Macroeconomia


Análise | Concessão de Crédito | Jan.24

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André Valério

Publicado 08/mar

Saldo fica estável em janeiro, mas concessões avançam

O saldo de crédito ampliado ao setor não financeiro ficou estável em janeiro, recuando 0,1%, frente a dezembro. Para as empresas, o saldo recuou 2,1% no mês e acumula alta de 5,5% nos últimos 12 meses, também desacelerando frente a dezembro. Para as famílias, o saldo avançou 1% no mês e 13% no acumulado dos últimos 12 meses, abaixo dos 13,7% observados em dezembro.

Concessões de crédito somam R$532 bilhões em janeiro, mas seguem a tendência de desaceleração, apesar do início do ciclo de afrouxamento monetário já impactar as taxas. No dado dessazonalizado, a variação mensal foi de de 3,1%, terceiro mês consecutivo de alta. Entretanto, no acumulado em 12 meses a tendência de desaceleração continua acumulando alta de 4,6%, ritmo bastante baixo historicamente e não compatível com o crescimento esperado de 1,8% para a economia esse ano.

Entre as pessoas jurídicas, as concessões ficaram estáveis no mês, mas com ligeira melhora no acumulado dos últimos 12 meses, saindo de - 0,01% em dezembro para +0,01% em janeiro, encerrando uma sequência de 16 meses de desaceleração nessa métrica. Já entre as pessoas físicas, as concessões tiveram avanço de 6,1% com ajuste sazonal. Entretanto, no acumulado dos últimos 12 meses também se observou nova desaceleração, saindo de 8,7% em dezembro para 8,4% em janeiro.

Queda nas concessões tanto direcionada quanto livre. A queda na concessão de crédito direcionado ocorre a despeito dos esforços do governo federal em impulsioná-lo, seja via BNDES, seja via Caixa Econômica Federal. No acumulado em 12 meses, o crédito direcionado às PJs saiu de 17% em dezembro para 14,8% em janeiro, enquanto para as PFs saiu de 5,3% para 4,9%.

Dentre as concessões para pessoas físicas, destacamos a alta de 33% no crédito pessoal, refletindo alta de 40% no crédito consignado no mês. Convém lembrar que há uma forte sazonalidade no crédito pessoal em janeiro devido ao acúmulo de despesas extraordinárias no início do ano. Por outro lado, a concessão de cartão de crédito recuou 0,6% no mês, segundo mês consecutivo de queda. O recuo reflete a queda de 2,6% na concessão de crédito à vista, enquanto a concessão de crédito parcelado e rotativo avançou 8,6% e 8,1%, respectivamente. Entretanto, as categorias de crédito livre para pessoa física mantiveram tendência de desaceleração no acumulado em 12 meses, com a notável exceção sendo o crédito para aquisição de veículos, que avançou de 14 para 16% nesse métrica, mantendo tendência de aceleração pelo 7o mês consecutivo.

Financiamento imobiliário apresenta forte recuo em janeiro. No mês, as concessões recuaram 20% frente a dezembro, o que levou o acumulado em 12 meses a 1,1%, refletindo a queda nos juros, que alcançaram 9,3% em janeiro.

O destaque negativo fica para a alta na inadimplência, que alcançou 3,27%. A queda no mês reflete principalmente a alta na inadimplência entre as PJs de 2,5% para 2,6%, e um aumento marginal na inadimplência entre as PFs. Ainda assim, observa-se a continuidade da queda na inadimplência de cartão de crédito entre as PFs, que recuou de 7,41% em dezembro para 7,27% em dezembro.

Taxas de juros têm nova queda em janeiro. As taxas de juros médias continuam a refletir a queda da taxa básica, iniciada em agosto pelo Copom, que havia acumulado 250 bps até janeiro. Entretanto, para as PJs houve aumento de 1,2 p.p na taxa média de juros no mês, ainda assim, as taxas atuais são 2,5 p.p menores do que as de janeiro de 2023.

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