Setor de serviços foi o destaque em maio
Em maio, indústria e varejo tiveram pequenas altas, mas serviços se destacou com novo crescimento. Apesar das variações positivas dos 3 setores medidos pela pesquisa do IBGE, o IBC-Br do Banco Central, indicou variação negativa de -0,1% no mês. Mas na comparação anual, o crescimento em maio ficou em 3,74% e no acumulado do ano foi de 2,1%. O destaque no setor serviços segue com a demanda reprimida ainda vinda de restrições ao longo de dois anos de pandemia. No entanto, a normalização das cadeias de produção e a melhora robusta no mercado de trabalho, devem manter o crescimento da economia em patamar melhor que o esperado anteriormente e a desaceleração deve acontecer somente a partir do último trimestre do ano. A economia também segue sendo beneficiada pelo ciclo de commodities, e o consequente resultado fiscal melhor, que em parte tem sido revertido em redução de impostos e agora no segundo semestre em maiores transferências de renda com a aprovação da Pec dos benefícios.
Indústria cresce 0,3% em maio
Resultado ficou abaixo da expectativa do mercado, que apontava para 0,6%. Na comparação anual, houve crescimento 0,5% e, com a revisão positiva do resultado de abril a produção industrial finalmente zerou as perdas observadas nos primeiros meses do ano.
Na análise por grandes categorias econômicas, o resultado de maio foi praticamente o inverso dos últimos meses. A fabricação de bens de capital e de bens duráveis aumentou 7,4% e 3,0% respectivamente, principalmente devido à maior produção veículos e de máquinas e equipamentos.
Por outro lado, o crescimento da produção de bens de consumo (0,2%) e de bens semi e não duráveis (0,8%) desacelerou em relação ao mês de abril, em linha também com a menor procura da categoria pelo varejo. Na análise por atividade, as quedas mais relevantes vieram da indústria extrativa (-5,6%) e outros produtos químicos (-8,0%), reflexo do cenário de desaceleração da demanda externa, principalmente da China.
Varejo registra crescimento de 0,1%
Resultado ficou bem abaixo da expectativa de variação de 1,0% e reflete uma mudança na preferência do consumo por serviços. Em relação a maio de 2021, volume de vendas no varejo caiu 0,2%, interrompendo a sequência de resultados positivos n a comparação anual dos últimos meses. Em sua versão ampliada, o varejo cresceu 0,2%, também impactado pela queda na venda de veículos de 0,2% e de materiais de construção de 1,1%.
Em relação a abril, 6 das 8 atividades que compõem o índice apresentaram crescimento. Farmácia e cosméticos (3,6%) e vestuários e calçados (3,5%) - atividade mais correlacionada à mobilidade - foram os grupos que apresentaram maior influência positiva no mês. Vendas de supermercados tiveram ganho de 1,0%. A inflação de alimentos ainda impacto o setor, com destaque para o crescimento de receita que foi quatro vezes maior (4,1%) do que o volume.
Na ponta contrária, a venda de móveis e eletrodomésticos foi destaque negativo com variação de -3,0%. Na análise interanual, a categoria ainda sofre pela base de comparação forte e registra queda de 12,6%. Essa leitura contrasta com o resultado de serviços, e corrobora mudança das preferências por parte dos consumidores, fato acentuado pelo alta inflação desses produtos no período.
Volumes de serviços avança 0,9%
Resultado ficou muito acima das expectativas do mercado, que esperava alta de 0,2%. Em comparação ao mesmo mês do ano passado, o crescimento foi de 9,2% ante a expectativa de 8,5%. Dessa forma, o volume de serviços mensal está 8,4% superior ao período pré-pandemia e apenas 2,7% inferior ao pico da série registrado em novembro de 2014.
O crescimento mensal de serviços durante o último ano tem sido bem homogêneo entre as atividades. O índice de difusão, que mostra o percentual das atividades que apresentam crescimento em relação ao total, está em seu maior quartil desde abril de 2021. A recuperação de serviços, apesar de estar mais concentrada em atividades mais afetados pela mobilidade, é reflexo também de uma mudança estrutural atrelada à demanda fortemente aquecida pela melhora do mercado de trabalho e pelas políticas expansionistas adotadas durante esse período.
Serviços prestados às famílias continua sendo destaque positivo ao subir 1,9% em maio. O crescimento acelerado dessa categoria, que acumula quase 8% em 2022, é explicado, principalmente, pela performance de alojamento e alimentação e hotelaria Em seguida, transportes (+0,9%) é o segundo grupo que mais cresce no acumulado de 2022. No mês de maio, essa categoria foi fortemente impactada pela performance de transporte para cargas, especialmente o rodoviário, devido à maior demanda proveniente do comércio eletrônico e da agropecuária. Transporte aéreo (-6,4%) foi o item que apresentou a maior influência negativa no mês, no entanto, nos últimos doze meses essa atividade acumula crescimento de 73,1%.
Expectativas para julho
Em linha com o resultado do mercado de trabalho, que têm surpreendido positivamente nos últimos meses, as perspectivas para atividade nos próximos meses são positivas. É de se esperar que o impacto no comportamento dos consumidores proveniente das políticas públicas expansionistas como liberação de recursos extraordinários e redução de impostos recentemente adotadas ainda será relevante.
Indicadores antecedentes de junho corroboram cenário otimista para atividade no curto prazo. Os indicadores de confiança da FGV em junho foram bastante positivos, principalmente pelo lado da oferta. Na perspectiva do empresário, o índice de confiança de todos os setores apresentou crescimento, com destaque para o varejo (+4,6 p.) e indústria (1,5 p.). No lado da demanda, a confiança aumentou 3,5 pontos base, no entanto, índice ainda está em patamar deprimido (79), em consequência, da perda do poder de compra causada pela elevada inflação em itens como alimentos e transporte.
O PMI de junho ainda está em patamar significativamente expansionista tanto para indústria quanto para serviços. No caso dos serviços, esse indicador acelerou de 58,6 para 60,8, maior valor para série histórica. Para a indústria, o PMI ficou estável em 54,2, acima da média histórica de 53,3. Segundo as empresas participantes da pesquisa de ambos os setores, o aumento do preço do dólar em 11% no mês contribuiu para uma das maiores elevações no custo de produção já experimentadas. Entretanto, a resiliência da demanda, permitiu que as empresas repascessem os custos para os preços sem comprometer o crescimento do volume de vendas. Por fim, cabe destacar que essas empresas relataram estagnação da demanda externa, o que indica que é a demanda doméstica o principal motor por trás da aceleração desses setores.