Tempo vai abrir para as elétricas?
O ano de 2022 tem se mostrado um ano bastante promissor, principalmente para o setor elétrico. Com um forte período de chuvas iniciado juntamente com o último trimestre do ano passado, e que obteve continuidade ao longo do 1T22, os reservatórios que compõem o Sistema Interligado Nacional saíram de uma situação considerada como escassez hídrica, diretamente para o seu patamar mais elevado dentro dos últimos dez anos.
O fenômeno “La Niña”, que ocasionou o período de secas principalmente para as regiões Sul e Sudeste, ainda não obteve o seu encerramento oficial. Segundo a Agência Americana de Meteorologia e Oceanografia (NOAA), o fenômeno apresenta 60% de chance de se estender ao longo do inverno, podendo ocasionar novamente uma baixa no nível de chuvas entre os meses de maio e julho de 2022, porém com menor intensidade do que no ano anterior. Chuvas ao longo das regiões Norte e Nordeste devem permanecer acima da média.
Apesar disso, devido a intensidade do atual período de chuvas, e do nível recorde de nossos reservatórios, o clima já começou a mudar para as empresas do setor elétrico. Atingido um menor nível de despache térmico dos últimos tempos, já podemos observar também um cenário mais positivo, principalmente para as geradoras com forte participação hídrica dentro de seus portfólios. Com o Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), que regula o preço de energia do mercado de curto prazo atingindo uma média de R$ 57/ MWh, é sinalizada uma forte redução de custos para estas companhias, que ano passado tiveram que comercializar energia com um PLD médio de R$ 258/ MWh.
O segmento de transmissão deve apresentar mais constância durante a primeira metade do ano, já que apresentará o seu primeiro leilão de linhas de transmissão somente no mês de junho. Por se tratar de um segmento mais regulado, com receitas pré-programadas via contratos de concessão de longo prazo, corrigidas via inflação, não são esperadas grandes mudanças até então. Já para o segmento de distribuição de energia, é esperado um bom desempenho devido à expansão econômica ocorrida ao longo do primeiro trimestre. Dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) registraram que a distribuição de energia ao longo do 1T22 foi impulsionada principalmente pelos setores industrial e comercial. Vale lembrar que o primeiro trimestre do ano ainda contou com a presença da bandeira tarifária de escassez hídrica pela Aneel, que acrescentava um maior repasse de custos do kWh para o consumidor final do Ambiente de Contratação Regulada (ACR). A bandeira foi alterada para verde em abril de 2022.
Prévias 1T22 - Ômega Energia
Omega: no olho do furacão!
Com uma base de ativos 100% renováveis, sendo que destes, aproximadamente, 95% são ativos eólicos e fotovoltaicos, e considerando a pequena participação hídrica em seu portfólio, além da diversificação de suas operações, de acordo com o seu relatório de Acompanhamento Trimestral de Produção de Energia, a Ômega Energia teve leve retração, de cerca de 1,5% na quantidade produzida durante o primeiro trimestre, em comparação com 1T21, mostrando uma boa resiliência frente à crise hídrica no ano passado, quando comparada às outras geradoras.
Baseando-se nas prévias operacionais da companhia, que registrou uma produção de 1.525 GWh no trimestre, o nosso modelo reportou uma Receita Operacional Líquida para a Ômega de R$ 369 mm, com um EBITDA de R$ 290 mm. Com significante presença de Despesas Financeiras, dada a sua elevada alavancagem, o Resultado Líquido projetado ficou em R$ 14 mm. Vale recordar que as nossas projeções incorporam somente o desempenho operacional da controladora, e não de suas subsidiárias.
Prévias 1T22 - Engie
A Engie possui uma capacidade física instalada de 10 GW espalhada por 69 usinas localizadas em 10 estados, tornando-a o maior player de energia elétrica privado do país. Com a retomada geral dos níveis de reservatórios pertencentes ao SIN, é esperado um positivo ganho de margem operacional nas operações da companhia, devido à redução do despacho térmico e dos encargos de GSF.
Então, para o primeiro trimestre de 2022 da companhia, foi projetada uma Receita Operacional Líquida de R$ 2.6 bi, com um EBITDA de R$ 1,3 bi, sendo 26% inferior ao 1T21, com esperada redução de sua margem, de 53% no 1T21, para 49% no projetado do 1T22. Já o nosso Resultado Líquido estimado para o primeiro trimestre de 2022 foi de R$ 303 mm, 43% inferior na comparação a/a, e 15% acima do consenso de mercado.
Prévias 1T22 - AES Brasil
Atualmente, com 60% de sua Garantia Física proveniente de geração hídrica e com a grande maioria destes ativos concentrados no Estado de São Paulo, a AES Brasil também apresenta uma expectativa positiva de desempenho para o ano de 2022, por meio, principalmente, da melhora do cenário hídrico. A companhia também vem realizando uma série de novos projetos e aquisições relacionados à diversificação das fontes de sua base de ativos, enfatizando o seu novo foco em expansão de geração eólica.
Com o nível dos reservatórios atualmente no mais elevado patamar dos últimos dez anos, esperamos também uma melhora operacional da companhia, resultante da redução dos encargos de GSF, bem como menores preços de curto prazo no mercado spot ao longo do ano. Em nossas projeções, calculamos uma Receita Operacional Líquida de R$ 497 mm, 10% inferior ao resultado do 1T21 e ao consenso de mercado. Porém, excluindo gastos com compras de energia, a receita projetada da companhia, em R$ 460 mm, poderá vir em linha com o observado no mesmo trimestre do ano passado. Já o EBITDA ajustado projetado foi de R$ 317 mm, 8% inferior ao 1T21, e 6% superior ao consenso de mercado. Para o Resultado Líquido, esperamos um valor de R$ 49 mm, 47% inferior ao do 1T21, em decorrência dos maiores gastos com despesas financeiras.
Prévias 1T22 - Alupar
Com aproximadamente 8.000 km divididos em 30 linhas de transmissão no Brasil, as concessões da Alupar seguem um modelo que detém uma garantia de receita anual (RAP) com duração de 30 anos para as linhas de transmissão no Brasil, além de uma linha de transmissão vitalícia na Colômbia. Ainda, existe um braço do grupo no segmento de geração hídrica e eólica, totalizando 822 Mw de capacidade instalada.
Com a maior participação de sua receita pertencente ao segmento de transmissão, mais resiliente em relação aos demais, projetamos para a companhia uma receita operacional líquida de R$ 682 mm no trimestre, 21% superior no comparativo anual, com um EBITDA de R$ 572 mm, e um resultado líquido de R$ 202 mm, que representam um aumento de, respectivamente, 24% e 196% versus o 1T21.
Prévias 1T22 - Taesa
Com suas operações concentradas somente no segmento de transmissão de energia elétrica, a Taesa se enquadra como uma das maiores companhias do segmento, em termos de Receita Anual Permitida (RAP). Este segmento operacional apresenta um modelo fundamentado em contratos de concessão com uma receita anual, o qual aumenta a previsibilidade de seus resultados, tendo em vista que as suas operações dependem somente de um CAPEX inicial e da manutenção de seus ativos, já que tal receita é baseada em contratos de longo prazo corrigidos pela inflação, e independe do nível produzido de energia elétrica do período.
Através de seus contratos de concessão, projetamos para o 1T22 da Taesa, uma Receita Operacional Líquida de R$ 612 mm, seguida de um EBITDA de R$ 507 mm, 60% superior ao EBITDA do 1T21, e 15% superior ao consenso de mercado. A sua margem EBITDA deve continuar em linha com o 1T21, por volta de 83%, graças ao seu modelo de negócios. Já o resultado líquido projetado para o 1T22 da companhia ficou em R$ 157 mm, 46% superior ao resultado do 1T21, porém com breve redução, em 2 p.p., de sua margem líquida.
Prévias 1T22 - ISA CTEEP
Com 19 mil quilômetros de linhas de transmissão, 131 subestações e atuação em 17 estados do País, a ISA CTEEP é a maior empresa privada de transmissão do setor de energia elétrica no Brasil. A empresa é responsável por aproximadamente 30% de toda a energia transmitida pelo Sistema Integrado Nacional (SIN). Cerca de 75% de sua receita é proveniente do contrato 059/2001, que foi prorrogado em 2012, com duração até 2042. Este contrato sofreu um reajuste no início do ano de 2021, alongando o seu faturamento. A sua próxima revisão tarifária periódica está pre- vista para 2023.
Para o primeiro trimestre de 2022, projetamos uma Receita Operacional Líquida para a controladora, no valor de R$ 821 mm, 3% inferior ao mesmo período de 2021. Também foi projetado um EBITDA de R$ 616 mm, junto com um resultado líquido de R$ 296 mm, dados 11% e 4% inferiores na comparação a/a, respectivamente.
Prévias 1T22 - Equatorial
Nas projeções da Equatorial estão contempladas as suas cinco distribuidoras (com exceção da CEA, ainda não consolidada) e todas as oito linhas de transmissão, que já estão em fase operacional. Entendemos que o segmento de distribuição passa por bom momento, graças ao avanço nos setores comercial e industrial.
Assim, esperamos um EBITDA em torno de R$ 1,4 bi, aumento de 32% no a/a, versus o ajustado, e 9% superior ao consenso de mercado, que marca R$ 1,3 bi. O lucro líquido, por sua vez, deve ser próximo dos R$ 400 mm, em linha com o mesmo período do ano anterior, e 3% abaixo do consenso de mercado.
Prévias 1T22 - Energias do Brasil
Estando presente tanto no segmento de geração, quanto nos de distribuição e transmissão, a Energias do Brasil apresenta uma base de ativos bastante diversificada. Com esperada melhora para o segmento de geração ao longo de 2022, a companhia deve se beneficiar de ganhos operacionais em ativos hídricos, apesar de também possuir uma usina térmica. Através da sua divulgação de Release Operacional, a Energias do Brasil também apresentou positiva melhora na quantidade de energia distribuída em suas duas distribuidoras, EDP São Paulo e EDP Espírito Santo, impulsionados principalmente por forte desempenho das classes industrial e comercial.
Diante de tais fatores, esperamos que o EBITDA seja próximo a R$ 1,0 bi, em linha na comparação a/a, e 3% abaixo do consenso de mercado. Já em termos de lucro líquido, o resultado financeiro deve influenciar de forma negativa, e esperamos um bottom line próximo a R$ 327 mm, queda de 34% no a/a (14% abaixo do consenso de mercado).
Prévias 1T22 - Cemig
Também atuando em todas as principais frentes do setor elétrico, mas com destaque para o segmento de distribuição, que representa cerca de 80% de sua receita operacional líquida, a Cemig apresenta atualmente 5,9 GW de capacidade instalada, 10.000 Km de linhas de transmissão, além de uma malha de distribuição de gás que percorre todo o território mineiro.
Com a retomada dos níveis de reservatórios no subsistema do Sudeste, o nosso modelo espera um positivo resulta- do líquido de sua subsidiária de Geração e Transmissão, em R$ 230 mm, ante um prejuízo líquido de R$ 311 mm no mesmo período do ano anterior. Nossa projeção de Receita Operacional Líquida ficou em R$ 6,4 bi, variação negativa de 10% em comparação com o 1T21. Desta forma, esperamos um EBITDA próximo a R$ 1,3 bi no 1T22, 22% de redução no a/a, porém com um resultado líquido esperado de R$ 741 mm, 75% superior na comparação anual.