Receita decepciona, mas rentabilidade e lucro animam
A Via divulgou resultados mistos no trimestre, mas em trajetória evolutiva. Destacamos a retração do GMV 1P (estoque próprio) no canal online e da receita consolidada da companhia. Por outro lado, a volta do fluxo de clientes nas lojas físicas foi um alento no faturamento. Quanto a rentabilidade, a companhia soube manejar as comissões e superou as nossas expectativas. Acreditamos que a companhia fez uma série de alterações importantes nos últimos meses, mas que ainda não foram capazes de escalonar receita. A Via precisa demonstrar eficiência com mais intensidade nos próximos resultados, sobretudo no canal online, onde tem perdido penetração.
Seguimos com visão cautelosa para o ecommerce brasileiro. A dinâmica expansiva dos competidores estrangeiros (Alibaba, Shopee, Amazon) e Mercado Livre, juntamente das pressões inflacionárias, de crédito e taxa de juros deixam o ambiente mais competitivo. A guerra de vendas pode provocar uma canibalização maior de margens, pois ainda estamos longe de ver um vencedor. Por isso, apesar do upside, nossa recomendação é neutra, com preço alvo de R$ 4/ação.
A receita bruta consolidada totalizou R$ 8,9 bi (-3,7% a/a). Entre os canais, houve evolução na receita bruta de lojas físicas que totalizou R$ 5,4 bi (+13,4% a/a), efeito do maior fluxo de clientes. Entretanto a queda do canal online mais do que compensou esse efeito. Foram R$ 3,5 bi (-22% a/a). O GMV total caiu 3,5%, com destaque negativo para o 1P (estoque próprio), que retraiu 21,5% no a/a, atingindo R$ 3,7 bi.
Com relação a margem bruta foi registrado 31,4% (+0,6 p.p. a/a) decorrente de ganho em margem comercial e de serviços, além do crescimento das comissões do marketplace.
As despesas operacionais alcançaram R$ 1,7 bi (-14,4% a/a). No efeito diluição, as despesas totalizaram 23,2% (+2,3 p.p. a/a) da receita líquida, reflexo doaumento de produtividade dado os ajustes com pessoal. Com isso, o EBITDA ajustado seguiu a mesma linha, encerrando o trimestre com R$ 748 mm (+54,2% a/a). Já a margem do EBITDA ajustado atingiu 9,8% (+3,6 p.p. a/a e +1 p.p. vs nossas estimativas), em decorrência da otimização de dispêndios.
A Via gerou R$ 267 mm nas atividades operacionais do 2T22, com a melhora do ciclo financeiro. Houve importante geração de caixa operacional, de R$ 591 mm, revertendo consumo de R$ 663 mm no 2T21. O indicador de alavancagem financeira, medido pelo caixa líquido/EBITDA ajustado dos últimos 12 meses ficou em 0,3x deixando a companhia em situação confortável no momento.
Avanços em ESG
A Companhia evitou 37 toneladas de CO2 no trimestre, além da adesão ao Pacto Empresarial pela Integridade e Contra a Corrupção. A iniciativa reforça o compromisso com as práticas anticorrupção e atuação empresarial pautada pela ética, transparência e integridade.