Os dados de crédito em abril seguem em tendência de desaceleração ainda que o saldo total tenha apresentado crescimento de 11,5% na comparação anual. A concessão de crédito para as famílias ficou estável no mês, com desaceleração mais forte no crédito pessoal e veicular. Para as empresas, o crescimento foi concentrado no crédito direcionado e em trade finance para PJs, reflexo dos impactos da super safra.

O destaque em abril foi a alta da inadimplência tanto para as PFs quanto para as PJs, mesmo com o crescimento da atividade, principalmente o forte desempenho do mercado de trabalho. Os efeitos defasados da política monetária são repassados para as taxas médias de juros que apresentaram nova alta para o mês de abril e também limitam a oferta de crédito no mercado.

O aperto monetário efetuado recentemente ainda não foi completamente sentido mas já surte impacto, tanto na demanda de crédito quanto também na oferta, e a tendência de desaceleração da concessão deve seguir, mesmo em meio ao crescimento do PIB no ano maior que o esperado inicialmente.

As concessões de crédito avançaram 2,5% em abril frente a março com dado ajustado sazonalmente, e somaram R$658 bilhões, acumulando alta de 9,21% acima da inflação nos últimos 12 meses, continuando a desaceleração iniciada em dezembro. Em 12 meses, o resultado das concessões refletiu o avanço de 1,83% nas concessões de crédito direcionado e de 12,66% entre as PJs, enquanto as concessões de crédito livre e entre as pessoas físicas avançaram 10,15% e 6,52%, respectivamente, valores já deflacionados e ajustados sazonalmente.

O avanço de 1,3% nas concessões de crédito livre refletem o recuo de 0,4% entre as PFs e o avanço de 5,1% entre as PJs, na série com ajuste sazonal. Nos últimos 12 meses, as concessões de crédito livre para as PFs acumulam alta de 8,24%, enquanto as PJs acumulam alta de 12,47%. Entre as PFs destacamos a desaceleração do crédito veicular, que apresentou queda mais significante na variação em 12 meses para abril, além do arrefecimento na concessão de crédito pessoal consignado que contraiu 7,0% no mês, enquanto o segmento não-consignado mantém ritmo de expansão apesar de sofrer mais acentuadamente com o aumento da inadimplência. Entre as PJs destacamos altas de 43,7% e 140% no mês para as linhas de ACC e financiamento às exportações respectivamente, reflexos da super safra que compensaram as contrações no capital de giro, cheque especial e cartão de crédito, com quedas respectivas de 21,0%, 5,4% e 12,2% para o mês de abril.

As concessões de crédito direcionado avançaram 16,42% em março, na série com ajuste sazonal, alcançando R$67 bilhões, com avanços de 49% e 3,1% entre as PJs e PFs, respectivamente, já com ajuste sazonal. Entre as PJs destacamos a expansão do capital de giro e do financiamento agroindustrial por parte do BNDES, além dos bons resultados em crédito rural, com avanços no mês de 105,1%, 20,8% e 20,6% respectivamente.

A inadimplência avançou após estabilidade dos últimos três meses, tanto no segmento livre quanto no direcionado. Entre as famílias, o  destaque foi  a alta da inadimplência em cartão de crédito, financiamento veicular e crédito pessoal não-consignado. Em termos gerais o aumento da inadimplência já constitui tendência desde as mínimas atingidas em dez/24, e percebe-se que altas estão difusas dentre diversas categorias.

A taxa de juros média aumentou 0,6 p.p. no mês, refletindo o aperto da política monetária, com as altas advindas principalmente dos segmentos de crédito livre, principalmente para as PJs, enquanto observou-se recuo nas taxas de juros praticadas para o crédito direcionado, com queda para as PJs e estabilidade para as PFs.