Macroeconomia


Análise | Balança Comercial | Jul/24

gustavo

Gustavo Menezes

Publicado 06/ago2 min de leitura

Balança comercial foi superavitária em US$ 7,6 bilhões em julho

A balança comercial foi superavitária em US$ 7,6 bilhões em julho, contrastando com as expectativas de mercado de US$ 7,8 bilhões. No acumulado dos últimos doze meses, o saldo comercial foi de US$ 95,7 bilhões, sendo US$ 344,4bilhões de exportações e US$ 248,7bilhões de importações. O resultado mensal ex-petróleo foi de US$ 5,2bilhões, também representando uma redução frente a julho de 2023.

Termos de troca

Os termos de troca oscilaram -2,2% em julho, revertendo a alta acumulada de 6,5% nos dois meses anteriores. A deterioração foi puxada pelos bens de capital, com queda de 10,3%, apesar da melhora de 5,8% nos bens de consumo. Os bens intermediários tiveram um balanço misto, com queda de 0,1%.

Exportações

As exportações cresceram 9,3% frente a julho de 2023, com destaque para o minério de ferro e a soja que tiveram variação dessazonalizada de 13,7% e 13,0% neste mês, respectivamente. Na outra ponta, houve uma deterioração significativa da exportação de óleos brutos, de 17,8%, motivada pelas paradas de produção para a manutenção de plataformas petrolíferas. Adicionalmente, todas as três commodities tiveram queda de preço no último mês, com -12% para a soja, -10% para o petróleo e -4% para o minério de ferro.

Importações

As importações cresceram 15,7% frente a julho de 2023, com destaque para o aumento contínuo das importações de fertilizantes (10,3% no mês e outro aumento de 29,9% em junho) e uma reversão da queda de importação de motores (+11,0% no mês, contra -19,4% em junho). Num destaque negativo, percebemos uma redução substancial na importação de automóveis, de 71,9% contra o mês passado, sugerindo uma pausa nas leituras anteriores que indicavam uma forte demanda brasileira por carros elétricos chineses. Houve também queda de 9,8% na importação de óleo bruto, mas que não superou a queda das exportações no mesmo período.

Estresse das cadeias de oferta

O aumento pronunciado do estresse das cadeias de oferta retrocedeu modestamente. O indicador do Fed de NY atingiu o maior valor em nove meses na sua última publicação, com a situação geral mais precária desde o início de 2023. No entanto, dados recentes de frete local indicam que já houve encerramento da tendência desde então, apesar do custo de frete ainda estar 27% maior do que o registrado no início de agosto de 2023.

Perspectiva para o próximo mês

Esperamos um enfraquecimento do saldo comercial para agosto. Isso é motivado pela queda acentuada dos preços de soja, petróleo e açúcar ao longo do último mês em conjunto com a relativa estabilidade do preço dos fertilizantes, constituindo uma piora nos termos de troca que deve ser refletida ainda na próxima divulgação da Secex. Adicionalmente, as paradas de produção para a manutenção de plataformas de petróleo reduziram bruscamente o volume embarcado para o exterior, numa variação mensal de -15%, e os dados recentes de PMI chinês e americano indicam um enfraquecimento da demanda externa dos principais parceiros comerciais do Brasil. Domesticamente, a forte atividade industrial manifestada pelo resultado da PIM-IBGE indica um FBKF robusto, que deve aumentar a demanda por importação de máquinas e equipamentos.

Receba nossas análises por e-mail