Macroeconomia


O Mercado na Semana Ed.43.22

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Rafaela Vitória

Publicado 28/out15 min de leitura

Aumento da aversão a risco no mercado local

Apesar de mais uma semana de recuperação das bolsas lá fora, aqui no Brasil a semana foi de aumento da aversão à risco às vésperas de uma disputada eleição. O S&P500 teve forte volatilidade com resultados das big techs, que desapontaram, mas fechou a semana em alta de 3% na expectativa de uma desaceleração da elevação dos juros ainda esse ano. O Ibovespa teve queda acumulada de 4,49%, cotado em 114.539 pts, com maior recuo dos papéis do setor financeiro (IFNC -5,49%) influenciado pelo resultado bem abaixo das expectativas do mercado do Santander. Refletindo a desvalorização das commodities e o resultado negativo da Vale, o índice de materiais básicos (IMAT) contraiu 2,07% na semana. Dentre os demais segmentos, os índices do setor imobiliário (IMOB), consumo (ICON) e utilities (UTIL) apresentaram queda de 1,87%, 0,41% e 0,04%, respectivamente.

Nos EUA, o PIB do 3º trimestre mostrou crescimento ligeiramente melhor que o esperado, em 2,6%, mas com desaceleração no consumo, que cresceu apenas 1,4% no trimestre. Mas outros sinais apontam para maior desaceleração, principalmente no setor imobiliário com a queda de 1,3% do índice S&P Shiller, que mede o preço dos imóveis nos EUA, em setembro. As taxas de juros do financiamento imobiliário chegaram a 7%, maior patamar desde 2002. Na sexta o índice PCE, a medida preferida de inflação pelo Fed, registrou variação de 6,2% em 12 meses, ligeiramente abaixo da expectativa, indicando que a inflação nos EUA possa já ter passado do pico. Esse cenário de desaceleração da atividade pode permitir que na reunião da próxima semana, mesmo com a expectativa de nova alta de 75bps consolidada, o Fed possa anunciar uma redução no ritmo de alta a partir de dezembro, para 50bps. De fato, os juros no mercado tiveram queda na semana e a taxa de 10 anos, que bateu o pico de 4,3% na semana passada, voltou para 4%. Na Europa, o ECB subiu os juros em 75 bps, em linha com a expectativa e, no Canada, o banco central subiu os juros em 50 bps, abaixo do esperado pelo mercado. As commodities também tiveram uma semana de alta e o petróleo voltou para próximo de $96/barril.

Aqui no Brasil, a semana foi repleta da dados econômicos que ainda apontam para o bom momento da economia com melhora no mercado de trabalho e queda da inflação. O IGPM de outubro ficou em -0,97%, abaixo do esperado, indicando baixa inflação ao produtor, que deve seguir contribuindo para uma baixa inflação também ao consumidor. O IPCA-15 voltou para território positivo, em 0,16%, e deve fechar mais próximo de 0,4% no mês, com potencial de alta da gasolina em novembro, seguindo a alta do petróleo lá fora e do dólar aqui, que subiu 3% na semana. O Copom manteve a Selic em 13,75% e os juros de mercado seguem estáveis, mas em nível elevado, precificando um ciclo longo, mesmo com os sinais de queda da inflação. O mercado de trabalho foi a boa notícia da semana. O Caged mostrou geração de 278 mil novas vagas e pela Pnad a taxa de desemprego caiu para 8,7%, a menor desde 2015. O governo anunciou mais uma arrecadação recorde em setembro, que cresceu 12% em termos reais no acumulado do ano e resultou em superávit de R$33 bilhões. O tesouro espera superávit mais próximo de R$40 bilhões no ano e a dívida publica pode terminar 2022 em 76% do PIB, praticamente voltando ao patamar pré-pandemia.

Empresas e Setores

Fim da exclusividade. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) proibiu a Ambev (ABEV3) de fechar novos acordos com bares e restaurantes. A decisão vale também para renovações contratuais e vale a partir desta semana. | Lucros bilionários. A Ambev (ABEV3) reportou lucro líquido no 3T22, a soma de R$ 3,7 bi é 13,4% maior que o mesmo período de 2021. O EBITDA Ajustado da companhia totalizou R$ 5,6 bi (+2,4% t/t). | Forte crescimento marginal. Com resultados positivos, a EDP Energias do Brasil (ENBR3) apresentou resultado líquido de R$ 514 mm (+0,8% a/a e -1,6% R/E). O EBITDA Ajustado apresentado foi de R$ 1,017 bi (+35% a/a e -6% R/E). (Comentário ENBR3) | Melhor do que esperado, a Gol (GOLL4) reportou os seus resultados do 3T22, o prejuízo consolidado foi de R$ 1,548 bi (-38,7% a/a), já o EBITDA totalizou R$ 695,2 mm (+169,7% a/a). | Ótimo resultado, em linha com nossas expectativas. A Hypera (HYPE3) reportou bons resultados no 3T22, reportando receita líquida recorde de R$ 2.036 mm (+24,7% a/a). O EBITDA da Hypera somou R$ 724 mm (+25,4% a/a). (Comentário HYPE3) | EBITDA Recorde e Resiliente. Com números fortes novamente, a Klabin (KLBN11) reportou uma produção de 1.054 kton (+5% t/t e +9% a/a), o EBITDA da empresa foi de R$ 1.208 mm. (Comentário KLBN11) | Mais fraco do que o esperado. O resultado do 3T22 do Santander (SANB11) veio abaixo das nossas expectativas e do mercado, com lucro líquido de R$ 3.122 mm -23,6% t/t e -13,3% R/E) e ROE de 15,6% (-5 p.p t/t e -2.4 p.p. R/E). (Comentário SANB11) | Celulose fazendo o seu papel. A Suzano (SUZB3) surpreendeu com resultados impulsionados pela linha de celulose. A receita líquida da companhia somou R$ 14.199 mm (+9,4% R/E, +23% t/t e +32% a/a). O EBITDA fechou em R$ 8.596 mm (+20% R/E e +36% t/t tanto quanto a/a). (Comentário KLBN3) | EBITDA pressionado, mas há potencial. Os resultados do 3T22 da Vale (VALE3) deixaram a desejar, a receita líquida totalizou US$ 9.929 mm (+1,4% R/E, -9,2% t/t e -19,5% a/a) enquanto o EBITDA fechou em US$ 4.002 mm (-9,3% R/E, -16% t/t e -42% a/a). (Comentário VALE3) | Maiores receitas e melhora no quadro financeiro impulsionaram o resultado da Telefônica Brasil (VIVT3) que registrou uma receita líquida de R$ 12.199 mm (+10,6% a/a). O lucro líquido foi de R$ 1,436 bi (+20,2% a/a). | Evolução do lucro. A Weg (WEGE3) apresentou um lucro líquido de R$ 1,15 bi no 3T22 (+42,5% a/a). A receita operacional líquida totalizou R$ 7,9 bi (+10% a/a) enquanto o EBITDA somou R$ 1,56 bi (+25% t/t e +37% a/a).

IPOs & Afins

Nessa semana, o Cassino informou que estuda a venda de sua participação na Assai (ASAI3) por cerca de R$2,5 bilhões de acordo com o Brasil Jornal, valor esse que pode variar dependendo das condições de mercado. A notícia vem em meio a questionamentos sobre a capacidade de solvência do controlador, que tem passado por dificuldades financeiras há algum tempo. Segundo a empresa nada está decidido ainda, mas eventual capitalização por meio da venda de participação se daria, provavelmente, por um processo de IPO. Ainda nessa semana, o CEO da Cobasi declarou que o grupo está pronto para realizar um IPO e só aguarda melhores condições de mercado. A varejista é concorrente direta da Petz (PETZ3) e no passado já foi a líder do mercado de pet.

Fusões e Aquisições

Em busca de desenvolver um markeplace de crédito e serviços financeiros, a Boa Vista (BOAS3) anunciou a criação de uma joint venture com a fintech IQ, pertencente a americana Red Ventures. Para a NewCo, que será dividida 50/50, a Boa Vista cederá duas de suas áreas destinadas ao varejo, enquanto a Red aportará R$ 70 mm e agregará com a sua plataforma IQ. | No setor de frigoríficos, a BRF (BRFS3) anunciou a criação de uma joint venture (JVA) com o HPDC, subsidiária do Public Investment Fund (PIF), com o intuito de fortalecer a indústria Halal e consequentemente as suas operações na Arabia Saudita. Para JVA, o investimento total estimado é de US$ 500 mm, sendo que US$ 125 mm serão destinados incialmente para constituição da sociedade. A BRF possui uma participação de 70% da JVA. | Além disso, em linha a sua reestruturação, o Credit Suisse (C1SU34) vendeu uma parte de sua participação no Modal (MODL3), diluindo para 9,8% ante aos 16% anteriores. | Por fim, a Suzano (SUZB3) anunciou a aquisição total da Kimberly-Clark Brasil. Segundo a companhia, a transação segue em linha com a sua estratégia de longo prazo de “avançar nos elos da cadeia”, ao mesmo tempo que fortalece o seu negócio de tissue.

Fundos Imobiliários

Ainda de lado, o IFIX variou -0,2% na última semana. Seguem os principais fatos ocorridos no período: 

XPLG11: O fundo comunicou que, por meio do fundo “NE LOGISTICS” integralmente detido, firmou um contrato com a Modular Transportes Ltda para locação pelo prazo de 60 meses de 3.051,26 m² em ABL do módulo 5 do galpão G-04 do Condomínio Logístico Cone Plug & Play 2, localizado em Cabo de Santo Agostino-PE. O contrato firmado prevê a o a possibilidade de expansão da locatária para o módulo 4 do galpão G-04, com área equivalente adicional de 2.865,49 m². Com isso, a vacância consolidada do fundo decrescerá para 7,5%. | RECT11: Foi celebrado pelo fundo um contrato com pessoa física para locação de uma sala no 18º andar do Condomínio Edifício Parque Ana Costa, ativo localizado em Santos-SP, pelo prazo de 36 meses. A locação tem início imediato e corresponde a uma ABL de 240,70 m², fazendo com que a vacância do portfólio seja de 14,31%. | HGUR11: Dentro do pipeline de vendas de ativos locados pela varejista Casas Pernambucanas, o veículo anunciou a alienação da loja detida na cidade de Alfenas-MG em contrapartida ao recebimento de R$ 10,45 mm, o que corresponde a um lucro caixa próximo de R$ 0,14/cota.

Agenda da Semana

Na próxima semana, teremos o resultado fiscal consolidado do setor público pelo Banco Central, que deve mostrar como estão os resultados dos estados e a dívida total. O IBGE deve divulgar a produção industrial de setembro, que deve seguir mais fraca, e a Secex anuncia a balança comercial de outubro, com mais um superávit puxado pelos setores de commodities. Lá fora, estaremos de olho na reunião do Fomc, e é esperada uma alta de 75 bps, mas o comunicado pode indicar uma alta menor para dezembro e continuar animando os mercados de ações.

Top da Semana

Com sessão positiva para as educacionais, a Yduqs (YDUQ3) teve uma forte alta de 21,9% no fechamento da semana. Em seguida, Suzano (SUZB3) e WEG (WEGE3) aprestaram bons resultados e subiram 10,9% e 9,3%, respectivamente. Na contramão, a BRF (BRFS3) liderou o pelotão das maiores quedas com um retorno negativo de 17,3% concomitante a queda de 13,9% e 13,7% da Petrobras (PETR3; PETR4).

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