Saldo de crédito melhora, mas concessões mantém tendência de desaceleração
O saldo de crédito no sistema financeiro aumentou em 0,8% em setembro, entretanto, perdeu força na comparação anual, saindo de 9,04% em agosto para 8% em setembro. Entre as pessoas jurídicas o saldo avançou 1,6% no mês e 4,35% na comparação com setembro de 2022. Entre as pessoas físicas, o saldo avançou 0,3% no mês e 10,5% na comparação anual, mantendo tendência de desaceleração nessa métrica.
Concessões de crédito somam R$545 bilhões em setembro. No dado dessazonalizado, a variação mensal foi de 2,3%. Na variação acumulada dos últimos 12 meses houve nova desaceleração, a 18a seguida, saindo de 6,6% em agosto para 5,35% em setembro. Entre as pessoas jurídicas, as concessões variaram 3,8% no mês e no acumulado dos últimos 12 meses apresentou nova desaceleração, de 2,37% em agosto para 1% em setembro. Já entre as pessoas físicas, as concessões avançaram 0,52% no mês no dado com ajuste sazonal. Entretanto, no acumulado dos últimos 12 meses observou-se nova desaceleração, saindo de 10,3% em agosto para 9,1% em setembro, mantendo tendência observada nos últimos 18 meses.
Dentre as concessões, o destaque positivo foi o crédito consignado entre as pessoas físicas, que avançou 5,8% no mês. A alta foi amplamente influenciada pelo avanço de 27% no crédito consignado dos beneficiários do INSS. Entre as pessoas jurídicas destacamos o avanço de 10% no crédito com recursos do BNDES, que em setembro respondeu por 30% das novas concessões de recursos direcionados.
Financiamento imobiliário continua sofrendo em meio ao ambiente de altas taxas de juros. Houve variação marginal de 0,1%, interrompendo sequência negativa de três meses. Entretanto, no acumulado dos últimos 12 meses a situação ainda é muito delicada, com 11 meses consecutivos de variação negativa, e se intensificando. Em agosto o recuo havia sido de 14,1% nessa métrica, e em setembro a queda foi de 16,5%. Entretanto, o ciclo de queda da taxa de juros e a retomada do Programa Minha Casa Minha Vida podem gerar um alívio para o setor. De fato, vemos uma melhora nos financiamentos com taxas reguladas, que avançaram 0,8% no mês.
Inadimplência recua para 3,5%, recuando pelo segundo mês consecutivo. A queda no mês reflete a queda na inadimplência entre as pessoas físicas, que saiu de 4,1% para 4%, registrando o quarto mês consecutivo de recuo. Por outro lado, a inadimplência entre as pessoas jurídicas continua a avançara, alcançando 2,74% em setembro. Destacamos a continuidade da queda na inadimplência de cartão de crédito e veículos entre as PFs. O custo de crédito recuou na margem, de acordo com o ICC, assim como os spreads e os juros, ambos recuando 0,2 p.p. no mês. Apesar disso, hoje, tanto os juros quanto os spreads estão acima do nível observado em setembro de 2022.