Macroeconomia


Shoppings | Prévias 2T22

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Gustavo Caetano

Publicado 22/jul

Vendas nas alturas

Seguindo a recuperação do trimestre anterior, esperamos que o setor de shoppings apresente robustos resultados no 2T22. Apesar do período desafiador para o varejo em geral – inflação e juros elevados – entendemos que os shoppings devam se destacar devido aos bons fundamentos do setor, bem como pela captação do fluxo de pessoas via retomada dos serviços e entretenimento.

Com a pandemia confirmando os sinais de melhora, esperamos observar uma forte elevação nos principais indicadores operacionais das companhias, com destaque para maior eficiência dos aluguéis e vendas por m2. Apesar da boa perspectiva para todo o setor, entendemos que as companhias voltadas para público de alta renda devem apresentar uma maior rentabilidade.

Frente ao crescimento do ICVA e resultados das prévias divulgadas pelas empresas, acreditamos que as vendas do 2T22 venham acimado dos níveis observados no 2T19. Entendemos que esse movimento pode ser explicado por um bom resultado de vendas nos dias das mães/namorados concomitante à volta de uma demanda reprimida decorrente do lockdown.

Com grande maioria dos shoppings operando já sem descontos e retomada no fluxo de veículos, estimamos que as companhias devam apresentar um forte resultado na receita líquida, já superando o observado no período pré pandêmico. Apesar da variação negativa esperada na taxa de ocupação – impactada pelo o encerramento das atividades da Etna no Brasil – esperamos que o turnover com lojas satélites, que apresentam maior rentabilidade, compensem na geração de receita.

Em virtude da alta taxa de juro no período, esperamos que as administradoras tenham maior impacto negativo na linha das despesas financeira, apesar de não apresentarem um alto nível de alavancagem. Em conjunto de boas expectativa para a inadimplência, esperamos uma melhora na provisão de devedores duvidosos (PDD), impactando positivamente as margens do setor.

Sendo assim, esperamos que o setor de shoppings tenha desempenho relativo superior à média do varejo, o que nos dá uma perspectiva positiva para as companhias do setor no trimestre.

Multiplan: performance é o nome

Frente aos níveis do 2T19, a Multiplan reportou nas prévias do 2T22 um crescimento de 28,8% nas vendas totais, acumulando um resultado de $ 4.900 mm (+7,2% R/E). Na taxa de ocupação, a companhia apresentou uma evolução marginal de 0,3 p.p em relação ao 1T22 chegando a 95,1%, ficando 0,2 p.p maior do que o esperado.

Seguindo para as vendas em mesmas lojas (SSS), estimamos que a companhia entregue uma evolução de 45%, concomitante a uma alta nos aluguéis em mesmas lojas (SSR) acompanhando o IGP-DI, no valor de 48,7%. Nos custos de ocupação, entendemos que a Multiplan deva entregar maior eficiência nos custos condominiais, conseguindo reduzir o custo de ocupação para 14,6%, sem prejudicar a geração de receita.

Na receita líquida, esperamos que a companhia reporte uma evolução de 45% em comparação ao período pré-pandemia - R$ 458 mm (+6,2% t/t, +60,4% a/a) -, impactada positivamente pelo bom repasse de aluguéis e melhora relevante nos fluxos de estacionamentos, ficando em 95,3% do volume observado no 2T19.

Embora as estimativas das despesas gerais e administrativas estejam relativamente maiores em comparação trimestral, esperamos que a companhia otimize as despesas comerciais, chegando a um EBITDA estimado de R$ 344 mm (+8,5% t/t, +71% a/a), com margem de 75% (+1,6 p.p. t/t, +4,7 p.p. a/a). Diante da maior pressão nos resultados financeiros (9,7% t/t), projetamos um resultado líquido de R$ 182 mm (-5,7% t/t, +56% a/a). Com isso, a companhia deve entregar um FFO de R$ 238 mm (+0,9 p.p t/t, -6,3 p.p a/a) com margem de 53%.

*Ex-Linearização e remuneração baseada em ações Fonte: Inter Research e RI Companhia

Iguatemi: foco na qualidade

Na prévia operacional do 2T22, a Iguatemi divulgou números que demonstram forte evolução em relação ao período de 2019. Nesse sentido, destacamos as vendas totais reportadas pela companhia, cerca de 7% acima das nossas projeções, bem como um controle nos custos de ocupação.

Em relação ao desempenho dos lojistas, as vendas em mesmas lojas (SSS) apresentaram uma forte evolução de 31% em relação ao 2T21. Devido ao bom controle de custos condominiais e evolução nas vendas, a companhia reportou uma evolução nos aluguéis de mesmas lojas(SSR) de 56,2% em relação ao 2T19 (frente nossa expectativa de +30,7% no a/a), concomitante a uma redução de 2,3% na inadimplência.

Com boa evolução nos indicadores operacionais, esperamos que a Iguatemi entregue uma receita liquida de R$ 244 mm (+4% t/t, +45% a/a). Nas linhas de custos e despesas, projetamos que a companhia reporte resultados saudáveis, o suficiente para a geração de um EBITDA de R$ 166 mm (+9% t/t, +53% a/a) e uma evolução na margem de 2,7 p.p. em relação ao 1T22. Na parte de varejo da companhia, ainda estimamos um EBITDA negativo, porém com expectativas de melhora ao reportado no 1T22.

Diante da maior pressão no resultado financeiro, esperamos que a companhia entregue uma margem liquida em linha com o trimestre passado, com o resultado líquido no montante de R$ 43 mm (+6% t/t) e um FFO de R$ 82 mm (+3% t/t).

*Ex-Linearização e remuneração baseada em ações Fonte: Inter Research e RI Companhia

brMalls: em busca da rentabilidade

Diante de uma forte evolução nas vendas e um maior otimismo em relação a inadimplência, bem como uma melhora no mix dos lojistas, esperamos que a brMalls entregue uma evolução em rentabilidade no 2T22.

Seguindo a melhora do setor, estimamos um volume de vendas totais de R$ 4.747 mm (+7% t/t e +36% a/a), apesar da menor quantidade de ABL em comparação ao 2T21, com uma evolução no indicador de vendas em mesmas lojas (SSS) de 45%. Nos aluguéis em mesmas lojas (SSR), projetamos uma evolução de 47%, simultâneo a uma taxa de ocupação de 97,4% e inadimplência controlada.

Com isso, calculamos que a companhia entregue uma receita líquida de R$ 371 mm (+8% t/t, +42% a/a). Nas despesas com vendas, projetamos um montante de apenas R$ 9 mm (-46,6% t/t, -82,3% a/a) devido às reversões esperadas no PDD, concomitante a uma evolução nas despesas gerais e administrativas, acumulando um volume total de R$ 56 mm(+57% t/t, +40% a/a) em SG&A, impactada diretamente pela continuidade na estratégia de novos projetos e investimentos em pessoal. Com isso, a companhia deve alcançar no trimestre um EBITDA de R$ 264 mm (+6% t/t, +90% a/a).

Após a amortização da dívida no 1T22, acreditamos que o a companhia entregue um resultado financeiro negativo de R$ 106 mm (-7,8% t/t, +62,5% a/a), gerando em um resultado líquido de R$ 104 mm (35,7% t/t, +55,5% a/a).

*Ex-Linearização, PPI e imposto diferido Fonte: Inter Research e RI Companhia

Aliansce Sonae: líder em ocupação

No resultado do 2T22, esperamos que a a Aliansce Sonae apresente um forte resultado nas vendas totais, bem como uma otimização de vendas por m2 em relação ao 2T22. Por outro lado, entendemos que a companhia ainda deva apresentar um desempenho abaixo dos seus peers em termos de rentabilidade por m2 locado.

No trimestre, projetemos à companhia uma evolução nas vendas em mesmas lojas (SSS) de 40%, chegando a um total de vendas no valor de R$ 3.932 mm (+13% t/t, +40% a/a) com um bom repasse nos aluguéis em mesmas lojas de 51,6%. Apesar do forte repasse nos aluguéis, esperamos que o cus- to de ocupação se mantenha controlado devido a evolução marginal nas vendas por m2.

Como consequência de um bom resultado nas vendas, projetamos à Aliansce Sonae uma receita liquida de R$ 273 mm (7% t/t, 46% a/a). Em meio a um leve aumento nos custos diretos dos shoppings - causado pela queda na ocupação -, e despesas G&A controladas, estimamos um EBITDA de R$ 193 mm (+5% t/t, +52% a/a) para a companhia, com margem de 71%.

Devido à nova emissão de dívida da empresa, esperamos um maior impacto nas despesas financeiras. Sendo assim, estimamos um lucro líquido de R$ 70 mm (+14% t/t, +73% a/a) no trimestre, bem como um FFO estimado de R$ 114 mm (+6% t/t, +35% a/a), com margem de 42%.

*Ex- Remuneração Baseada em Ações, Resultados não-recorrentes e Linearização Fonte: Inter Research e RI Companhia

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