Saldo de crédito melhora, mas concessões mantém tendência de desaceleração
O saldo de crédito no sistema financeiro aumentou em 2% em agosto. Na comparação anual, o saldo voltou a acelerar, saindo de alta de 7,4% em julho para 8,9% em agosto. Entre as pessoas jurídicas o saldo avançou 0,9% no mês e 5,1% na comparação anual, também acelerando nessa métrica, marginalmente. Por outro lado, entre as pessoas físicas o saldo avançou 1,26% no mês e 11,5% na comparação anual, mantendo tendência de desaceleração nessa métrica.
Concessões de crédito somam R$543 bilhões em agosto. No dado dessazonalizado, a variação mensal foi de 0,43%. Na comparação anual, houve nova desaceleração, com a concessão variando -0,31%. Essa desaceleração também se nota no acumulado dos últimos 12 meses, que saiu de 8,5% em julho para 6,5% em agosto. Entre as pessoas jurídicas, as concessões variaram 0,38% no mês e recuaram 5,32% na comparação anual. No acumulado de 12 meses houve nova desaceleração, acumulando alta de 2,2% em agosto ante alta de 4,9% em julho. Já entre as pessoas físicas, as concessões variaram 0,19% no mês e 3,76% na comparação com agosto de 2022. No acumulado de 12 meses a tendência é de desaceleração, acumulando alta de 10,1% em agosto ante alta de 11,6% em julho.
Dentre as concessões, o destaque positivo foi o crédito rural. Houve avanço de 124% no mês entre as pessoas jurídicas e de 29% entre as pessoas físicas. No acumulado em 12 meses, vemos as concessões entre as pessoas jurídicas encerrar um período de 6 meses de variação negativa, acumulando alta de 4,1% em agosto. Por outro lado, entre as pessoas físicas, mesmo com o bom resultado no mês, continuamos observando desaceleração no acumulado dos últimos 12 meses. Portanto, as perspectivas para o agronegócio em 2024 podem não ser tão positivas devido à menor disponibilidade de crédito.
Financiamento imobiliário continua sofrendo em meio ao ambiente de altas taxas de juros. Houve variação negativa pelo terceiro mês consecutivo. No acumulado dos últimos 12 meses a situação é ainda pior, com 10 meses consecutivos de variação negativa, e se intensificando. Em julho o recuo havia sido de 12,6% nessa métrica, e em agosto a queda foi de 14,1%. Entretanto, o ciclo de queda da taxa de juros e a retomada do Programa Minha Casa Minha Vida podem gerar um alívio para o setor.
Inadimplência fica estacionada em 3,6%, dando sinais de pico. Tanto a inadimplência do crédito livre quanto do crédito direcionado ficaram estacionadas, em 4,9% e 1,6%, respectivamente. Entre as PJs, houve aumento de 0,1 ponto percentual, enquanto entre as PFs houve recuo de 0,1 ponto percentual. Destacamos a continuidade da queda na inadimplência de cartão de crédito e veículos entre as PFs. Portanto, vemos a inadimplência mantendo-se inalterada, apesar de em patamar ainda bastante elevado, o que sugere que o pior já passou. Lembrando que agosto foi o primeiro mês de dados de crédito após o início do ciclo de cortes na taxa de juros pelo Copom, portanto, devemos observar uma melhora nesses indicadores nos próximos meses, à medida que o banco central dê continuidade ao ciclo de queda. O custo de crédito também manteve estabilidade, de acordo com o ICC. Por outro lado, os spreads mantiveram tendência de queda, diminuindo pelo terceiro mês consecutivo, alcançando 21,3 p.p. Entretanto, os spreads ainda estão 2,4 p.p acima do nível de agosto de 2022.