Macroeconomia


Análise | Balança Comercial | Ago/24

gustavo

Gustavo Menezes

Publicado 05/set2 min de leitura

Balança comercial foi superavitária em US$ 4,8 bilhões em agosto

A balança comercial foi superavitária em US$ 4,8 bilhões em agosto, contrastando com as expectativas de mercado de US$ 6,1 bilhões. No acumulado dos últimos doze meses, o saldo comercial foi de US$ 90,6 bilhões, sendo US$ 342,1 bilhões de exportações e US$ 251,5 bilhões de importações. O resultado mensal ex-petróleo foi de US$ 1,9 bilhões, também representando uma redução frente a agosto de 2023, quando havia atingido R$ 7,2 bilhões.

Termos de troca

Os termos de troca oscilaram -1,2% em agosto, continuando a tendência de queda desde junho. A deterioração foi puxada pelo aumento dos preços de importação de bens intermediários, cujos termos de troca oscilaram -1,3% e compensaram a oscilação positiva para os bens de capital e consumo.

Exportações

As exportações reduziram 6,5% frente a agosto de 2023, com destaque para o milho, que teve forte queda de volume e preço contra o ano anterior, enquanto os volumes de soja e petróleo apresentaram mudança discreta. Na outra ponta, percebemos um aumento significativo nas exportações de aeronaves e combustíveis, enquanto houve destaque para a apreciação do café e da celulose. Em termos gerais, houve queda de preço na maioria dos minérios e bens agropecuários, enquanto a alteração de volumes exportados ficou difusa.

Importações

As importações cresceram 13,0% frente a agosto de 2023, com destaque para o aumento de 150% no volume de gás natural importado, além de 50% para o carvão. Motivadas pela atividade agroindustrial robusta, houve aumento no volume importado em todos os principais insumos para a agropecuária e indústria de transformação, enquanto as variações de preço foram difusas, com inseticidas apresentando queda de 35% e maquinário elétrico apresentando alta de 35%. Veículos deixaram de ser uma pressão tão relevante nas importações, mas o volume continua robusto.

Estresse das cadeias de oferta

O cenário de melhora das cadeias de oferta continuou neste mês para o Brasil, enquanto internacionalmente observamos uma normalização das condições excessivamente acomodativas, conforme o indicador do Fed de NY. Domesticamente, a logística interna tem apresentado maior fluidez conforme cotações de frete entre Mato Grosso e os dois principais portos do país, enquanto dados mais tempestivos para a outra ponta da logística (Santos até China) demonstram sinais mais fortes de redução na cotação de frete do que os observados no relatório anterior, estando atualmente no mesmo nível do início de setembro de 2023.

Perspectiva para o próximo mês

Esperamos uma continuação do enfraquecimento do saldo comercial para setembro. Apesar da surpresa negativa para este mês, ressaltamos que a redução no superávit ainda não incorporou completamente os efeitos de preço que temos visto recentemente.

Colocamos atenção particular no petróleo: soma-se a queda do preço do barril em agosto com volumes de exportações divulgadas que são inconsistentes com o arrefecimento do ritmo de produção e embarcações vistos pela ANP e Bloomberg, sugerindo uma queima de estoques que não deve ser duradoura apesar do fim da parada de manutenção das plataformas. Há também preocupações acerca dos efeitos das queimadas na produção de cana-de-açúcar e milho, que estão em época de safra.

Adicionalmente, foi confirmada a tendência de FBKF robusto conforme os resultados do PIB do 2T24, que sinaliza pressão adicional no volume de importações de insumos de transformação e agropecuários.

Receba nossas análises por e-mail