Em recuperação, porém com atenção à alavancagem
Em um trimestre ainda fraco, mas de recuperação, a Tenda reportou nos resultados do 1T22 números melhores que o esperado. Apesar do bottom line ainda negativo, a companhia alcançou no período uma margem bruta 3 p.p. acima das nossas estimativas e reverteu o desempenho negativo do trimestre anterior, em conjunto com uma velocidade de vendas que, ponderamos os desafios na elevação de preço, se mostrou mais resiliente que o esperado.
Além do menor peso das revisões orçamentárias, os ajustes feitos pelo PCVA para elevação do preço médio da unidade vendida também contribuíram para a inflexão observada. Apesar da reação demonstrada, entendemos que o caminho de retorno à rentabilidade ainda é longo e sinuoso. Por isso, reiteramos nossa posição neutra para os papéis de TEND3, com preço-alvo de R$ 13/ação para o final de 2022.
Indicadores operacionais. No primeiro trimestre do ano, a Tenda fez o lançamento de sete empreendimentos que totalizaram um VGV de R$ 467 mm (-44% t/t e -23% a/a). Apesar do valor 15% abaixo das nossas expectativas e forte queda anualizada, destacamos o ganho de preço médio das unidades lançadas, de R$ 176 mil (+19% t/t). Em vendas líquidas, a construtora alcançou no trimestre um VGV de R$ 597 mm (-23% t/t e -15% a/a), valor que superou em 17% nossas projeções. Como resultado, a companhia encerrou o 1T22 com VSO de 28% uma queda marginal de 4 p.p. que, diante do aumento de preço das unidades, esperávamos que fosse maior.
Desempenho Financeiro. Em recuperação ao fraco reconhecimento do trimestre anterior, a companhia reportou neste período uma receita líquida em linha com o projetado, de R$ 581 mm (-4% a/a). Diante do aumento do preço médio das unidades de R$ 1,3 mil no trimestre – algo que deve ser observado ao longo do ano, com destaque para o ganho de R$ 4,2 mil de abril – a Tenda conseguiu uma menor pressão que o esperado nos custos de construção mesmo com a nova revisão orçamentária realizada no trimestre. Com isso, a companhia totalizou no 1T22 um lucro bruto de R$ 105 mm (+22% R/E) com margem de 18% (+3 p.p. R/E).
Apesar da queda marginal, a construtora registrou uma eficiência abaixo do esperado nas despesas com vendas, enquanto as despesas G&A vieram nominalmente em linha. Por outro lado, a companhia teve uma reversão positiva na linha de equivalência patrimonial e menor pressão nas demais linhas de despesas, o que contribuiu para um EBITDA negativo menor que o inicialmente projetado, de R$ -13 mm.
Sem grandes surpresas nas despesas financeiras líquidas e encargos tributários, a Tenda encerrou o trimestre com um resultado líquido de R$ -67 mm, condizente à margem líquida negativa de -12%. Apesar dos números ainda negativos, a companhia demonstrou no período uma pressão menor que o esperado nos custos, bem como resiliência nas vendas mesmo diante da elevação do preço médio das unidades.
Fluxo de Caixa e Alavancagem. Por outro lado, a Tenda registrou no 1T22 um consumo substancial de caixa de R$ 233 mm, em decorrência da i) queda marginal no volume de repasses, com destaque das unidades que registraram andamento das obras; e ii) antecipação da compra de materiais de construção e aquisição de terrenos, que elevaram o volume estocado, o que trouxe a esperada elevação de alavancagem da companhia e mantém o sinal amarelo para os próximos trimestres.