Macroeconomia


Prévias | Transporte| 2T22

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Diego Bellico

Publicado 25/jul7 min de leitura

Demanda aquecida mas serviço da dívida tende a pressionar os resultados

Para o trimestre encerrado em junho de 2022 esperamos que as companhias de transporte continuem a apresentar bons resultados operacionais.

No Rent-a-Car a aquecida demanda deve manter as taxas de ocupação e preço das diárias em patamares elevados, todavia pode haver alguma compressão de margem quando comparado ao trimestre anterior, haja vista a sazonalidade das tarifas. Já para o GTF (Gestão e Terceirização de Frotas) de veículos leves e pesados, nossa expectativa é de continuidade do crescimento recente, que é suportada pela subpenetração e resiliência do modelo de negócio. Quanto as companhias de logística, a pressão nos custos com combustíveis deve ser destaque negativo responsável por reduzir margens e impactar os resultados operacionais.

No que tange a desmobilização e compra de ativos das empresas de transporte e logística entendemos que o tema de escassez de veículos começa a ficar para trás, embora ainda exista gargalos de oferta e alguns riscos permanecem. Projetamos arrefecimento na evolução dos preços dos veículos, de modo que as margens de seminovos devem começar a apresentar sinais de normalização nesse trimestre.

Por fim, a continuidade do ciclo de alta de juros deve elevar o serviço da dívida e contrabalancear os bons resultados operacionais.

Segue abaixo nossas expectativas para as empresas em nossa cobertura: Movida, Localiza, Vamos, JSL e Simpar.

Localiza

Os resultados do 2T22 da Localiza estão agendados para serem divulgados no dia 11 de agosto (segunda-feira) após o fechamento do mercado. Esperamos que a companhia apresente R$3.045 milhões de receita líquida (+12% t/t e +13% a/a), impulsionado por maior volume de veículos vendidos no Seminovos e resiliente crescimento do GTF. Ainda, projetamos EBITDA de R$ 1.131 milhões (-1% t/t e +47% a/a) com queda de margens nos 3 segmentos operacionais causadas por pressão de custos de manutenção, sazonalidade e normalização da margem de Seminovos. Por fim, a elevação da depreciação e despesa financeira devem pesar a última linha, de forma que projetamos lucro líquido de R$473 milhões (-9% t/t e +6% a/a).

Fonte: Companhia e Banco Inter

No Rent-a-Car (RAC) esperamos que o maior volume de diárias compense a queda sazonal das tarifas, de modo que a receita deve ser próxima a apresentada no primeiro trimestre. Entretanto nossa expectativa é de redução de margem EBITDA, consequência de menor ticket médio, maiores custos com manutenção e adição mais forte de frota que tende a elevar algumas despesas. Nossos números para o segmento são de R$1325 milhões de receita (-0% t/t e +42% a/a) e R$ 717 milhões de EBITDA (-5% t/t e +99% a/a).

Fonte: Companhia e Banco Inter

á a Gestão e Terceirização de Frota (GTF) deve seguir sua trajetória de crescimento. Projetamos receita líquida de R$ 365 milhões (+6% t/t e +23% a/a) e EBITDA de R$ 144 milhões (+4% t/t e +18% a/a).

Fonte: Companhia e Banco Inter

Por último, no Seminovos, projetamos receita líquida de R$ 1355 milhões (+30% t/t e -8% a/a) em razão do maior volume de veículos vendidos. Já a margem deve começar a apresentar sinais de normalização nesse trimestre, de forma que esperamos R$ 184 milhões de EBITDA (+14% t/t e -15% a/a).

Fonte: Companhia e Banco Inter

Para os próximos resultados devemos acompanhar o processo de renovação da frota e a fusão com a Unidas, em especial a absorção de sinergias no processo de consolidação.

Movida

Os resultados da Movida estão programados para serem divulgados no dia 1 de agosto (segunda-feira). Esperamos que a companhia apresente receita líquida de R$2.270 milhões (+15% t/t e +87% a/a) e EBITDA de R$890 milhões (+3% t/t e +129% a/a). Nossa projeção de 39% de margem EBITDA (-4,6 p.p. t/t e +7,1 p.p. a/a) é positivamente impactada por bons resultados operacionais no RAC e GTF, enquanto o processo de normalização das margens de Seminovos pesam para o lado oposto. Por fim, entendemos que as despesas com depreciação e serviço da dívida devem continuar se elevando, de modo que projetamos lucro líquido de R$171 milhões (-38% t/t e -2% a/a).

Fonte: Companhia e Banco Inter

No segmento Rent-a-Car, apesar do 2T22 ser sazonalmente mais fraco, esperamos volume de diárias e ticket médio parecidos com os observados no último trimestre. Dessa forma, projetamos Receita Líquida de R$596 milhões (+0% t/t e +74% a/a) e EBITDA de R$ 374(+0% t/t e +166% a/a) para o segmento.

Fonte: Companhia e Banco Inter

Já o segmento de GTF esperamos que continue crescendo de forma resiliente nesse trimestre, com expansão de volumes e ticket médio. Projetamos receita líquida de R$426 milhões (+7% t/t e +137% a/a) e EBITDA de R$303 milhões (+7% t/t e +137% a/a).

Fonte: Companhia e Banco Inter

Por fim, para Seminovos, esperamos que o maior número de carros vendidos leve a receita líquida para R$1,2 bilhão (+28% t/t e +85% a/a). Em contrapartida, projetamos uma compressão de margem, seguindo o ritmo “soft landing” de normalização. Assim nossa expectativa de EBITDA é de R$213 milhões (+4% t/t e +77% a/a).

Fonte: Companhia e Banco Inter

Olhando para frente devemos permanecer atentos a evolução da alavancagem, o preço das tarifas em comparação aos carros comprados (yield) e a eficiência na desmobilização dos ativos.

Vamos

Os resultados do 2T22 da Vamos estão agendados para serem divulgados dia 28 de julho (quinta-feira), após o fechamento do mercado. Destacamos que a partir do dia 1 de agosto de 2022, segunda-feira, as ações da companhia (VAMO3) saem de lock-up e passam a estar disponíveis para negociação pelo público geral, incluindo investidores pessoas físicas.

Esperamos que a Vamos entregue resultados operacionais recordes no segundo trimestre desse ano. Segundo nossas projeções a companhia deve alcançar R$1,2 bilhão de receita líquida (+26% t/t e +74% a/a), reflexo dos maiores números trimestrais da série histórica nos dois principais segmentos operacionais: Locação de Veículos Pesados e Concessionárias.

Ainda, esperamos crescimento do yield sobre o capex contratado e manutenção das elevadas margens, mesmo considerando as atuais condições inflacionárias. Projeção suportada pelo estágio inicial da indústria e favorável ambiente competitivo. Dessa forma nossa expectativa é que a Vamos apresente R$ 377 milhões de lucro operacional (+28% t/t e +114% a/a).

Por último esperamos que a elevação da despesa financeira, em linha com o cenário de taxa básica de juros mais elevada. De modo que nossa projeção de lucro líquido é de R$ 142 milhões (+17% t/t e +39% a/a).

Fonte: Companhia e Banco Inter

Para os próximos resultados devemos acompanhar de perto a velocidade de expansão da frota, evolução do yield sobre o capex contratado e alavancagem que deve atingir um pico esse ano.

JSL

Os resultados da JSL estão agendados para serem divulgados ao mercado no dia 02 de agosto, após o fechamento de mercado. Esperamos bons resultados trimestrais, com a receita alcançando R$1,38 bilhão (+7% t/t e +50% a/a). Embora consideramos satisfatória a capacidade da JSL de repassar custos, entendemos que alguma pressão de margem deve ocorrer nesse trimestre, em especial relacionada ao preço dos combustíveis. Dessa forma, projetamos lucro operacional de R$ 157 milhões (+1% t/t e +1% a/a). Por fim, a elevação do CDI deve contribuir com maior custo da dívida, impactando a última linha da DRE. Assim, projetamos R$ 29 milhões de lucro líquido (-9% t/t e -69% a/a).

Fonte: Companhia e Banco Inter

Para os próximos resultados devemos acompanhar a evolução do market-share e das margens da companhia, bem como o valor gerado por meio de crescimento inorgânico.

Simpar

Os resultados da Simpar estão previstos para serem divulgados no dia 4 de agosto, após o fechamento de mercado. Esperamos fortes resultados operacionais, alavancados, em especial, pelo desempenho das subsidiárias Vamos e Movida. Ainda, vale citar que os resultados da Sagamar passam a ser consolidados nesse trimestre. Assim, projetamos R$ 5,39 bilhões de receita líquida (+17% t/t e +71% a/a) e R$1,66 bilhão de EBITDA (+10% t/t e +72% a/a). Entretanto, a despesa financeira deve seguir aumentando, em linha com a trajetória da taxa básica de juros. De modo que, no bottom line, esperamos lucro líquido de R$233 milhões (-29% t/t e -40% a/a).

Fonte: Companhia e Banco Inter

Para os próximos resultados devemos observar a evolução da alavancagem, valor gerado pelo crescimento inorgânico e performance das subsidiárias.

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