Macroeconomia


Santander | Resultado 1T22

matheus1

Matheus Amaral

Publicado 26/abr3 min de leitura

Deterioração no crédito pressiona

O Santander (SANB11) reportou um resultado em linha com a nossa expectativa, com um lucro líquido de R$ 4,0 bi (-1,1% R/E e +3,2% t/t) e ROAE de 20,7% (+0,2 p.p. R/E e +1,0 p.p. t/t). Contudo, o desempenho no trimestre foi negativo, com o lucro no período sendo influenciado por uma menor alíquota efetiva (efeitos positivos de JCP pagos), outras receitas/despesas e resultado não operacional com efeito de mais valia da CIP. Por outro lado, no operacional, a margem financeira retraiu 1,5% t/t, refletindo efeitos da sensibilidade negativa do banco à alta da taxa de juros, o que ocasionou uma redução de 95,5% na margem com o mercado do banco, que foi compensada pela evolução na margem com clientes de 29,6%, vindo de um maior spread no período. As despesas com provisões apresentaram aumento de 24,9% t/t acompanhando a deterioração do cenário macroeconômico e do aumento da inadimplência. No crédito, o banco mostrou retração de 1,6% t/t da carteira vindo de um menor apetite no período, diante do cenário de desaceleração atual e da deterioração da inadimplência, que já registra níveis próximos ao período pré-pandemia em 2,9% (3,1% 1T19) com atrasos avançando forte e registrando 4,2% no 1T22. Destacamos também a queda nas despesas gerais na comparação trimestral, refletindo esforços de eficiência do banco, que reduziu cerca de 10% das agências no período, resultando em um índice de eficiência de 36%, com melhora de 1,4 p.p. t/t.

Em nossa visão, o banco parece ter tirado o pé do acelerador no crédito, principalmente nos segmentos de consumo, de olho na inadimplência que já afeta a qualidade do crédito. Menores resultados na margem com tesouraria por conta da sensibilidade negativa do Santander à alta na curva de juros agora trazem protagonismo ao NII com clientes, que pode continuar sendo incrementado pelo aumento nos spreads. O recente resultado veio abaixo das nossas expectativas para o top-line, além de uma maior despesa com provisão e não fossem efeitos de ajustes de mais valia no CIP e redução em outras receitas/despesas operacionais, o bottom-line viria abaixo das nossas expectativas. Reiteramos nossa recomendação neutra para SANB11 e preço-alvo em R$ 41,00 (YE22).

NII sensível. A margem financeira bruta foi de R$ 13,9 bi (-1,5% t/t) e trouxe efeitos mistos. Positivamente impactada pelo NII com clientes, vindo de maiores volumes e spreads (11,3% a.a. 1T22 vs. 10,2% a.a. 4T21) acompanhando a elevação da taxa de juros. Em contrapartida, o banco praticamente zerou seu resultado no NII com o mercado, que registrou R$ 84 milhões, queda de 95,5% t/t, refletindo a sensibilidade negativa do banco ao aumento da curva de juros. Nesta linha, esperamos que o banco tenha mais protagonismo da margem com clientes para os próximos trimestres.

Provisões pioram acompanhando a deterioração na qualidade de crédito. O custo do risco registrou R$ 4,6 bi, com alta de 24,9% t/t, elevando o custo de crédito para de 3,5% no período, com aumento de 0,7 p.p. t/t acompanhando o crescimento da carteira no mix mais arriscado no varejo e a deterioração na qualidade de crédito, vindo de um cenário macro mais desafiador para o varejo. A inadimplência 90d total registrou 2,9% (+0,2 p.p. t/t), quase alcançando níveis pré-pandemia, com o segmento PF saindo de 3,6% no 4T21 para 4,0% no 1T22. Os atrasos (inad. 15 a 90 dias) estão um pouco mais elevados e já superaram níveis pré pandemia e registraram 4,2% no total (+0,7 p.p.), com o segmento PF saindo de 5% no 4T21 para 5,9% no 1T22.

Menor apetite ao crédito no trimestre, carteira retrai. A carteira total registrou R$ 455,2 bi, queda de 1,6% t/t, com efeitos negativos nos segmentos de financiamento ao consumo (veículos), que caiu 0,7% t/t vindo de medidas tomadas na produção de crédito do banco, em função do cenário desafiador no mercado auto e em pessoas jurídicas, que caiu 4,9% t/t dada a maior competição com o mercado de capitais. A carteira PF avançou apenas 1%, refletindo o aumento de 3,3% nas linhas de crédito pessoal, 1,1% em consignado e 1% no imobiliário, compensados pela redução em cartão de crédito de 0,9% com a sazonalidade típica do período.

Serviços retraem com sazonalidade. As receitas com prestação de serviços e tarifas foram de R$ 4,6 bi (-7,3% t/t e +5,7% a/a), impactada basicamente pela sazonalidade no período nas linhas de cartões e seguros que caíram 13,7% e 25,7%, respectivamente. Por outro lado, em conta corrente as receitas cresceram 5% com crescimento da transacionalidade via Pix, principalmente por PJs e maiores receitas com pacotes de tarifas.

Controle nas despesas garantem boa eficiência do banco e agências reduzem 10% no trimestre. As despesas totais registraram R$ 5,5 bi com queda de 1,5% t/t e aumento de 10,5% a/a (abaixo da inflação), sendo o desempenho trimestral reflexo da contenção de custos no banco com menores despesas administrativas. Ressaltamos também a redução em 10% do número de agências no banco na comparação trimestral, que saiu de 1.987 no 4T21 para 1.787 no 1T22. Contudo, o banco manteve crescimento no número de funcionários que registraram 49.090 no trimestre, acrescentando 256 novos funcionários. A partir do crescimento da receita e também de uma boa gestão nos custos, o banco mantém seu índice de eficiência entre os melhores do setor, e registrou 36% com queda de 1,4 p.p. t/t.

Receba nossas análises por e-mail