Mercado de crédito dá sinais de retomada em fevereiro
O saldo de crédito ampliado ao setor não financeiro avançou 1,2% em fevereiro, frente a janeiro, apresentando o primeiro avanço no acumulado em 12 meses desde abril de 2023, apesar de marginal.
Concessões de crédito somam R$501,6 bilhões em fevereiro, revertendo tendência de desaceleração. No dado dessazonalizado, as concessões recuaram 0,3%, entretanto, no acumulado em 12 meses, as concessões voltaram a acelerar, saindo de 4,5% em janeiro para 5,3% em fevereiro, indicando que o ponto baixo do atual ciclo pode ter sido alcançado em janeiro.
Entre as pessoas jurídicas, as concessões ficaram estáveis no mês, recuando 0,3% no mês, no dado com ajuste sazonal, mesmo recuo observado entre as pessoas físicas. Mas em ambos os casos, observou-se aceleração no acumulado em 12 meses, encerrando uma sequência de 17 meses de desaceleração nessa métrica. As PJs saíram de - 0,01% em janeiro para 1,25% em fevereiro, enquanto as PFs saíram de 8,4% em janeiro para 8,6% em fevereiro.
A melhora nas concessões foi generalizada. Observou-se melhora nas concessões de crédito livre e direcionado como um todo, entretanto, o crédito direcionado entre as PJs continuou desacelerando. No mês, o crédito direcionado entre as PJs recuou mais de 10%, refletindo principalmente as menores concessões em crédito imobiliário e rural e também do BNDES. Na concessão de crédito livre entre as PJs, destacamos a melhora na concessão de crédito para aquisição de veículos, capital de giro e duplicatas, que são sinais de reaceleração no acumulado em 12 meses.
Dentre as concessões para pessoas físicas, houve um recuo de 9,1% no mês. Entretanto, essa variação, sem ajuste sazonal, é influenciada pelo fato de fevereiro ser um mês mais curto. Com o ajuste sazonal, a queda foi de 1,7%. Entretanto, no acumulado em 12 meses observa-se reaceleração, saindo de 9% em janeiro para 9,10% em fevereiro. Destacamos a continuidade do crescimento na concessão no crédito para aquisição de automóveis que, no acumulado em 12 meses, acelera pelo 10o mês consecutivo. Além disso, observamos melhora na concessão do crédito pessoal, especialmente o não consignado, mas ainda é cedo para dizer que é o início de uma reaceleração mais consistente. Finalmente, a concessão de cartão de crédito mantém tendência de desaceleração no acumulado em 12 meses, refletindo o menor apetite à risco dos bancos em meio ao ciclo de aperto monetário.
Financiamento imobiliário apresenta forte avanço em fevereiro. No mês, as concessões avançaram 16% frente a janeiro, no dado sem ajuste sazonal, o que levou o acumulado em 12 meses a 2,8%, refletindo a queda nos juros, que alcançaram 8,9% em fevereiro.
Inadimplência fica estável em fevereiro, mantendo o nível de 3,26%. Observou-se uma variação apenas marginal entre as PFs e PJs, ambas recuando em 0,01 ponto percentual. Com isso, a inadimplência se encontra no mesmo nível de fevereiro de 2023, mas ainda distante da média pré-pandemia, portanto, devemos observar uma nova rodada de melhora na inadimplência à medida que a política monetária se torne menos restritiva.
Taxas de juros têm nova queda em fevereiro. As taxas de juros médias continuam a refletir a queda da taxa básica, iniciada em agosto pelo Copom, com queda generalizada entre todas as modalidades. Destacamos a queda de 0,73 p.p entre as PJs e de 0,87 p.p na taxa para crédito livre entre as PJs.