Macroeconomia


Resumo de Resultados 2T22

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Gabriela Joubert

Publicado 19/ago9 min de leitura

Temporada melhor que as expectativas

Apesar do pessimismo que se integrou ao cenário no fim da temporada do 1T22 e que levou a fortes revisões para baixo nas projeções para o restante do ano, os resultados do segundo trimestre do ano mostraram um ritmo além do esperado de recuperação, mesmo com as dificuldades de custos ainda atuantes. No geral, as companhias conseguiram minimizar os efeitos de custos e inflação mais elevados, conforme demanda mostrava sinais de recuperação. As exportadoras, apesar de arrefecendo ante o ritmo recorde do ano anterior, ainda reportaram números fortes, ao mesmo tempo que companhias voltadas ao mercado interno sinalizam que o ritmo de recuperação deve se manter para o próximo semestre.

Inclusive na esfera macro, o segundo trimestre foi novamente um período de surpresas positivas na economia. Após o crescimento que surpreendeu as expectativas no começo do ano, os setores de serviços tiveram performance bastante positiva no último trimestre, ultrapassando o patamar pré-pandemia. A demanda reprimida e o uso da poupança acumulada anteriormente, devido às restrições, contribuíram para mais um crescimento do consumo, dessa vez, mais focado em serviços e um pouco menos em bens. Estimamos um crescimento do PIB de cerca de 3% na comparação a.a. e 0,9% no 2T22.

O trimestre também foi marcado pelo pico da inflação, que chegou a 12,2% em doze meses em abril, e resultou em revisões mais restritivas para política monetária. Os juros reais em alta acompanharam as preocupações tanto com a inflação como também com o potencial impacto de mudanças fiscais, com as propostas aprovadas em julho, incluindo a redução de impostos e aumento de benefícios, principalmente o Auxílio Brasil.

O setor externo também continuou contribuindo positivamente para o desempenho do segmento exportador e a balança comercial teve superávit robusto de US$34 bilhões no semestre, ainda que ligeiramente inferior ao mesmo período no ano passado. Mas as exportações tiveram forte crescimento de 16% no semestre, graças, principalmente, às favoráveis cotações das commodities, tanto agrícolas como energéticas.

O que esperar para a segunda etapa de 2022?

O cenário externo é desafiador com sinais de desaceleração da demanda global, principalmente da China, nosso principal parceiro comercial. A esperada queda na produção industrial global impactou a cotação das commodities, que caem em média 15% do pico em junho. Por um lado, essa é uma boa notícia para a inflação de bens, que já mostra desaceleração no começo do semestre, cenário que consolidou a expectativa de fim de ciclo de alta da Selic, agora em 13,75%. A redução dos impostos, também ajuda a desacelerar a inflação mais rapidamente e, juntamente com as medidas de transferência de renda, podem contribuir com uma melhora no consumo, beneficiado pela maior renda disponível das famílias. Aliás, a recuperação do mercado de trabalho e a forte queda da taxa de desemprego observada até junho deve significar a manutenção do nível de consumo, mesmo com os juros em patamar mais restritivo. O semestre deve ser de desaceleração do crescimento, mas a possibilidade de recessão é afastada no curto prazo, mesmo com condições financeiras mais restritivas, considerando o momento de crescimento mais forte que estamos vivendo.

Bancos

Os bancos reportaram lucros acima das expectativas, com toda a nossa cobertura surpreendendo as nossas estimativas e as do mercado. Por outro lado, podemos dividir ao meio a impressão dos balanços, com o Santander e o Bradesco desapontando na qualidade de crédito e o Itaú e o Banco do Brasil mostrarando maior qualidade em seus indicadores. Mesmo assim, vimos as instituições financeiras mostrarem boa evolução nos spreads, acompanhando a evolução da taxa de juros e o maior volume de crédito em linhas de maior risco x retorno como cartão de crédito e crédito pessoal. Por outro lado, os bancos ainda sentem a abertura da curva de juros em seus resultados com tesouraria e, desta vez, o Santander e o Bradesco continuaram performando mal com resultado negativo nestas linhas e o Itaú surpreendeu, mantendo níveis positivos, mesmo que fracos. Já o Banco do Brasil, como divulga seu resultado de maneira diferente que os pares, segue com forte desempenho em tesouraria, mas compensado pelo aumento do custo de captação na margem com clientes, mantendo baixa evolução dos spreads. Na qualidade de crédito, Santander e Bradesco mostram níveis em Pessoas Físicas já em linha com o pré-pandemia, indicando que pode haver uma deterioração maior, enquanto o Itaú e Banco do Brasil seguem mantendo uma evolução gradual e ainda em níveis abaixo do pré-pandemia. A cobertura da inadimplência segue convertendo para a média histórica e ainda indica que os níveis de despesas com PDD podem continuar evoluindo para fazer frente ao crescimento nas linhas de maior risco e ao ambiente macroeconômico. Por fim, vimos em todos os bancos de nossa cobertura boa evolução em serviços e seguros, com destaque para as receitas com emissão/adquirência em cartão de crédito, Seguros - e aqui destacamos um forte desempenho no Bradesco, administração de fundos e uma manutenção nas receitas com conta corrente. Destacamos o BB e o Itaú nesta temporada, o Itaú por manter um resultado mostrando solidez e qualidade assegurando um nível de 21% de ROAE e o BB por reportar recorde no lucro e pela primeira vez atingir ROAE de bancos privados a 21% também. Mas, ainda acreditamos que o BB se beneficia de consumo de cobertura já que tem ainda níveis elevados de provisionamentos e pode precisar elevar suas despesas com PDD para acompanhar o NPL formation. Ainda assim, o banco mostra qualidade nos resultados com controle das despesas e evolução nas receitas tanto com crédito como serviços. (Matheus Amaral, especialista de Bancos e Serviços Financeiros)

Construção.

Diante dos diversos desafios vivenciados pela construção, as companhias ligadas ao setor tiveram um desempenho neutro no 2T22. No trimestre, as construtoras surpreenderam no volume de lançamentos, o que revela a manutenção do seu apetite mesmo com o cenário de juros e inflação elevados. Apesar do volume abaixo de distratos, as vendas vieram mistas entre as companhias sob cobertura, com destaque negativo para aquelas que necessitaram de maior correção no preço dos imóveis e as que tiveram uma janela mais apertada de comercialização dentro do trimestre, o que trouxe efeitos distintos na VSO de cada incorporadora. Conforme esperado, as construtoras registraram pressão nos custos em decorrência dos dissídios e da alta dos insumos, apesar de Cyrela e Direcional terem se destacado pela estabilidade da margem bruta. Com baixa alavancagem e contribuição da carteira de recebíveis, as companhias do setor mantiveram baixa deterioração no resultado financeiro, o que contribuiu para um bottom line majoritariamente satisfatório. Com solidez nas vendas e alta resiliência nas margens, a Direcional superou novamente nossas expectativas e foi o destaque do setor no 2T22. (Gustavo Caetano, especialista em Construção e Shoppings)

Elétricas e Saneamento

As companhias elétricas apresentaram um desempenho neutro ao longo do segundo trimestre. Para o segmento de geração, como sustentado em nossa revisão de preços, devido a um cenário hídrico mais favorável, as empresas que atuam no segmento acabaram se beneficiando das melhores condições do setor, apresentando uma retomada da geração hídrica no período. Já em relação a geração eólica, com maior volume de chuvas no trimestre, foi registrada uma menor incidência de ventos, principalmente na região Nordeste, onde estão localizados os principais complexos eólicos do país, penalizando assim o desempenho operacional destas empresas, como Omega Energia e AES Brasil. Mesmo assim, os resultados individuais variaram de acordo com as estratégias de alocação de energia das companhias. No segmento de transmissão, o desempenho no geral foi bom, através da energização de novos empreendimentos e dos efeitos de revisão tarifária trazendo variações positivas na comparação anual. Nosso destaque vai para Alupar, que apresentou forte crescimento operacional por meio da expansão de seu portfólio. Por fim, no segmento de distribuição, o desempenho foi em linha com as nossas expectativas, com as companhias que apresentam operações mais maduras se beneficiando do crescimento de volumes distribuídos para os setores de comércio e serviços. (Rafael Winalda, especialista de Utilities)

Frigoríficos

No trimestre, o setor apresentou resultados robustos, mostrando mais uma vez a resiliência das companhias, assim como o cenário favorável para exportações na América do Sul. Nesse sentido, no mercado doméstico a sensibilidade da população diante dos preços se manteve protuberante, contudo, começamos a ver uma melhora nas margens das companhias que atuam na região. No caso da proteína bovina, o mix entre preços recordes, aumento do volume vendido e forte demanda da Ásia, ainda acompanhado de um arrefecimento do preço da arroba, proporcionaram resultados ilustres para o setor no trimestre, com destaque para Minerva e operações da América do Sul da Marfrig. Já, para carne de frango, o repasse de preços em processados efetuado pelas companhias do setor, somado a uma procura acentuada do mercado externo pelo produto, com preços atrativos, ocasionou resultados recordes para Seara, enquanto vimos uma recuperação da BRF. Por outro lado, apesar da demanda por proteína de aves continuar elevada, as margens da National Beef e JBS Beef North America já voltam para normalidade histórica, motivadas principalmente pelo receio de recessão da economia, avanço da inflação e postergação do barbecue season, que refletiu os efeitos da estiagem nas atividades do varejo. (Manuela Granja, especialista de Frigoríficos).

Papel e Celulose

Os resultados das empresas do setor surpreenderam positivamente ao trazerem avanços acima do esperado no segmento de celulose, beneficiados por preços realizados da commodity mais elevados no t/t, em virtude de um cenário de demanda ainda aquecida e oferta limitada por gargalos logísticos, greves, cenário de guerra e condições climáticas. O avanço do segmento de celulose compensou a acomodação que vimos no segmento de papel, com preços mais estabilizados e demanda desacelerando, especialmente pela normalização do ritmo de expedição de caixas de papel ondulado, bem como o avanço dos custos, que seguiram pesando no trimestre, em virtude de maiores gastos com combustível, químicos e madeira (este pela maior utilização de madeira de terceiros e maior raio médio). Com isso, damos destaque à Suzano e Klabin, que puderam apresentar um resultado acima das nossas expectativas e seguem com perspectivas positivas para o restante do ano em virtude do ainda benéfico cenário para a celulose, principalmente. (Gabriela Joubert, especialista de Papel & Celulose).

Saúde

As empresas do setor de saúde tiveram um bom desempenho operacional em 2021. Nota-se que o fluxo de pessoas em hospitais, laboratórios, clínicas e farmácias cresceu desde o segundo semestre de 2020, fruto da retomada dos procedimentos eletivos e demanda reprimida de exames que foram adiados devido à pandemia. Isso fez a receita atingir patamares elevados, entretanto, os custos e despesas também tiveram um aumento relevante em todos os segmentos, impactados pelo aumento do preço dos insumos, aluguéis e pessoal em toda a cadeia. Assim como esperávamos, essa tendência se estendeu para o 1T22 e se manteve no 2T22. Outro ponto que merece destaque é o maior gasto com despesas financeiras, que tem prejudicado a lucratividade e se tornado um problema, sobretudo para as empresas mais alavancadas. Como destaque do trimestre, escolhemos a Hypera. A companhia tem conseguido ganhar market share consistentemente nos últimos sete trimestres, refletindo os ganhos de sinergia dos portfólios adquiridos recentemente. Além disso, destacamos o aumento da relevância das vendas para o mercado institucional e os investimentos em P&D, que tem se mostrado bastante eficazes. (Breno de Paula, especialista de Varejo, Consumo e Saúde).

Seguradoras

Os resultados das seguradoras foram mistos, destacamos que o setor passa por um momento de forte desempenho comercial com a evolução dos prêmios emitidos refletindo reajustes na precificação das apólices em linha com a alta da inflação e do aumento dos riscos, principalmente nos setores automotivo e rural, que enfrentam maiores elevações de custos com sinistros. A BB Seguridade que atua com relevância no ramo de cobertura pessoal e previdência continua sendo o destaque do setor, apresentando lucro recorde novamente e resiliência em seu resultado, mesmo com desafio da sinistralidade no rural na Brasilseg e das captações líquidas e resultado financeiro volátil na Brasilprev. Por outro lado, a Porto, Sulamérica e IRB seguem sentindo efeitos negativos da sinistralidade em seus distintos setores. A Porto que vai bem no crescimento das receitas, ainda sente uma sinistralidade elevada no ramo auto, mas que indicou que pode melhorar nos próximos trimestres vindo do reajuste das apólices. A Sulamérica, do setor de saúde, teve seu resultado ainda pressionado pela elevação da sinistralidade impulsionada pelo aumento de procedimentos eletivos e ainda resquícios da Covid-19, agora com menores custos por conta de menor nível de internações e casos graves. Seu processo de incorporação com a Rede D’Or vai avançando entre os órgãos reguladores após aprovação da Susep, restando agora aprovações do Bacen, ANS e Cade. Por fim, o IRB Brasil reportou um prejuízo no 2T22, direcionado principalmente pela alta sinistralidade no ramo rural, que vem afetando todo o setor. A companhia que vem arrumando a casa e não contava com este momento atípico no segmento rual, viu sua situação de solvência abaixo do mínimo regulatório novamente e deve preparar uma solução até outubro à Susep, que pode vir de um aumento de capital de cerca de R$ 1,2 bilhão ou de outras alternativas como venda de imóveis ou cessão de riscos. (Matheus Amaral, especialista de Bancos e Serviços Financeiros)

Shoppings

Apesar do cenário inflacionário, a volta da mobilidade concomitante a demanda reprimida foram cruciais para a forte evolução nas vendas em mesmas lojas (SSS) que, por sua vez, totalizou um volume nas vendas totais acima das expectativas. Diante disso, as administradoras já conseguiram realizar, com quase totalidade, a retirada dos descontos além da redução do custo de ocupação e controle na inadimplência. Embora a evolução dos aluguéis em mesmas lojas (SSR) tenha sido abaixo das estimativas, o alto volume de vendas compensou para a geração de receita das companhias. Sendo assim, entendemos que as companhias do setor apresentaram bons resultado no 2T22, com destaque positivo para a Iguatemi, que reportou uma boa entrega operacional em conjunto de evolução nas margens. Por fim, vale ressaltar que o setor apresentou uma desaceleração nas vendas no mês de junho, sendo um ponto de atenção há ser observado para a tendência dos próximos meses. (Gustavo Caetano, especialista em Construção e Shoppings)

Siderurgia e Mineração

As companhias de siderurgia e mineração tiveram resultados mistos no 2T22, com mineração desapontando e siderurgia surpreendendo positivamente. Após um primeiro trimestre difícil em termos de produção na mineração em razão da forte sazonalidade de chuvas, no 2T vimos recuperação dos volumes produzidos e vendidos, porém aquém das expectativas. Os preços médios realizados de minério de ferro no trimestre também ficaram abaixo do esperado, prejudicando, assim, as receitas reportadas versus as expectativas. Na linha de custos, vimos novamente efeitos de insumos pesando, como combustíveis, e comprimindo margens. Com cenário mais incerto para a economia chinesa, importante mercado consumidor dos produtos das mineradoras, vemos um horizonte mais desafiador para as companhias, não só para preços, mas também para volumes de vendas. Já na Siderurgia, observamos grata surpresa com companhias conseguindo manter margens resilientes, mesmo com uma demanda mais acomodada, compensada pela implementação dos aumentos de preços anunciados ao longo do 1T22 (em especial no setor automotivo), que acabou amenizando o efeito de maiores custos no período, que seguem pressionados por elevados preços de commodities e inflação. No segundo semestre do ano, esperamos receitas mais comedidas, contudo, com expectativas de custos e inflação menores, devemos ver margens ainda em patamares confortáveis, no geral. (Gabriela Joubert, especialista de Siderurgia & Mineração)

Tecnologia

Tanto o resultado de Sinqia e de Totvs foram positivos, mas fomos surpreendidos pela força dos resultados da Sinqia. A incorporação das operações das empresas e suas carteiras de cliente trouxeram crescimentos orgânicos e inorgânicos expressivos à Sinqia que refletiram em mais uma receita líquida recorde de R$ 151,8 mm (+72,9% a/a e +11,4% R/E) e no crescimento de 98,3% a/a do seu EBITDA Ajustado (R$ 39,1 mm). A Totvs, por sua vez, apresentou resiliência nos resultados da linha de TechFin, com margem de contribuição de R$ 51,9 mm (+15,5% a/a e +34,9% t/t), além dos R$ 75,6 mm oriundos de Business Performance e R$ 839,1 mm da sua dimensão de Gestão, somando uma receita de R$ 1.008,5 mm (+32,1% a/a, +2,8% t/t e +0,4% R/E). Com os resultados do 2T22 e sinalizações do Banco Central de um possível fim do ciclo de alta da taxa de juros à vista, observamos atentamente a mudança no padrão de consumo de produtos e serviços por parte dos clientes das empresas do setor de tecnologia. (Matheus Amaral, especialista de Tecnologia)

Transporte

No segundo trimestre de 2022, as companhias de transporte apresentaram sólidos resultados operacionais, sustentados pela capacidade de repasse dos custos, eficiência operacional e aquecida demanda. Entretanto o serviço da dívida pesou nos balanços, haja vista a elevação da taxa básica de juros e a natureza asset heavy dos businesses de logística e locação de ativos. O segmento de Gestão e Terceirização de Frotas, tanto de veículos leves quanto de pesados, manteve sua persistente tendência de crescimento, apoiando-se na ainda alta subpenetração do modelo de negócios. Já no Rent-a-Car, o trimestre foi bem movimentado, com taxas de ocupação altas e elevado número de diárias, apesar da sazonalidade. As locadoras (Localiza, Movida e Vamos) e empresas de logística (JSL e Simpar) em nossa cobertura reafirmaram seu poder de precificação, obtiveram sucesso no repasse de custos e mantiveram satisfatória rentabilidade. Enquanto isso, a produção de veículos seguiu sua trajetória de retomada e, em julho, apresentou o maior volume desde novembro de 2020 (218.950 autoveículos produzidos segundo a ANFAVEA), quando a escassez de chips atingiu em cheio a indústria. Gargalos de oferta ainda permanecem, mas para os grandes players de logística e locação, entendemos que o pior já ficou para trás e cada vez menos o tema deve ser relevante para a expansão de suas frotas. Por fim, em linha ao que tínhamos adiantado em nossas prévias, o preço dos veículos usados começou a perder força e as margens dos segmentos de Seminovos já apontam para um início do processo de normalização. Para a desmobilização de carros esperamos que os níveis de lucratividade alcancem os patamares recorrente entre o final de 2022 e segundo semestre de 2023. Enquanto as lojas de seminovos de caminhões devem manter margens elevadas até 2025, em razão do ciclo mais longo do modelo de locação. (Diego Bellico, especialista de Transporte)

Varejo e Consumo

Os resultados do varejo no 2T22 vieram em linha com as nossas expectativas. Como vínhamos destacando desde o começo do ano, o cenário macroeconômico desafiador impacta a renda e confiança do consumidor. Nesse contexto, as empresas dos segmentos alimentares e consumo discricionário de alta renda são as mais resilientes. Novamente, o formato de atacarejo foi destaque, com a volta do setor de serviços e com o consumidor pessoa física procurando melhores preços. O Assaí é a nossa top pick. No segmento de moda, o inverno mais rigoroso foi favorável para as companhias, que foram agressivas na dinâmica de preços, elevando as receitas e rentabilidade. Nesse segmento destacamos a Renner, benchmark logístico e empresa com maior share no Brasil. Enfim, para o ecommerce os resultados foram mistos. Se por um lado, a receita foi bastante pressionada, por outro as margens e fluxo de caixa operacional foram positivos. Isso mostra que as empresas estão conseguindo normalizar os estoques e o pagamento aos fornecedores, que eram nossas grandes preocupações. A redução dos níveis de estoque acontecem pelo cenário mais regular de abastecimento das cadeias de produção. Para o segundo semestre, a chegada do 5G, Copa do Mundo e o Auxílio Brasil podem suavizar o contexto de desaceleração econômica. A chegada do 5G aumenta a demanda por troca de aparelhos, assim como a Copa do Mundo estimula os segmentos de moda e artigos esportivos. O Auxílio Brasil alivia um pouco o bolso do consumidor e também pode se traduzir em consumo não discricionário, já que as pessoas contempladas estão se privando há bastante tempo. Nossas preferências, além de Assaí e Lojas Renner, englobam também o Grupo SBF. A Copa do Mundo deve alavancar as vendas da empresa, sobretudo em camisas da seleção brasileira, produzidas e distribuídas pela Fisia, empresa que faz parte do grupo. (Breno de Paula, especialista de Varejo, Consumo e Saúde)

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