Risco regulatório ainda representa ameaça
A Sanepar apresentou, nesta quinta-feira (04), resultados negativos para o 2T22. Apesar da manutenção de um bom volume de chuvas no período e o elevado plano de investimentos da companhia, expandindo sua rede, os volumes de água e esgoto ficaram aquém, mesmo com o fim do rodízio na região metropolitana. Soma-se ainda uma significativa elevação custos e um aumento de inadimplência no período, proporcionando uma forte pressão em seu resultado operacional e, por consequência, em suas margens.
Mantemos a nossa recomendação de Neutro para SAPR11, com preço-alvo de R$ 27/ação para o final de 2022. A recomendação reflete a nossa expectativa de desempenho dos resultados da companhia, que mesmo com certa pressão no 2T, deve apresentar melhora ao longo do ano, além do processo de revisão tarifaria, que foi demasiadamente alongado, levado a incertezas e riscos regulatórios quanto ao papel.
Base de ativos e volume dos reservatórios. A Sanepar reportou ao final de seu segundo trimestre, um total de 3,07 milhões de ligações de água, e 2,2 milhões de ligações de esgoto, representando variações de 2,1% e 2,6%, respectivamente, sendo ambas as expansões reflexo do robusto plano de investimentos da companhia, que no trimestre somou R$ 411 mm (+40,1% a/a). Em relação aos volumes, a companhia reportou um volume faturado de água em 123 milhões de m³, (-0,8 a/a). Já em esgoto, houve incremento de 1,9%, no volume faturado, somando 100,7 milhões de m³.
Com o prolongamento do período chuvoso também para grande parte do segundo trimestre, os reservatórios da companhia apresentaram significante recuperação, fazendo com que o nível médio atual do Sistema de Abastecimento Integrado de Curitiba (SAIC) esteja em torno de 91%. No trimestre passado, esse valor era de aproximadamente 55%. Ao nosso ver, este fator traz um viés mais otimista para o desenrolar das operações da Sanepar para os próximos meses, a depender de como o volume consumido se comportará.
Receita líquida evolui. A receita operacional líquida apresentada pela companhia no período foi de R$ 1,36 bi, + 6,7% na comparação anual. Este aumento se deve principalmente em relação a: (i) revisão tarifária de maio de 2021 e reajuste tarifário em maio de 2022, de 5,77% e 4,96%, respectivamente e; (ii) maior número de ligações.
Custos evoluem ainda mais. O total de custos e despesas operacionais reportado pela companhia ao final do 2T22 foi de R$ 1,0 bi (+29,6% a/a). Entre as principais variações, podemos citar: (i) R$ 321 mm (+15,4% a/a) em gastos com pessoal, em razão do reajuste salarial de 10,8%, além de R$ 30 mm em indenizações e provisionamentos; (ii) R$ 75 mm (+37,5% a/a) em materiais, principalmente em equipamentos de manutenção, materiais de limpeza e tratamento, com o aumento das ligações, além do efeito inflacionário e; (iii) R$ 58 mm em PCLD, (+127% a/a), devido a um aumento de inadimplência no período.
Resultados operacional e líquido. Com maior pressão de custos, o EBITDA reportado no período foi de R$ 443 mm, redução de 24% na comparação anual. Desta forma, a sua margem EBITDA também recuou em 13 p.p., em torno de 32,6%. Embora de forma agregada o resultado financeiro ficou em linha na comparação a/a, o lucro líquido foi de R$ 234 mm (-23,9% no a/a), refletindo a piora operacional. Excluindo efeitos monetários e de variação cambial, o lucro líquido ajustado da companhia foi de R$ 259 mm.
Endividamento e investimentos. A dívida bruta da Sanepar ao final do trimestre foi de R$ 4,8 bi, 20% superior em relação ao 2T21, enquanto o endividamento líquido somou R4 3,6 bi, com alta de +18% a/a, variações justificadas pelo aumento de suas captações de recursos de terceiros no 1T22, além dos ajustes monetários. Desta forma, o grau de endividamento da companhia atingiu um valor de 48,1%, seguido por um índice de alavancagem de 1,6x, quando no mesmo período de 2021 eram de 47,3% e 1,5x, respectivamente.