O dólar encerrou a última sexta-feira cotado a R$5,40, baixa de 0,61% na semana e de 2,54% no mês, em conjunto com queda de 12,19% no ano.

A flutuação da moeda americana perante a brasileira foi amena ao longo da última semana, influenciada em boa parte por fatores externos enquanto o noticiário doméstico foi mais benigno.

Destaca-se, contudo, a queda na cotação do dólar entre terça e quarta-feira que propiciou o câmbio mais atrativo para os brasileiros desde junho de 2024, motivada pelos dados amenos de inflação ao consumidor nos EUA que reforçam um provável corte de juros na próxima reunião do FOMC. Por outro lado, os dados de inflação ao produtor, divulgados dois dias depois e que vieram significativamente acima do previsto, indicaram que grande parte do repasse tarifário para o consumidor final ainda está por vir; logo, embora o corte de setembro seja provável, o Fed deve se tornar mais cauteloso para decidir a trajetória de juros para as próximas reuniões, com a possibilidade de que Powell aproveite o Simpósio de Jackson Hole – reunião anual de política monetária do banco central americano – para comunicar mais claramente as intenções de médio prazo do Fed.

Já no lado doméstico, a divulgação consecutiva de dados de atividade mais fracos do que o esperado indicam a chegada dos impactos da alta de juros efetuada pelo Banco Central na segunda metade do ano passado. Apesar da defasagem mais longa do que a usual para esse fenômeno, a leitura qualitativa dos dados indica que a desaceleração já ocorre em bases mais amplas do que anteriormente esperado e favorece um ciclo de cortes na Selic ainda neste ano, enfraquecendo a vantagem do carry trade e por consequência favorecendo um dólar mais alto na margem. Porém, como as flutuações cambiais de curto prazo tendem a ser motivadas por fatores de aversão ao risco no lado doméstico, o movimento do câmbio foi benigno nesse sentido.