Balança comercial teve superávit de US$ 4,9 bilhões em maio
Resultado veio acima da expectativa do mercado de US$ 4,5 bilhões. Na comparação interanual, o saldo teve queda de 44,7%, refletindo principalmente a forte alta nos preços de bens importados. A média móvel trimestral, dessazonalizada e anualizada, alcançou US$ 67,3 bilhões, o que pode levar o Ministério da Economia a reduzir as projeções para o ano divulgadas no final do primeiro trimestre.
Exportações somaram US$ 29,6 bilhões em maio. Na comparação interanual, esse dado mostra crescimento de 8,0%, refletindo um aumento de 21,9% no índice de preços e uma queda de 7,9% no volume exportado.
No lado do volume exportado, o destaque veio da retração na agropecuária. Em particular, a quantidade de soja embarcada teve queda interanual de 32,2% em maio, e de 8,3% no acumulado do ano, ante uma redução de 12,1% na produção total. Vale notar, também, a queda no quantum exportado de 8,2% e 13,8% para minério de ferro e petróleo bruto, respectivamente.
Entre os países de destino, houve queda de 11,9% na média diária das exportações para a China. Embora essa queda reflita alguns fatores conjunturais, como a menor safra de soja e a normalização do preço do minério de ferro, a desaceleração da economia chinesa, com destaque para o mercado imobiliário, pode resultar em uma reversão estrutural para a demanda por commodities produzidas domesticamente. De forma oposta, houve aumento de 47,7% nas exportações para a União Europeia, principalmente de petróleo e alimentos, com a oferta brasileira substituindo parcialmente a produção do leste europeu.
Importações totalizaram US$ 24,7 bilhões em maio. O forte crescimento interanual de 33,5% é atribuído quase integralmente ao aumento dos preços. Vale destacar o impacto da forte elevação do petróleo, que levou o índice de preços de combustíveis importados a saltar quase 100% na comparação interanual.
A análise do volume importado, por sua vez, mostra desempenho mais modesto. Em particular, o quantum de importação de bens de capital recuou 0,7% em maio, reforçando o cenário de retração do investimento. Por sua vez, o volume de bens intermediários teve crescimento de 1,2% na comparação interanual, sugerindo que o desempenho da indústria pode mostrar resiliência ao longo dos próximos meses.
Quadro atual aponta para superávit menos expressivo no ano
No primeiro trimestre, o Ministério da Economia elevou sua projeção de superávit comercial em 2022 para US$ 111,6 bilhões. No entanto, o saldo acumulado entre janeiro e maio mostra leitura de apenas US$ 25,1 bilhões, e a extrapolação da tendência recente sugere um número inferior a US$ 70 bilhões para o ano. Essa possível frustração do superávit projetado pode estar associada a dois fatores. Primeiro, embora o patamar elevado das commodities beneficie o valor exportado, os preços de bens importados têm subido mais do que proporcionalmente, limitando o avanço do saldo comercial. Além disso, o desempenho da atividade doméstica tem surpreendido positivamente no início desse ano. Com isso, é possível esperar que a importação de bens de capital e intermediários possa ter desempenho relativamente melhor que o projetado, o que também contribuirá para um superávit comercial mais moderado no ano.