Dólar fecha em R$5,67 com inflação americana e novas preocupações fiscais no Brasil
O câmbio encerrou a última sexta-feira em R$5,67 representando uma alta de 0,19% na semana e de 0,14% no mês, com baixa acumulada de 7,9% neste ano.

A cotação do dólar foi predominantemente afetada pela pauta externa na primeira metade da semana, com reflexos do fim de semana impactando o juro das Treasuries de 10 anos, propiciando um dólar mais forte frente ao resto do mundo e por consequência um câmbio brasileiro mais depreciado. Todavia, este cenário foi rapidamente revertido com os dados da inflação americana na terça-feira, que vieram abaixo do esperado em meio ao aguardo do impacto das tarifas e podem sugerir indícios de uma demanda dos consumidores mais fraca do que anteriormente imaginado, propiciando queda nas Treasuries em função das expectativas de um Fed mais dovish, que por sua vez impactaram globalmente o dólar e impactando a divisa brasileira, que apreciou 1,2% no mesmo dia.

Contudo, o alívio se mostrou temporário na segunda metade da semana por conta dos fatores de risco doméstico, mais especificamente acerca do fiscal: houve uma reação distintamente volátil por parte do câmbio em reflexo ao pronunciamento do governo na quinta-feira sugerindo um novo pacote de gastos após as denúncias de desvio do INSS, que em si já colocaram pressão adicional no equilíbrio fiscal brasileiro, que estava ganhando compostura nos meses recentes após o stress noticiado pelos mercados de câmbio e DI em dezembro. Apesar da reação ter motivado um pronunciamento em tom moderado do Ministro da Fazenda no dia seguinte, o episódio reacendeu preocupações de que o controle das finanças públicas brasileiras segue tênue frente a uma trajetória crescente no endividamento, situação que torna a entrada de capital estrangeiro mais contenciosa apesar da oportunidade atrativa de carry trade no diferencial de juros EUA-Brasil.
