Macroeconomia


Análise | Concessão de Crédito | Maio 2025

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André Valério

Publicado 27/jun2 min de leitura

Desaceleração no crédito

Os dados de crédito em maio apontam para uma desaceleração do setor, com concessões recuando de forma generalizada, apesar de influências pontuais como o consignado INSS. Nota-se desaceleração no saldo de crédito, que na variação anual alcançou o menor valor desde agosto de 2024. As concessões também perdem força, alcançando 9% de alta no acumulado dos últimos 12 meses, menor valor desde setembro.

Destacamos também o aumento na inadimplência entre as pessoas físicas, com a inadimplência do crédito livre alcançando 6,1%, maior valor desde julho de 2023, refletindo o aumento nos juros. Esperamos que essa tendência continue, com a inadimplência no crédito livre potencialmente atingindo o pico no último trimestre desse ano, seguindo a defasagem do impacto da Selic mais alta. Em maio, destacamos o aumento nas inadimplências de rotativo e cheque especial, respectivamente, sinais de menor renda disponível para as famílias.

O aperto monetário ainda não foi completamente sentido mas já surte impacto tanto na demanda de crédito, assim como na oferta e a tendência de desaceleração da concessão deve seguir, mesmo em meio ao crescimento do PIB no ano.

Concessões recuam em maio

As concessões de crédito recuaram 1,5% em maio frente a abril com dado ajustado sazonalmente, e somaram R$636,5 bilhões, acumulando alta de 9% acima da inflação nos últimos 12 meses, continuando a desaceleração iniciada em dezembro. Em 12 meses, o resultado das concessões refletiu o avanço de 14,8% e 12,5% nas concessões entre PJs, de crédito direcionado e livre, respectivamente. Entre as PFs, vimos recuo de 6,9% no direcionado e avanço de 7,6% no livre, ambos acumulados nos últimos 12 meses e corrigidos pela inflação.

No mês, o crédito livre recuou 0,7% na série com ajuste sazonal. Esse recuo reflete a queda de 1,4% nas concessões entre as PJs e de 3,3% entre as PFs, ambas ajustadas sazonalmente. Nos últimos 12 meses, as concessões de crédito livre para as PFs acumulam alta de 7,6%, enquanto as PJs acumulam alta de 13%, ambas corrigidas pela inflação.

Entre as PFs destacamos a queda de 34% na concessão de crédito consignado, puxado pela quase paralisação na concessão de consignado INSS, que recuou 55% no mês devido à mudança de política por parte do INSS, que bloqueou novas concessões, com liberação apenas por biometria. Na outra ponta, destacamos o avanço de 5% no crédito para veículos, entretanto, a tendência de desaceleração continua, com essa linha acumulando alta de 11,6% nos últimos 12 meses, ante alta de 14,2% em abril.

Entre as PJs destacamos a alta de 21% nos descontos de duplicatas, revertendo a queda de 17% observada em abril. Na outra ponta, destacamos o recuo de 3,4% nas concessões para capital de giro, segundo mês consecutivo de queda.

As concessões de crédito direcionado recuaram 12,9% em maio, refletindo recuos de 17,7% entre as PJs e de 8,2% entre as PFs, já com ajuste sazonal. Entre as PFs destacamos o recuo de 0,9% na concessão de financiamento imobiliário, com ajuste sazonal, mantendo tendência de desaceleração no acumulado em 12 meses, que alcança alta de 10,4%, já corrigido pela inflação, refletindo as dificuldades de funding do setor.

A inadimplência ficou estável em 3,5%, refletindo estabilidade na inadimplência do crédito direcionado e aumento no crédito livre, que alcança 4,9%, maior valor desde outubro de 2023. Entre as PFs destacamos o aumento de 1,7 ponto percentual e de 0,7 ponto percentual nas inadimplências de rotativo e cheque especial, respectivamente, sinais de menor renda disponível para as famílias.

A taxa de juros média aumentou 0,1 p.p. no mês, com as altas advindas principalmente dos segmentos de crédito livre, principalmente para as PJs, enquanto observou-se recuo nas taxas de juros praticadas para o crédito direcionado, com queda para as PJs e estabilidade para as PFs.


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