Macroeconomia


Santander | Ajuste de preço-alvo

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Matheus Amaral

Publicado 13/jan3 min de leitura

ROE acima de 20% ficou para depois

Estamos atualizando nosso preço-alvo do Santander para R$ 34 FY23 (anteriormente R$ 37). Após os resultados do 3T22, ajustamos nossas expectativas em relação a (i) NII mais fraco com redução dos spreads com mix de menor risco e resultado ainda negativo com tesouraria; (ii) inadimplência no varejo bancário afetando a qualidade de crédito do banco em pessoas físicas; (iii) custo do risco ainda pressionando o resultado e (iv) maior seletividade e consequente desaceleração na originação de crédito. Com isso esperamos uma menor lucratividade para o banco em 2023 e uma maior dificuldade de retornar ao nível de rentabilidade acima de 20% para os próximos anos.

NII refletindo novo mix e tesouraria ainda pode sentir pressão nos próximos trimestres. No resultado do 3T22, o Santander reportou uma queda na margem com clientes de 1,0% e um spread caindo 0,76 p.p. para 10,7% a.a. o que reflete sua seletividade na originação e um mix de carteira com produtos de maior qualidade de crédito, resultado em menor spread. Acreditamos que essa tendência deve continuar no banco e as novas safras devem refletir essa estratégia. Já na margem financeira com o mercado (tesouraria) o banco continuou reportando um resultado financeiro negativo, dado a sensibilidade do banco com a abertura da curva de juros. Neste ponto, a expectativa de arrefecimento da taxa no mercado deve aliviar o resultado no banco ao menos no 2S23 e devemos ainda ver resultados negativos nos próximos trimestres.

Inadimplência no varejo ainda pode pressionar custo do risco. O banco mostrou um avanço da inadimplência no segmento de pessoas físicas, que já atinge taxa de 4,3% acima da média de 2019, até agora não vemos sinais de uma redução da inadimplência, dado que esperamos que o pico ocorra por volta do 2T22. Com isso, ainda observamos uma pressão no custo do risco do banco para que se mantenha um nível de cobertura em torno de 200%. Apesar disso, o banco vem atuando proativamente na gestão de riscos o que é denotado pelo avanço da carteira de renegociação de 11,6% no último trimestre.

Eficiência mantendo-se uma das melhores do setor. Apesar dos desafios no crédito, o Santander tem mostrado um bom avanço nos dados operacionais, em função da sua agenda passada de M&As e da sua estratégia digital, o que proporcionou ao banco um crescimento de 14% a/a no número de clientes vinculados totalizando 8,6 milhões, 9% a/a em clientes digitais com 19,9 milhões no total e 6% em clientes ativos totais registrando 31,5 milhões. Por outro lado, os custos operacionais devem continuar pressionados pela inflação e pela estratégia de interiorização da rede em contrapartida de transformação de agências em unidades de negócios mais leves em termos de custos.

ROE pode permanecer por mais tempo abaixo dos 20%. Após incorporar as expectativas para os próximos resultados do banco, esperamos que a rentabilidade do Santander possa permanecer abaixo de 20%, principalmente por um nível de custo do risco maior e NII refletindo menores spreads, resultando em 2023 em um ROAE de 16% para 2023 e 17% para 2024.


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