Safras e Clima
O cenário de seca persiste no Norte e Centro-Oeste, mas deve apresentar melhora. Conforme dados da NOAA, o episódio mais forte do El Niño desde 2016 já se encerrou, o que deverá contribuir para um clima mais ameno e úmido para essas regiões em breve. Porém, a baixa pluviometria, particularmente em Goiás, tem gerado atrasos no período de semeadura da soja e milho, com potenciais riscos de descompasso na segunda safra.
Produção e Logística
O volume agrícola transportado mantém tendência de alta, particularmente para o açúcar e farelo de soja, que apresentam alta de 12,6% e 12,1% no A/A para agosto, respectivamente. O escoamento da produção na ponta doméstica foi facilitado recentemente, com queda de 8,5% e 8,7% nos fretes de Sorriso para Santos e Paranaguá, respectivamente. A alteração na ponta internacional, de Santos para China, foi discreta, com queda de 0,1%.
Preços
As condições climáticas recentes apoiaram a recuperação do açúcar, soja, café e milho, que apresentaram altas respectivas de 17%, 7,6%, 8,9% e 12,4% ao longo de setembro. Porém, com exceção do café, as demais commodities continuam em queda ao longo dos últimos doze meses, motivada por um arrefecimento da economia chinesa que tem reduzido a demanda por estes produtos. O algodão encerrou a tendência de queda e apresentou alta de 5,4% no mês, motivada por expectativas do impacto do furacão Helene se direcionando às regiões produtoras nos EUA.
Margens do produtor
Os custos ao produtor apresentaram queda de 0,8% no mês de agosto, resultado principalmente por quedas nos preços de maquinário agrícola e defensivos. Ao mesmo tempo, os dados mais recentes de preços ao produtor apresentam alta mensal de 2,7% difusa em todos os grupos, com destaque para as hortifrutícolas que apresentaram aumento de 13,4%.
Crédito
O apetite por crédito do agro tem arrefecido recentemente, tendência que deve se manter após a recuperação judicial da Agrogalaxy, em mais um exemplo do aumento do estresse de crédito vivenciado pelas empresas do setor como consequência da combinação entre as margens mais curtas após 2022 com a subida de juros promovida pelo Banco Central, haja vista que aproximadamente metade das emissões de CRAs tem utilizado o DI como indexador nos últimos dois anos. Adiciona-se a isso uma oferta menor de crédito no lado das LCAs, com a maior estringência para a concessão de isenção de IR desde fevereiro.