Macroeconomia


Varejo | Dia dos Namorados

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Breno de Paula

Publicado 10/jun5 min de leitura

Analisamos as pesquisas realizadas com consumidores sobre a sexta data comemorativa que mais movimenta recursos no varejo brasileiro

Resumido ao essencial, notamos uma leitura mista para as expectativas de vendas. Se por um lado a melhora em relação à pandemia retoma a demanda em nichos que historicamente vendem bem nessa data, por outro, o atual cenário econômico desafiador exige maior controle dos gastos. A movimentação financeira esperada para o Dia dos Namorados deve ser parecida com a de 2019 e ligeiramente abaixo de 2021.

A maior inflação da “cesta dos namorados” em quase dez anos esfriou a expectativa de vendas para o período em que os casais resolvem se presentear. De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o faturamento previsto desse ano deve ser próximo a R$ 2,49 bilhões (-2,6% em relação ao mesmo período no ano passado, descontada a inflação).

Mesmo com a recuperação do emprego, que faz crescer a massa salarial em circulação e do alento causado pelo impulso dos programas de transferências de renda, a combinação de inflação, juros altos e crédito limitado causam insegurança ao consumidor nesse momento. Além disso, destacamos que o público alvo dessa data comemorativa é mais jovem, justamente a faixa com taxa de desocupação acima da média.

Sob outra perspectiva, o ticket médio deve crescer acima da inflação. Segundo estimativas da NielsenIQ, o valor médio gasto com os presentes deste ano deverá ser de R$ 481, contra R$ 276 em 2021 (+74% a/a). Se a projeção se confirmar, será o maior ticket médio já registrado desde 2001. Em 2019, o valor médio das lembranças foi de R$ 400.

As categorias que se destacam nessa data comemorativa não mudaram. Lideram as intenções de presentes os segmentos de vestuário, calçados, eletroeletrônicos e perfumaria. Além disso, o setor de serviços deve ser impulsionado pelo maior fluxo de pessoas em bares e restaurantes, onde é esperado faturamento, em média, 30% maior em relação a 2021.

Devido à ruptura na cadeia produtiva causada pela pandemia, o choque de oferta deve encarecer, em média, 10,7% a “cesta dos namorados”, que é composta pela variação dos preços de bens e serviços mais associados à data. Nos primeiros meses do ano, destacam-se as variações dos preços de pacotes turísticos, roupas masculinas e flores naturais.

Nossa visão

Seguimos com tom de cautela para o varejo. O impacto negativo da inflação, a menor disponibilidade de crédito e o aperto da política monetária devem desestimular o consumo nos próximos trimestres. A aversão ao risco frente a um cenário político e macroeconômico incertos afetam diretamente a confiança do consumidor e o investimentos das empresas. No entanto, acreditamos que o mercado já tem ancorado as expectativas na atual cotação das empresas. No curto prazo, nossa preferência dentro do setor segue com o varejo alimentar e o consumo discricionário de média/alta renda. Para médio/longo prazo, acreditamos que as empresas líderes de segmentos tem oportunidade de capturar market share dada a maior dificuldade dos concorrentes menores.


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