Dólar fecha em R$5,87 com repercussões do “Liberation Day” no mercado global
O câmbio encerrou a última sexta-feira em R$5,87 representando uma alta de 0,51% na semana, com aumento de 3,34% em abril e baixa de 5,01% no acumulado do ano.

A semana foi marcada por volatilidade substancial no câmbio apesar de poucas notícias no campo doméstico, tendo sido motivadas quase inteiramente pelos anúncios de comércio internacional do governo americano em repercussão ao “Liberation Day”, que foi marcado pela intenção de implementar tarifas de no mínimo 10% em quase todos os países do mundo.
Em mais um evento de incerteza o presidente dos EUA postergou a pauta das tarifas por outros 90 dias. Entre declarações oficiais e reações de mercado, o consenso é que as tarifas foram postergadas novamente por conta dos movimentos notavelmente atípicos de ativos financeiros, com a bolsa americana ameaçando um circuit breaker duas vezes e sinais de estresse no mercado de títulos do Tesouro americano que foram causados por chamadas de margem acionadas contra investidores institucionais, no período mais volátil desde os meses mais incertos da Covid-19 conforme o VIX.

Por consequência, apesar do resultante enfraquecimento do DXY conforme investidores reduziram posições em ativos americanos dado o contexto das ameaças tarifárias, o âmbito de maior aversão ao risco gerou ganhos menores, ou até depreciação, no câmbio de países emergentes, enquanto as divisas de países desenvolvidos ex-US se beneficiou do momento atual.

Entretanto, a assimetria dessa conjuntura pode ser benéfica ao Brasil. Apesar de uma redução global do comércio constituir um perde-perde para os envolvidos, a hostilidade crescente na corrente comercial EUA-China deve beneficiar as exportações agropecuárias do Brasil, especialmente na soja, trazendo mais divisas para o Brasil. Porém, destacamos que a incerteza do momento atual pode fazer com que exportadores entesourem essas receitas em holdings do exterior, postergando a pressão negativa exercida pela repatriação de dólares no câmbio.