Crédito melhora em dezembro, mas mantém tendência de desaceleração
O saldo de crédito ampliado ao setor não financeiro aumentou em 2,1% em dezembro, frente a novembro. Entretanto, perdeu força no acumulado dos últimos 12 meses, desacelerando de 8,4% em novembro para 7,9% em dezembro. Entre as pessoas jurídicas, o saldo avançou 2,6% no mês e 6% no acumulado dos últimos 12 meses, também desacelerando frente a novembro. Entre as pessoas físicas, o saldo avançou 0,7% no mês e 13,7% no acumulado dos últimos 12 meses, menor que os 14,3% observados em novembro.
Concessões de crédito somam R$596,4 bilhões em dezembro, mas seguem a tendência de desaceleração, apesar do início do ciclo de afrouxamento monetário já começar a impactar as taxas. No dado dessazonalizado, a variação mensal foi positiva em 0,53%, segundo mês consecutivo de alta nessa métrica. Na variação acumulada dos últimos 12 meses houve nova desaceleração, a 21a seguida, saindo de 4,3% em novembro para 4,16% em dezembro. Entre as pessoas jurídicas, as concessões variaram 3,1% no mês e no acumulado dos últimos 12 meses apresentou nova desaceleração, de 0,16% em novembro para -0,03% em dezembro. Já entre as pessoas físicas, as concessões avançaram 0,3% no mês no dado com ajuste sazonal. Entretanto, no acumulado dos últimos 12 meses observou-se nova desaceleração, saindo de 9% em novembro para 8,7% em dezembro, mantendo tendência observada nos últimos 21 meses.
Dentre as concessões para pessoas físicas, destacamos as quedas em crédito pessoal e cartão de crédito. O primeiro recuou 11,5% no mês, refletindo quedas de 15,1% no crédito consignado e 6,1% no cheque especial. Já o cartão de crédito recuou 2,8% no mês, refletindo a queda de 12,6% no rotativo, que por sua vez tem observado um aumento considerável na inadimplência, o que leva os bancos a restringirem a oferta. Tal resultado mantém a tendência de desaceleração no acumulado em 12 meses dessas linhas de crédito, sendo o crédito para aquisição de veículos a notável exceção, com alta de 8,7% no mês e acumulando alta de 14,3% nos últimos 12 meses, mantendo tendência de aceleração pelo 6o mês consecutivo.
Financiamento imobiliário melhora em dezembro, mas cenário continua delicado. No mês, as concessões avançaram 7,7% frente a novembro, o que levou o acumulado em 12 meses a 1,4%, após treze meses em terreno negativo nessa métrica, refletindo a queda nos juros, que alcançaram 9,16% em dezembro, o menor valor desde fevereiro de 2022. Em 2023, os juros imobiliários recuaram 1,49 ponto percentual, caindo continuamente desde o início do ciclo de cortes da Selic pelo Copom, tendência que deve se manter ao longo de 2024.
Inadimplência recua para 3,27%. A queda no mês reflete a queda na inadimplência entre as pessoas físicas, que saiu de 3,79% para 3,67%, registrando o sétimo mês consecutivo de recuo. Destacamos a queda na inadimplência entre as pessoas jurídicas, que saiu de 2,86% em novembro para 2,67% em dezembro, interrompendo uma sequência de 11 meses de alta na inadimplência. Observa-se a continuidade da queda na inadimplência de cartão de crédito entre as PFs, que recuou de 7,55% em novembro para 7,46% em dezembro, tendo recuado 0,43 ponto percentual em 2023. Por outro lado, a inadimplência geral encerrou 2023 0,28 ponto percentual maior, refletindo a deterioração da inadimplência entre as PJs ao longo do ano.
Taxas de juros têm nova queda em dezembro. As taxas de juros médias também começam a refletir a queda da taxa básica, iniciada em agosto pelo Copom, que havia acumulado 200 bps até dezembro. A taxa média de crédito livre para a PJ, que chegou no pico em janeiro em 24,9%, cedeu para 21% em dezembro. Para a PF, a redução foi um pouco mais acentuada, de 59,9% no pico em maio, para 54,1% em dezembro.