Desaceleração e inadimplência seguem avançando
Concessões de crédito somam R$498 bilhões em outubro e crescem 23% no acumulado do ano. Apesar da Selic mais elevada, os novos empréstimos mantem patamar historicamente elevado. No mês de outubro, as concessões de crédito livre para pessoas físicas aumentaram em 1,9%, mantendo o crescimento robusto no ano, que acumula alta de 14%. Para as empresas, o mês de outubro foi de elevação nas concessões em 1,9% e a alta no ano acumula 8,3%. Também no crédito livre, a inadimplência no segmento empresas tem apresentado alta nos últimos meses, alcançando 2% em outubro, maior valor desde junho de 2020. Para as famílias a tendencia de alta continua e já chega em 5,9%, maior patamar desde maio de 2017.
A concessão de crédito livre às famílias teve alta no mês, 1,9%, mantendo crescimento robusto de 17% no acumulado em 12 meses. O cartão de crédito continua sendo destaque, indicando a recuperação do consumo. O crédito consignado aumentou 2,1% no mês, com crescimento de 14,6% no acumulado em 12 meses. O menor crescimento do consignado implica em maior demanda pelo crédito rotativo, que tem alta de 34% no acumulado em 12 meses e explica o aumento da inadimplência das pessoas físicas.
No crédito direcionado, o financiamento imobiliário teve forte queda de 8,1% no mês e ficou 4,9% abaixo do patamar de outubro de 2021. No acumulado do ano, a concessão ainda é robusta, foram R$151 bilhões para o financiamento de novas aquisições de imóveis pelas famílias, mas a queda é de 2,5% em relação a 2021. A elevação das taxas, que chegaram a 7,5% em outubro de 2021 para os atuais 9,9%, vem reduzindo a demanda da modalidade.
Em outubro, o saldo de crédito cresceu 15,8% a/a, desacelerando contra o mês passado onde cresceu 16,4% a/a. O movimento de retração foi observado tanto em PF quanto em PJ neste mês, na linha de Pessoas Físicas o avanço foi de 19,7% a/a (vs. 20,1% a/a em setembro) e Pessoas Jurídicas foi de 10,4% a/a (vs. 11,5% a/a em setembro). Continuamos observando tendência de redução concentrada nas linhas de pessoas físicas sem garantia como cartão de crédito e crédito pessoal não consignado e também em veículos, por outro lado, o cheque especial reportou avanço, alinhado à deterioração da qualidade de crédito. No saldo PJ por porte, a maior desaceleração veio da linha de grandes empresas (5,1% a/a em outubro vs 8,1% a/a em setembro), enquanto MPMEs desaceleram em um ritmo mais lento (14,3% a/a em outubro vs. 14,4% em setembro).
As concessões nominais avançaram 16,1% a/a mantendo o ritmo de desaceleração vs. setembro de 17,8% a/a, destacamos que no mês as concessões caíram 5,9% contra setembro. Em outubro a desaceleração foi direcionada pelo segmento PJ que cresceu 12,2% a/a versus 16,8% a/a em setembro, já em PF o avanço foi de 19,3% a/a versus 18,6% a/a em setembro, mostrando ampliação da carteira, mas concentrada no crédito consignado, enquanto as linhas sem garantia seguem desacelerando. Em PJ a desaceleração veio em todas as linhas do crédito livre, mas vimos crescimento do rural, BNDES e outros.
A inadimplência total registrou 3,0% com avanço de 10 bps contra setembro e +70 bps a/a, já atingindo a média de 2019. Os movimentos de deterioração seguem concentrados no segmento PF que registrou taxa de 3,9% (+10 bps m/m e +90 bps a/a) já em níveis acima da média de 2019, que era de 3,4%. As linhas com maior deterioração continuam nos segmentos sem garantia como cartão de crédito, crédito não consignado e também veículos. Por outro lado, no crédito direcionado as linhas de rural e imobiliário seguem abaixo da média de 2019, com exceção do microcrédito. O segmento PJ, que reportou inadimplência de 1,7% (+10 bps m/m e +30 bps a/a) continua como destaque, com a inadimplência abaixo da média de 2019 que era de 2,4%, mas o segmento de MPMEs (3,0% em setembro +20 bps m/m e +70 bps a/a) segue com ritmo de deterioração enquanto as grandes empresas (0,2% estável m/m e -30 bps a/a) mantém-se nas mínimas históricas e estáveis há 5 meses consecutivos.
As taxas médias de juros registraram 29,9% com avanço de 110 bps m/m e 690 bps a/a. O forte avanço no mês foi impactado pelo segmento PF, que reportou taxa de 35,9% (+150 bps m/m e +890 bps a/a) com os ramos de crédito consignado, não consignado e cartão de crédito como destaque. Por outro lado, no imobiliário a taxa reduziu pelo terceiro mês consecutivo registrando 10,0% (-10 bps m/m e -250 bps a/a). O segmento PJ reportou taxa de 19,5% (+40 bps m/m e +300 bps a/a) com as linhas de Cartão de crédito corporativo e cheque especial.
Os spreads terminaram outubro com taxa de 20,1% (+120 bps no mês e +500 bps a/a) com PF atingindo 26,2% (+160 bps m/m e +640 bps a/a) e PJ 9,4% (+40 bps m/m e +180 bps a/a). Na PF, o avanço vem em linha com a evolução da taxa de juros no crédito livre nas linhas mais arriscadas. No PJ o spread avançou com o aumento das taxas nas linhas de capital de giro, cartão de crédito e desconto de duplicatas.