Receita forte ofuscada por defasagem inflacionária
A Raia Drogasil divulgou resultados mistos e em linha com nossas expectativas no 1T22. O faturamento veio forte, refletindo a alta demanda por testes de Covid-19 no início do ano, mas prejudicado pelos impactos da inflação nos custos e despesas. Dado o IPCA (LTM) de 11,3%, muito acima do reajuste de medicamentos do ano passado de 7,5% (válido de abril/21 à março/22), a companhia tem apresentado dificuldade no repasse de preços de remédios. Em contrapartida, mês passado a CMED (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos) autorizou reajuste de 10,9% para 2022, que deve amenizar a pressão inflacionária a partir do 2T22. A estratégia de diversificação geográfica da sua rede de farmácias se mantém, com 82% das aberturas de lojas nos últimos 12 meses sendo fora do estado de São Paulo. Foram inauguradas 52 novas farmácias no 4T21 (40 aberturas líquidas), encerrando o período com 2.530 farmácias em operação, além de 4 unidades da 4Bio. Estamos atualizando nossas estimativas e considerando o cenário macroeconômico brasileiro, portanto nossa recomendação e preço-alvo estão em revisão.
A receita líquida reportada no 1T22 foi de R$ 6.563 mm (+16,8% a/a), em linha com nossas expectativas. No trimestre, foi reportado um crescimento a/a de 10,8% nas vendas em mesmas lojas (SSS) e 8,9% nas lojas maduras. ‘Medicamentos de Marca’ foram o destaque do trimestre (+19,4% vs. 1T21) ganhando 1,1 p.p. de participação no mix de vendas (vs. 1T21), enquanto ‘Genéricos’ cresceu 13,6%, com perda de 0,1 p.p. no mix. O segmento de ‘Perfumaria’ cresceu 14,3% e perdeu 0,4 p.p. no mix de vendas. Por fim, ‘OTC,’ ainda sendo impulsionado por produtos relacionados à pandemia, como máscaras, vitaminas, antigripais e testes de COVID-19, cresceu 13,4% e perdeu 0,5 p.p. no mix. Com o desfecho da pandemia, esperamos que o segmento ‘OTC,’ categoria que mais cresceu nos últimos dois anos, deva perder participação no mix e crescer em ritmo menos acelerado.
O lucro bruto totalizou R$ 1.928 mm (+17,5% a/a) no 1T22, em conformidade com nossas projeções, com uma margem bruta de 29,4% (+0,2 p.p. vs 1T21). As despesas com vendas totalizaram R$ 1.070 mm (+22,8% a/a) e o G&A alcançou R$ 243 mm (+46,6% a/a) no trimestre, levando o EBITDA para R$ 628 mm (+1,1% a/a), com margem de 9,6% (-1,5 p.p vs. 1T21). Já o lucro líquido ficou em R$ 144 mm (-18,3% a/a), com margem de 2,2% (-0,9 p.p. vs. 1T21) e acima das nossas expectativas, devido a despesas financeiras menores do que esperávamos e um ajuste de R$ 21 mm referente à correção de IR apurado em excesso nos períodos anteriores.
Foi registrado um fluxo de caixa operacional de -R$ 148 mm (ante R$ 28 mm no 1T21) e um fluxo de caixa livre negativo de R$ 321 mm (vs. -R$ 105 mm no 1T21), impactados pelo efeito sazonal do ciclo de caixa e CAPEX de R$ 173 mm. O fluxo de caixa total foi de -R$ 349 mm (vs. -R$ 126 mm no 1T21).
Em relação ao endividamento, a companhia encerrou o trimestre com uma dívida líquida ajustada de R$ 1.742 mm, versus R$ 946 mm no mesmo período de 2021. A dívida líquida ajustada sobre o EBITDA foi de 1,0x (vs. 0,6x no 1T21), considerada bastante satisfatória em nossa opinião.
Sobre a empresa
A RD é uma empresa líder no mercado brasileiro de farmácias, com 2.490 lojas em todos os estados brasileiros e faturamento bruto de R$ 25,6 bilhões em 2021. A Companhia opera as redes Raia e Drogasil, sendo a maior parte da operação focada no estado de São Paulo. A empresa foi criada em novembro de 2011, a partir da fusão entre Raia S.A. e Drogasil S.A. e é a maior rede de farmácias do Brasil em termos de receita e número de lojas.