Macroeconomia


Resumo de Resultados 4T21

GAbi Joubert perfil 2

Gabriela Joubert

Publicado 06/abr15 min de leitura

Trimestre em linha com esperado

Após a temporada de balanços do 4T21, o que vimos foram resultados em linha com o esperado, sem grandes surpresas. No geral, os setores nos quais esperávamos desempenhos satisfatórios, como o de commodities, mostraram números ainda fortes, fechando um ano excelente para as companhias, mesmo com o já esperado maior impacto de custos nas margens. Aliás, as pressões inflacionárias tiveram forte efeito nos setores mais voltados à economia doméstica, como Varejo e Construção, assim como previsto. Os resultados das companhias mostraram mais um trimestre de margens deterioradas em razão da incapacidade de repasse de custos ao consumidor final, apesar da recuperação do top line. Destaque positivo ao setor de Utilities, também conforme projetado, ao mostrar que o pior da crise hídrica fica para trás e os resultados das companhias devem apresentar recuperação a partir de agora. Setor de Bancos e Seguradoras sentem o efeito positivo da elevação dos juros nos spreads, mas competitividade e sinistralidade voltando aos níveis normais pressionaram parte dos resultados globais.

No campo macroeconômico, o quarto trimestre do último ano trouxe um desempenho acima do esperado para o PIB, com crescimento de 0,5% em relação ao trimestre anterior. Contribuiu para isso a recuperação da agropecuária e a normalização da atividade no setor de serviços. Apesar do carrego estatístico mais forte para 2022, dados de frequência mensal apontam para uma atividade ainda fraca. A taxa de desemprego reverteu a tendência de melhora e voltou a crescer, o que deve limitar a recuperação da massa salarial nos próximos meses. Somado a isso, o crédito tem se tornado gradativamente mais caro, o que atua para frear a demanda do consumidor, como se atesta pela queda do dado de confiança mais recente.

Ao mesmo tempo, a inflação ao consumidor terminou 2021 em 10,6%. Com as novas pressões sobre alimentos e combustíveis, estimuladas adicionalmente pelo conflito no leste europeu, além da inércia maior que a esperada, revisamos nossas projeções de IPCA para 6,7% em 2022 e 3,6% em 2023. Em linha com as comunicações mais recentes do Banco Central, entendemos que a Selic de 12,75% no final do ano, que se traduz em um juro real ex-ante bem acima do neutro, deve ser suficiente para conter a inflação no horizonte relevante.

No cenário externo, houve alguma deterioração do balanço de pagamentos no último trimestre de 2021. Em particular, o déficit em transações correntes atingiu US$ 16,6 bilhões, ante um investimento direto líquido de apenas US$ 3,1 bilhões. Não obstante, dados preliminares de 2022 apontam para uma conjuntura externa confortável, com melhora dos termos de troca e fortes fluxos de capital estrangeiro, o que justifica a notável apreciação cambial recente. Esse movimento ainda é intensificado pela percepção de redução do risco fiscal, na medida em que o setor público registrou superávit de 0,75% do PIB. Projetamos superávit primário de 0,1% do PIB em 2022, e esperamos uma trajetória razoavelmente controlada para a dívida bruta no longo prazo, embora ainda em patamares elevados na comparação aos pares emergentes.

Por fim, o quadro internacional parece trazer alguns desafios para a economia brasileira. Em especial, a atividade na China segue influenciada pelos surtos de covid e pela retração no mercado imobiliário, enquanto o FED enfim iniciou o ciclo de alta de juros nos Estados Unidos e a guerra na Europa segue sem desfecho previsível, o que traz riscos para demanda externa e pode impactar diversos indicadores econômicos domésticos.

Bancos

Os resultados do 4T21 vieram corroborando nossas expectativas quanto à evolução do crédito e da manutenção da inadimplência, onde o segmento de varejo foi destaque, mas já mostrou uma mudança no mix com crescimento em linhas de maior risco como rotativo e cheque especial. Os bancos continuaram alinhando suas despesas de provisões em linha com a carteira. Ainda assim, o ano fechou com as instituições ainda apresentando altos índices de cobertura, o que traz conforto para um ano de 2022, onde a expectativa é de normalização da inadimplência. Em desempenho, o Santander e Bradesco performaram abaixo das nossas expectativas e do mercado. Por outro lado, o BB trouxe recorde no lucro anual e rentabilidade evoluindo beneficiado pelo bom controle das despesas, além de outros fatores como superávit na Previ e tesouraria compensando queda da margem com clientes. Já o Itaú foi o destaque entre os bancões, retomando ROAE de 20%, e apresentando um sólido resultado com forte avanço na margem financeira, recuperação em seguros e controle de despesas. (Matheus Amaral, especialista de Bancos e Serviços Financeiros)

Construção

Diante de uma conjuntura econômica ainda desafiadora, com Selic em alta e pressão persistente nos custos de construção, as construtoras reportaram no 4T21 resultados considerados mistos, com destaque para a habitual resiliência dos segmentos voltados ao PCVA e leve melhora em vendas no média-alta renda. No período, o grande destaque negativo ficou para a deterioração nos custos de construção registrada pela Tenda que, após revisões orçamentárias e paralisação de obras, viu seu reconhecimento de receita despencar em conjunto com uma margem bruta negativa. Por outro lado, companhias voltadas aos demais segmentos de renda – inclusive na última faixa PCVA e o imediatamente acima no SBPE – mantiveram margens positivas, em grande parte devido à boa precificação dos imóveis e planejamento orçamentário adequado. Apesar da desaceleração operacional observada, a Direcional entregou mais uma vez um P&L sólido no trimestre, com destaque para receita líquida de 18% acima das expectativas e margem bruta superior à sua média histórica, aos 36% (+ 2 p.p. R/E). (Gustavo Caetano, especialista em Construção e Shoppings)

Elétricas e Saneamento

Não apresentando efeitos imediatos da melhora atual do cenário hídrico, o quarto trimestre ainda trouxe resultados em média pressionados para o setor elétrico. As geradoras, por exemplo, ainda tiveram que lidar com (i) custos marginais de operação elevados, porém decrescentes, (ii) preço de curto prazo acima da média, e (iii) baixa geração hídrica, o que acabou impactando as margens de suas operações. A evolução de cenário proporcionada pelo período chuvoso acima da média no trimestre deve ser sentida somente a partir do 1T22. Deste segmento, o destaque negativo vai para Engie (EGIE3). Mesmo com expectativa positiva para o ano de 2022, a companhia apresentou resultados no 4T21 com redução de quantidade produzida e forte aumento de custos operacionais, trazendo resultado líquido abaixo de nossas expectativas. O trimestre apresentou uma quantidade de energia consumida inferior em seus primeiros meses, devido ao registro de temperaturas mais amenas, mas apresentando uma retomada no mês de dezembro, principalmente graças ao segmento industrial e a aceleração econômica. Sinalizando pouco impacto sobre a manutenção da bandeira de escassez hídrica, no segmento de distribuição, o destaque positivo do setor continua em Equatorial (EQTL3), que segue com acelerado ritmo de crescimento, tanto orgânico, quanto inorgânico, mantendo bom desempenho operacional e saúde financeira. Já no setor de saneamento, Sanepar segue apresentando crescimento saudável, com melhora em níveis operacionais, enquanto Sabesp (SBSP3) e Copasa (CSMG3) apresentaram enfraquecimento em sua gestão de custos. (Rafael Winalda, especialista de Utilities)

Frigoríficos

De modo geral, o 4T retratou o ponto final para o ano extraordinário apresentado pelas empresas do setor de frigoríficos, reportando mais uma vez resultados robustos, acima de nossas expectativas, em reflexo aos preços em seus maiores patamares históricos, assim como uma demanda aquecida no ano, estimulada pela volta das atividades globais e consumo chinês. Para o mercado interno, vimos ainda um cenário desafiador para as companhias, que optaram pela realocação das exportações em panorama de embargos chineses, assim como movimento de redução do volume vendido, em busca de desviar das adversidades do mercado doméstico, que expressa a perda do poder de compra da população, bem como oferta limitada e custosa. Por outro lado, para as operações nos Estados Unidos, o mercado continuou atrativo, com preços elevados, acompanhado de um forte consumo interno, que beneficiou positivamente os resultados da JBS e Marfrig. Além disso, mesmo com embargos chineses, a Minerva também reportou um excelente resultado no período, explicado pela boa gestão operacional, preços do mercado externo e importação americana. No entanto, conforme esperado, o avanço dos custos e despesas começaram a se manifestar nos resultados das companhias, principalmente para operações da América do Norte, que sofreram com alta de toda a sua esfera de custos, resultando em uma leve compreensão das margens, após ano recorde. Ademais, vimos também que as dificuldades da cadeia de suprimentos e cenário econômico contracionista penalizaram os resultados da BRF. (Gabriela Joubert, especialista de Frigoríficos)

Locadoras

O 4T21 foi o fechamento de um ano bem atípico para as locadoras. Com as montadoras incapazes de suprir toda a demanda, o preço do carro novo aumentou e o mix disponível para compra se tornou mais premium. No entanto, Movida e Localiza se mostraram capazes de repassar os custos, apresentando satisfatória rentabilidade em um período de escassez de veículos e aumento do custo de capital. A elevação das diárias médias cobradas e o maior patamar de preço dos seminovos contribuíram para números recordes de ambas as companhias. Entretanto, a variação do volume de diárias divergiu entre elas devido às diferenças nas estratégias adotadas. A Localiza optou por não mudar tanto seu mix de veículos, adiando assim a renovação da frota e aguardando a normalização da produção para realizar capex de expansão em veículos mais rentáveis. Como resultado, a frota cresceu apenas 4,2%, saindo de 278 mil carros para 290 mil. Se por um lado a frota mais velha aumentou os custos com manutenção, por outro diminuiu os de depreciação. Vale destacar que com essa estratégia, a companhia se desalavancou, fechando o ano com 1,9x dívida líquida/EBITDA (vs 4,0x do covenant). Dessa forma, liberando muito espaço no balanço para crescimento de frota em 2022. Já a Movida não tirou o pé do acelerador e saiu de 118 mil carros em 2020 para 187 mil em 2021. Com isso, a alavancagem da companhia ficou em 2,9x dívida líquida/EBITDA (vs 3,5x do covenant). Cabe ressaltar que da adição na frota, 25 mil veículos são provenientes da incorporação da CS Frotas, empresa de GTF que presta serviços para companhias públicas e de capital misto. Tal aquisição abriu uma nova e rentável avenida de crescimento para a companhia. A Movida também obteve sucesso em repassar os custos de uma frota de maior valor agregado e alcançou outro patamar de dimensão, acirrando a disputa no setor. (Diego Bellico, especialista de Locadoras)

Mineração

Após um ano de recordes, o 4T decepcionou um pouco, com as companhias trazendo resultados fracos em top line, refletindo um cenário de preços deteriorados por demanda mais fraca na China, em razão de menor produção siderúrgica, bem como volumes vendidos abaixo do esperado, em razão de problemas na cadeia produtiva com a sazonalidade de chuvas. Não suficiente, os custos de operação seguiram avançando, pressionados pela alta dos insumos no período. Frete também pesou, apesar de em menor nível quando comparado aos trimestres anteriores. Os descontos de sílica te de umidade também afetaram as receitas líquidas por produto, mas já observamos reversão para o próximo trimestre. O destaque positivo ficou por conta da Vale que, apesar dos desafios no trimestre, conseguiu reportar números acima das nossas expectativas, beneficiada pelo seu braço de Metais Básicos, bem como recuperação de volumes na operação de Ferrosos na comparação trimestral. (Gabriela Joubert, especialista de Siderurgia & Mineração)

Papel e Celulose

Esperávamos resultados estáveis para as empresas no setor de Papel e Celulose em razão dos desafios de demanda, em especial na China, grande mercado consumidor para o setor. No entanto, o que vimos foram receitas acima do esperado, refletindo retomada do consumo em todos os continentes, o que ajudou na implementação de preços, que deverão ser melhor observados ao longo do 1T22. Adicionalmente, as companhias, no geral, reportaram custos abaixo do esperado, mesmo sentindo a pressão de maiores preços de insumos, como químicos, fibras e combustíveis. Assim, as empresas reportaram números fortes, pavimentando o caminho para um 2022 ainda mais positivo. (Gabriela Joubert, especialista de Papel & Celulose)

Saúde

De forma geral, as empresas do setor de saúde performaram razoavelmente bem no 4T21, alinhados com nossas projeções. Notamos que o fluxo de pessoas em hospitais, clínicas e farmácias vem crescendo desde o segundo semestre de 2020, indo de acordo com o arrefecimento da pandemia e diminuição da demanda por produtos e serviços relacionados à COVID-19. Com isso, a receita se manteve em níveis elevados, seguindo a tendência do 9M21. Entretanto, assim como já esperávamos, os custos e despesas também tiveram um aumento expressivo em todos os segmentos, impactados pelo aumento do preço de insumos e de pessoal em toda a cadeia. Destacamos os resultados da Panvel (PNVL3) no trimestre. Com o alto fluxo de pessoas nas lojas físicas aliado à consistência do canal digital, a empresa mostrou um bom crescimento de margens. O market share total na região Sul chegou a 12,0% (+0,1 p.p. vs. 4T20), enquanto o market share digital na região Sul ficou em 35,4%. Outro ponto positivo foi a geração de caixa operacional, que alcançou R$ 72 mm no 4T21 (+270,2% a/a) e a geração de caixa livre deR$33mm(vs.-R$17,9 mm no 4T20), reflexo da melhor eficiência operacional da companhia, que mais do que compensou o volume de investimentos. Por fim, ressaltamos que o caixa líquido da companhia supera o endividamento bruto em R$ 73 mm, possibilitando menores gastos com despesas financeiras no atual cenário de juros altos no Brasil. (Breno de Paula, especialista de Varejo, Consumo e Saúde)

Seguradoras

Os resultados foram mistos, isso porque as seguradoras na Bolsa atuam em ramos diferentes com efeitos distintos dado o momento atual de retomada das atividades e controle da pandemia de covid-19. Primeiro, a PortoSeguro trouxe resultados abaixo do esperado, sentindo efeitos da alta sinistralidade no ramo de automóveis, impactada pela volta da mobilidade e alta nos preços dos veículos e peças, impactando os custos com sinistros. A Sulamérica ainda sentia efeitos da demanda reprimida e viu sua sinistralidade reportar níveis acima da média e mesmo com bom crescimento orgânico no número de beneficiários, os efeitos de reajustes negativos na carteira de planos individuais e ajustes no ticket médio também pressionaram o crescimento da receita. A BB Seguridade foi destaque positivo e apresentou o melhor resultado trimestral desde o IPO, vindo de um resultado positivo na Brasilprev e também de um melhor resultado operacional na Brasilseg, com a redução da sinistralidade no ramo de vida, refletindo os efeitos positivos da vacinação. A resseguradora IRB Brasil continuou trazendo prejuízo, apesar de abaixo da nossa expectativa. A companhia conseguiu reduzir em 42% as perdas frente ao mesmo trimestre do ano passado, mas os efeitos de contratos já descontinuados seguiram afetando a sinistralidade da empresa. Além disso, a mudança estratégica de focar mais no mercado nacional segue trazendo efeitos na receita com queda nos contratos no exterior. (Matheus Amaral, especialista de Bancos e Serviços Financeiros)

Shoppings

Com o avanço da vacinação e maior controle da pandemia, o setor de shoppings teve uma boa performance no 4T21. No período, o segmento reportou um bom número de vendas, que foi necessário para o repasse da inflação para os aluguéis dos lojistas sem estourar o custo de ocupação. A volta de eventos e cinemas gerou uma forte retomada no fluxo de pessoas e beneficiou o resultado das administradoras, em conjunto com o baixo nível de inadimplência e controle na taxa de vacância. Após apresentar uma melhora significativa nos indicadores operacionais, as companhias entregaram margens perto dos níveis pré-pandemia. No período, damos novo destaque para os números sólidos apresentados pela Multiplan, que reportou bom repasse de aluguéis sem perder sua eficiência nas margens, o que gerou um resultado operacional acima das nossas expectativas. (Gustavo Caetano, especialista em Construção e Shoppings).

Siderurgia

Sem exceção, todas as siderúrgicas reportaram custos acima do esperado no 4T, reflexo da forte alta de insumos observadas ao longo do ano, incluindo o próprio minério de ferro, mas também carvão e sucata. Assim, juntamente com um top line mais pressionado em razão da sazonalidade mais fraca de fim de ano, os resultados consolidados das companhias vieram mais fracos, e neste sentido, em linha com o esperado. Vimos desafios de repasse de preços, o que pode limitar o crescimento das receitas a partir de agora, uma vez que os preços das commodities e as pressões inflacionárias seguem em patamares elevados. Destaque para os resultados da Gerdau que, apesar de em linha, fecharam um ano forte, beneficiado pelas ON América do Norte, onde vimos margem EBITDA em 27%, patamar muito acima dos 5% observados no início do processo de reestruturação da operação. (Gabriela Joubert, especialista de Siderurgia & Mineração).

Tecnologia

A crescente necessidade por digitalização em um mundo se recuperando das consequências da pandemia de COVID-19, como também a expansão do acesso à cloudificação gerou um cenário favorável para as empresas Sinqia e Totvs. Mantendo a sequência de bons resultados, o setor de tecnologia aumentou a régua com os resultados do 4T21. Destacamos mais uma receita líquida recorde da Sinqia (SQIA3) de R$ 104,5 mm como também o aumento significativo do EBITDA Ajustado (+32,3% a/a). Acompanhamos de perto as consolidações das aquisições feitas ao longo do ano, o aprimoramento de margens e a incorporação das operações adquiridas que já impactam os resultados do 4T e devem continuar incrementando os próximos resultados. (Breno de Paula, especialista de Varejo, Consumo e Saúde)

Varejo e Consumo

O 4T21 foi um período complicado para o varejo, pois as pressões inflacionárias impactaram negativamente as empresas do setor. Vendo a corrosão de sua renda, o consumidor ficou mais cauteloso no período e escolheu melhor o que comprar. Concomitantemente, a trajetória ascendente da taxa de juros nos últimos meses diminuiu o apetite de crédito e elevou o custo de capital das Companhias, afetando negativamente as precificações. Mesmo com a retomada no fluxo de pessoas nos shoppings/ ruas e o período sazonal mais forte, vimos as Companhias apresentarem dificuldades nas vendas. Observamos também que as margens brutas e operacionais das Companhias, em geral, ainda estão abaixo dos níveis históricos. No ecommerce, alinhado com as nossas expectativas, houve uma retração do canal físico. Mesmo a reabertura total das lojas não foi suficiente para evitar um descasamento do aumento de despesas com SG&A e o faturamento. Já o crescimento no canal online foi decorrente de um maior mix de produtos através do aumento de parceiros (sellers). Ainda enxergamos uma ressaca da pandemia, quando as pessoas compraram muitos eletrônicos e linha branca (produtos de maior durabilidade e baixa recorrência). Para as empresas de alimentos, a alta inflação alimentar compensou nas receitas, além da volta de serviços (bares e restaurantes), que beneficiou principalmente as operações de Atacarejo. Os canais de varejo apresentaram dificuldades, seja em vendas ou em margens, evidenciando a busca da sociedade pelo formato atacadista. Por fim, o consumo discricionário, foi misto no trimestre, conforme havíamos antecipado. As classes A e B foram as menos afetadas na pandemia e podendo usufruir da vida social, laboral, lazer e esportiva, voltaram às compras. Nesse sentido, empresas voltadas para esses públicos performaram melhor, enquanto as Companhias focadas em classes mais baixas apresentaram dificuldades. O nosso destaque para o 4T21 fica novamente com Grupo SBF (SBFG3) - lembrando que a empresa também foi nosso destaque para o 3T21. O Grupo, representado pelas marcas Centauro e Fisia (Nike Brasil) como principais fontes de receita, entregou lucro de R$ 303,2 mi no 4T21. A recuperação das vendas e margens foi mais forte do que o consenso, evidenciando que as iniciativas da Fisia já começam a surtir efeitos. A empresa mudou de patamar com a integração das marcas e mostrou ser capaz de construir um ecossistema esportivo robusto. (Breno de Paula, especialista de Varejo, Consumo e Saúde).

Melhores e piores desempenhos do ano

   

Receba nossas análises por e-mail