Ritmo de desaceleração continua e inadimplência na pessoa física em linhas sem garantia segue evoluindo.
Concessões de crédito somaram R$506,4 bilhões em novembro e crescem 21,5% no ano e 14,7% no acumulado em 12 meses. Apesar da Selic mais elevada, os novos empréstimos mantiveram patamar historicamente elevado, entretanto, já é possível observar os efeitos das condições financeiras mais apertadas.
As concessões de crédito livre para pessoas físicas aumentaram 3,7% em novembro, mantendo forte crescimento no ano, de 21,8%. Cartão de crédito continua sendo o destaque, com alta de 5,9% no mês, indicando recuperação do consumo. O crédito consignado teve forte queda, de 17,3% no mês, acumulando perdas de 16% no ano. Essa queda se deve principalmente ao recuo de 76% no crédito consignado aos trabalhadores do setor privado. Entretanto, essa queda se deve à anomalia do crédito consignado do Auxílio-Brasil que somou R$ 5 bilhões em outubro, gerando esse forte recuo na comparação mensal. O menor crédito consignado aumenta a demanda pelo crédito rotativo, que teve alta de 0,9% no mês e de 55% no ano, o que, em parte, explica o aumento da inadimplência entre as pessoas físicas, que manteve o patamar 5,9%, também observado em outubro.
O cenário é similar para as empresas, com as concessões de crédito crescendo 2,6% no mês e 21,6% no ano. O desconto de duplicatas e recebíveis se mantêm robusto, com alta de 24% no ano, enquanto a antecipação de faturas teve queda expressiva de 6,1%, mantendo tendência de queda no ano, que se encontra em alta de 5,6%, contra 9,1% em outubro. Por outro lado, o capital de giro teve alta de 2,8%, mantendo crescimento robusto no ano, de 28%. Apesar da inadimplência entre as empresas estar em um patamar baixo, ela apresenta tendência de crescimento e alcança 2,2% em novembro.
Após forte queda em outubro, o financiamento imobiliário teve alta de 0,5% em novembro, mas mantém variação negativa de 2,9% no ano, com concessão de R$ 166 bilhões em 2022.
Saldo de crédito continua desacelerando, linhas sem garantia seguem no foco e imobiliário se mantém resiliente, mas também desacelera. Em novembro, o saldo de crédito foi de R$ 5.264 bilhões, com crescimento de 1,0% m/m e 14,7% a/a, desacelerando frente a outubro que havia reportado crescimento de 15,7% a/a. As linhas para pessoas físicas e jurídicas desaceleraram em novembro crescendo, respectivamente, 18,5% e 9,4% a/a. No crédito livre para PF houve leve aceleração na linha de veículos (7,5% a/a em novembro ante 6,8% a/a em outubro), mas os demais segmentos reportaram desaceleração com destaque ao cartão de crédito e crédito não consignado. No crédito livre para PJ a desaceleração ocorreu em todas as linhas com destaque para cartão de crédito e cheque especial/conta garantida. No direcionado para PF, a única linha que avançou foi BNDES (8% a/a em novembro ante 7,8% a/a ante outubro) e enquanto as demais mostraram desaceleração e destacamos positivamente a resiliência do crédito imobiliário que desacelera em ritmo fraco (13,6% a/a em novembro ante 13,7% em outubro).
Concessões com forte desaceleração em novembro. As concessões totalizaram R$ 506 bilhões em novembro, crescimento de 1,6% m/m e de 9,5% a/a, uma forte desaceleração ante outubro que mostrou crescimento de 16,2% a/a. O movimento veio de todos os segmentos, tanto no total do crédito livre e direcionado para PF e PJ. No ramo PF, o saldo foi de R$ 286 bilhões (+1,0% m/m e +10,9% a/a), já no ramo PJ o saldo foi de R$ 221 bilhões (+2,4% m/m e +7,7% a/a).
Inadimplência segue deteriorada em linhas sem garantia em PF e em PJ ainda abaixo da média e busca normalização. A inadimplência total registrou 3,1% com avanço de 10 bps m/m e +80 bps a/a, acima da média de 2019. Os movimentos de deterioração seguem concentrados no segmento PF que ficou estável em novembro registrando taxa de 3,9% (+90 bps a/a) em 50 bps acima da média de 2019, que era de 3,4%. As linhas com maior deterioração continuam nos segmentos sem garantia como cartão de crédito, crédito não consignado e veículos. Por outro lado, no crédito direcionado as linhas de rural e imobiliário seguem abaixo da média de 2019, com exceção do microcrédito. O segmento PJ, que reportou inadimplência de 1,8% (+10 bps m/m e +40 bps a/a) continua como destaque, com a inadimplência abaixo da média de 2019 que era de 2,4% e quando olhamos por porte, as MPMEs e Grandes empresas seguem em níveis abaixo da média.
Taxas de juros seguem em ritmo de alta com maiores impactos na pessoa físicas em linhas sem garantia. As taxas médias de juros registraram 31,4% em novembro, com avanço de 130 bps m/m e 740 bps a/a. A tendência continua com forte altas na taxa para Pessoas Físicas que registraram 37,7% (+150 bps m/m e +740 bps a/a) com destaques de alta para as linhas de cartão de crédito (+340 bps m/m), crédito não consignado (+290 bps m/m), cheque especial (+210 bps m/m) e crédito consignado (+200 bps m/m). No crédito para Pessoas Jurídicas a taxa foi de 20,1% em novembro (+60 bps m/m e +250 bps a/a), com a alta direcionada principalmente pelas linhas de capital de giro (+50 bps m/m) e cheque especial (+210 bps m/m). Por outro lado, vimos um movimento de retração das taxas no cartão de crédito corporativo.