Macroeconomia


Rede D’Or | Resultado 1T22

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Breno de Paula

Publicado 13/mai3 min de leitura

Alta alavancagem pressiona margens no curto prazo

A Rede D’Or divulgou resultado negativo no 1T22, com bottom line bastante impactado pela integração dos hospitais adquiridos somado ao aumento expressivo das despesas financeiras. A empresa concluiu quatro aquisições no 1T22 (Hospital Aeroporto - BA, Hospital Santa Isabel - SP, Hospital Arthur Ramos - AL e Hospital Santa Marina - MS). Por crescimento orgânico, a empresa conta com mais de 40 projetos de novas unidades e expansões de unidades existentes, com 11 obras em curso. No trimestre, a taxa de ocupação média foi de 78,1% (vs. 79,5% no 1T21 e 76,5% no 4T21), 0,9 p.p. inferior a nossa estimativa de 79,0%. Acreditamos que, apesar do resultado pouco animador, a empresa ainda esteja muito bem posicionada para executar sua estratégia de crescimento, por isso reiteramos nossa recomendação de compra para RDOR3 com preço-alvo de R$ 64/ação.

A receita bruta atingiu R$5,98 bi (+12,7% vs. 1T21), o maior faturamento trimestral na história da companhia. O ticket médio, calculado a partir da receita e do número de pacientes/dia, ficou estável frente ao trimestre anterior, mas apresentou redução de 3,2% ante o 1T21, impactado pelo perfil dos tratamentos e integração das aquisições, que naturalmente reduzem o ticket. O segmento de Hospitais representou 91,6% da receita bruta no trimestre, somando R$5,47 bi (+11,8% a/a), já o segmento de Oncologia totalizou 8,4% da receita, atingindo R$ 503 mm (+23,9% a/a). Parte relevante das receitas da companhia são historicamente impactadas por: (i) reajustes de preços nos contratos firmados, principalmente, com operadoras de saúde; (ii) volume de pacientes; (iii) variedade e complexidade de serviços prestados e; (iv) evolução do número de leitos.

A Rede D’Or encerrou o trimestre com 11.012 leitos totais (+1.978 a/a e +394 t/t), dos quais 9.352 se encontram em operação (+1.161 a/a e +406 t/t). Os principais investimentos responsáveis pelo aumento de leitos totais no 1T22 foram as aquisições dos hospitais Santa Marina (MS), Arthur Ramos (AL), Santa Isabel (SP) e Aeroporto (BA). Vale destacar que os projetos recém concluídos: Hospital Maternidade São Luiz e expansão do Hospital São Luiz Osasco também contribuíram para a contagem de leitos totais, mas como entram em operação apenas no 2T22 não se contabilizam como leitos operacionais.

Os custos dos serviços prestados (CSP) totalizaram R$ 4,27 bi (+21,2% a/a), implicando em uma margem bruta de 20,4% (-4,8 p.p. a/a). O avanço dos custos foi explicado principalmente pelo impacto da consolidação dos M&As (especialmente na linha de pessoal), aumento no volume de pacientes/dia, maior volume de procedimentos cirúrgicos e pela expansão do segmento de Oncologia, que é intensivo em medicamentos. Já as despesas gerais e administrativas (G&A) atingiram R$ 212 mm (-2,6% a/a), enquanto as despesas comerciais totalizaram R$ 6 mm (-22,8% a/a). A companhia registrou um EBITDA de R$1,14 bi (+0,6% a/a), resultando em uma margem EBITDA de 21,2% (-2,8 p.p. a/a), explicados pela queda de ocupação de leitos e impactos das integrações nos custos e despesas já mencionados. O lucro líquido alcançou R$ 225 mm (-44,1% a/a), com margem líquida de 4,2% (vs. 8,5% no 1T21). A margem líquida do trimestre veio 3,4 p.p. abaixo de nossas expectativas, que apesar de considerarem uma maior pressão das despesas financeiras, estimavam menores impactos das integrações nos custos e despesas da companhia.

A Rede D’Or encerrou o ano com uma Dívida Bruta de R$ 25,1 bi (-0,5% a/a), com prazo médio de 5,7 anos e 75,9% denominada em Reais. A relação Dívida Líquida/EBITDA (LTM) ficou em 2,9x (ante 2,5x no 1T21). Ao considerarmos os arrendamentos como parte da dívida, chegamos em um múltiplo Dívida Líquida/EBITDA de 3,5x. Por fim, o fluxo de caixa operacional líquido totalizou -R$ 61 mm (vs. R$75 mm no 1T21), negativamente impactado pelo aumento expressivo do pagamento de juros. O fluxo de caixa livre foi de R$ 127 mm (ante -R$ 31 mm no 1T21).

No atual cenário de juros, o nível de endividamento da companhia deve continuar pressionando o resultado. Por outro lado, entendemos que a desalavancagem pode ser rápida, caso a Rede D’Or decida por desacelerar os M&As e utilizar a geração de caixa para o pagamento de dívidas. De qualquer forma, este contexto, aliado às pressões de margem, devem prejudicar a companhia no curto prazo.


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