Macroeconomia


Sabesp | Resultado 2T22

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Rafael Winalda

Publicado 12/ago5 min de leitura

Por água abaixo

A Sabesp divulgou, nesta quinta-feira (11), os seus resultados referentes ao 2T22, que ao nosso ver decepcionaram um pouco em desempenho. A companhia apresentou aumento de 1,8% em seu volume faturado consolidado, com destaque para as categorias comercial e pública. Mas foi reportado também uma elevação em seus gastos com materiais, salários e elevada inadimplência no período, trazendo um aumento em seus custos totais, e extraindo custos de construção, houve um aumento de 20% a/a. Com uma deterioração de seu resultado financeiro, em razão do aumento de seu endividamento bruto e dos indexadores macroeconômicos no período, a companhia reportou um lucro líquido de R$ 422 mm (-45% a/a). Extraindo variações cambiais e monetárias, o lucro líquido ajustado foi de R$ 589 mm (+51% a/a), variação elevada em razão de uma maior incidência de IR sobre o lucro após o resultado financeiro.

Entretanto, as expectativas de longo prazo para o setor de saneamento e para a Sabesp seguem positivas. Sendo assim, mantemos a recomendação de compra para SBSP3, com preço-alvo em R$ 52/ação, visando o final de 2022.

Volume faturado. Ao final do trimestre, a Sabesp reportou um volume total faturado de água em 545 milhões de m³, aumento de 1,4% na comparação anual. Em relação ao volume de esgoto, essa variação foi de 2,2%, totalizando 474 milhões de m³, o que gera um aumento em seu volume faturado consolidado no período de 1,8%. Essas variações foram possibilitadas principalmente em razão das boas performances dos setores comercial e público, que no volume consolidado avançaram 17,3% e 38,9%, respectivamente, fruto da reabertura econômica, uma vez que no mesmo período do ano passado existiam restrições de circulação de pessoas.

Expansão de receita. A receita operacional líquida da companhia no período foi de R$ 5,3 bi, (+15% a/a). Excluindo receitas de construção, o saldo foi de R$ 4,1 bi, com variação de mesmo percentual. Este aumento se deve pelos seguintes fatores: (i) reajustes tarifários, sendo de 7,0% em maio/21 e 12,8% em maio/22; (ii) incremento do volume total faturado, principalmente em função do desempenho positivo nas categorias comercial e pública, conforme mencionado. Com a recuperação dos volumes hídricos e o reajuste tarifário realizado, para o segundo semestre esperamos que a receita continue crescendo, em linha com o desempenho histórico da companhia.

Desempenho operacional. Excluindo os efeitos de custos de construção, custos e despesas totais da Sabesp no período somaram R$ 3,2 bi, (+13% a/a). Dentre os demais, os custos que apresentaram maior variação foram os seguintes: (i) materiais (+40%), em razão de ajustes inflacionários sobre equipamentos de tratamento equipamentos e combustíveis; (ii) reajuste salarial médio de 12,9% em maio/22; (iii) PCLD (+75,5%), com maior inadimplência tendo sido registrada ao longo de 2022. Desta forma, a companhia apresentou um EBITDA ajustado de R$ 1,5 bi (+3,9%) e 21% abaixo do consenso de mercado, com aumento de 2,9 p.p. em sua margem, totalizando 31,6%.

Endividamento e Investimentos. O endividamento bruto apresentado pela Sabesp foi de R$ 17,7 bi, evolução de 7,5% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Excluindo a sua posição de caixa e investimentos de curto prazo, no valor de R$ 2,6 bi, o saldo de dívida líquida é de R$ 15,1 bi (+12% a/a). Do seu total de dívida, a Sabesp apresentou aproximadamente 85% em moeda nacional, e o restante em moeda estrangeira. Sendo assim, a dívida líquida/EBITDA da companhia ao final do trimestre foi de 2,32x, com covenant financeiro superior em 3,50x. No trimestre a companhia realizou R$ 1,2 bi em investimentos, sendo aproximadamente 47% em água e 53% em esgoto.

Resultado Financeiro e Lucro Líquido. Com o aumento de seu endividamento bruto através de suas últimas emissões de debêntures desde o 2T21, em conjunto com as altas de juros e inflação, e a desvalorização do real no período, a Sabesp apresentou um aumento de 66% em suas despesas financeiras, totalizando R$ 318 mm. Sendo assim, o resultado financeiro da companhia somou um montante negativo de R$ 324 mm versus R$ 249 mm no 2T21. O seu lucro líquido reportado foi de R$ 422 mm (-45,4% a/a). Extraindo efeitos cambiais e de variação monetária líquidos, calculamos um lucro líquido ajustado para o período de R$ 589 mm, (+51% a/a), decorrente do efeito de cobrança de IR após o resultado financeiro.


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