição, é preocupante para o cenário de convergência da inflação para a meta no horizonte relevante da política monetária.

Expectativa para os próximos passos

Alteramos nosso cenário base e agora esperamos que a Selic permaneça em 13,75% até o começo do segundo semestre de 2023. Apesar da taxa de juros real ex-ante estar bastante restritiva no cenário base que considera a inflação esperada de 5,1% em 12 meses, o impacto da expansão de gastos propostos na Pec ainda em tramitação pode resultar em inflação mais persistente e acima da meta por mais tempo, impedindo o início do afrouxamento monetário nos próximos meses. Além do impacto direto estimulando a demanda em um cenário de menor capacidade ociosa da economia, a ausência de uma proposta de novo arcabouço fiscal deixa mais incerteza no cenário e pode desancorar as expectativas de inflação no médio e longo prazo, como já observado na precificação dos títulos de juros no mercado. O BC deve seguir com cautela no atual cenário, e sua autonomia pode significar que a reposta para uma política fiscal mais expansionista implique em maior restrição monetária para contrabalancear.


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