Bolsas recuperam
A semana foi de alívio para os mercados de ações, tanto lá fora como aqui. Algumas indicações de que o Fed poderia reduzir o ritmo de alta de juros em dezembro, fizeram os mercados terem um breve respiro. O S&P 500 subiu 4,7% na semana, também embalado por alguns resultados melhores que o esperado, como a Netflix, que subiu 26% na semana. Aqui no Brasil, o Ibovespa também teve forte alta de 7,01% na semana, o melhor desempenho semanal desde novembro de 2020 e chegou a passar os 120 mil pontos na sexta feira, mas fechou em 119.929. Além do cenário de fora mais favorável, pesquisas eleitorais mostrando disputa mais acirrada também motivaram a melhora, principalmente das empresas estatais. Nesse cenário, o setor financeiro (IFNC) teve destaque, com uma forte alta de 7,53%, seguido de utilities (UTIL), materiais básicos (IMAT) e consumo (ICON), que avançaram 6,58%, 5,18% e 3,30%, respectivamente. Na outra ponta, o índice imobiliário (IMOB) encerrou a semana com queda suave de 0,02%.
Os dados da economia americana na semana continuam apontando para um resfriamento mais lento, como a redução nas vendas de novas casas e de imóveis usados. As taxas de financiamento imobiliário se aproximam de 7% a.a. e devem continuar desestimulando o mercado imobiliário. As taxas de juros dos títulos do governo tiveram nova alta na semana e, mesmo com alívio na sexta-feira, a taxa de 10 anos fechou na máxima desde 2008, em 4,2% a.a. As precificações de elevações dos juros pelo Fed, que chegaram a 5%, recuaram, mas ainda estão no elevado patamar de 4,8%. Mas o mercado voltou a especular, com base em falas dos membros do Fed, que após a alta esperada de 75 bps na reunião de novembro, o Fed pode reduzir o ritmo para 50 bps na última reunião do ano, em dezembro. No Reino Unido, a primeira-ministra renunciou após apenas 40 dias no cargo, e o mercado de juros também teve alívio com a redução das taxas longas que chegaram ao pico de 4,5%, para 4%. As commodities ainda seguem em tendência de queda com o receio de arrefecimento global e o índice caiu 1,7% na semana, mesmo com o petróleo estável. Ficamos sem os dados da China, que suspendeu a divulgação do resultado do PIB do 3º trimestre em virtude de reunião do Partido que deve anunciar a reeleição do atual presidente Xi Jinping no final de semana.
Aqui no Brasil, o IBC-Br de agosto decepcionou com variação negativa, mas o crescimento acumulado em 3 meses ainda está em patamar robusto e revisamos nossa projeção de PIB para 3% para 2022, mantendo 2023 em 1% com a desaceleração global. O IGP-10 veio em linha com a expectativa em -1,04%, com a inflação ao produtor ainda bastante negativa, o que indica pressão de baixa nos preços ao consumidor à frente. O real teve forte valorização na semana de 3% e voltou para R$5,16, seguindo o cenário externo com maior alívio. As taxas de juros de médio e longo prazo também cederam.
Empresas e Setores
Crescimento de uma tacada só? Assaí (ASAI3) divulgou um robusto resultado operacional no trimestre, com contribuição das aberturas de lojas nos últimos doze meses, inflação alimentar ainda em patamar elevado e volta do setor de serviços. Confira nosso comentário sobre o resultado na íntegra; Crescimento pesado. A Vale (VALE3) reportou o seu relatório de produção e vendas nesta semana. Embora o crescimento em diversas linhas, todas ficaram abaixo de nossas expectativas, conforme nosso relatório divulgado recentemente. Saindo do Papel? A Klabin (KLBN11) anunciou nesta sexta feita um acordo para venda de 8 mil hectares de floresta, gerando um negócio de R$ 230 milhões, conforme comunicado. A ideia é otimizar o portfolio da empresa, mas existe uma opção de recompra de até 2,2 mi de metros cúbicos de área até 2036. Crescendo mais. A Pague Menos (PGMN3) reportou seu plano de metas para 2023-24. A expectativa é abrir 180 lojas, sendo 60 anos que vem e 120 no seguinte. O guidance visa somente a métrica bruta, ou seja, não levando em conta eventuais fechamento. Cheiro de IPO. A Natura (NTCO3) informou que estuda uma possível oferta inicial de ações (IPO) da Aesop, uma marca de produtos para pele e cabelo australiana. A operação poderia ser precedida de uma cisão, com, então, listagem no EUA. Agrupamento de centavos? OI (OIBR3) estuda fazer agrupamento, a proporção seria de 50 para 1. Debentures: 3R Petroleum (RRRP3) anuncia emissão de debentures, captou US$ 500 milhões, que serão destinados ao processo de aquisição do Polo Potiguar, onde passará a ser um de seus maiores ativos. A BrMalls (BRML3) fará emissão de debêntures na cada dos R$ 900 milhões, com o intuito de renegociar dívidas e outros propósitos gerais.
IPOs & Afins
Nessa semana, a Fleury (FLRY3) informou ao mercado que, em reunião do conselho de administração, aprovou o aumento de capital privado de R$602 milhões a R$1,2 bilhão. A operação pode contar com a emissão de até 70.567.969 ações ao preço de R$17,27. Segundo a empresa os recursos deverão ser utilizados para a manutenção da estratégia de crescimento, a continuidade dos planos de expansão orgânica, melhora da posição de caixa, redução da alavancagem financeira consolidada e uso corporativo geral. Os atuais acionistas terão direito de subscrição.
Fusões e Aquisições
Investindo no mercado de cobranças e garantias de taxas condominiais, o BTG (BPAC11) anunciou a compra de 25% da LLZ Garantidora de Condomínios, com possibilidade de alcançar uma participação de 49%. A LLZ atua em mais de 60 cidades do Brasil, sendo considerada uma das maiores companhias individuais nesse mercado. | A Cosan (CSAN3) divulgou a conclusão da sua participação adicional na Tellus e Janus, conjuntamente ao pagamento da primeira parcela do valor, por R$ 202,9 mm. | Por meio de sua JV com a Salic, a Minerva (BEEF3) comunicou a compra da Australian Lamb Company (ALC), uma das maiores processadoras de ovinos da Austrália, por US$ 260 mm. Desse montante, US$169 mm serão reembolsados pela Minerva, em resposta a sua participação de 65% na JV. (Confira o nosso comentário completo) | Por fim, a Raízen (RAIZ4)ingressa no setor de serviços financeiros, com o anúncio da aquisição da Payly, fintech da Cosan (CSAN3), pelo total de R$ 78 mm. Segundo a companhia, a operação tem o objetivo de potencializar a geração de valor de sua cadeia, com um projeção de contribuir com R$ 300 a R$ 500 mm ao Ebitda, de acordo com o CFO da Raízen.
Fundos Imobiliários
Em estabilidade, o IFIX oscilou 0,25% ao longo da semana. Seguem os principais fatos ocorridos no período:
RBVA11: O fundo assinou a escritura para venda do imóvel localizado em Ferraz de Vasconcelos-SP, ativo com ABL de 954 m² e atualmente locado pela Caixa Econômica Federal até ago/24. Para venda do ativo, o fundo receberá o montante bruto de R$ 8,6 mm, o equivalente a R$ 9.014,68/m² e que representa um ganho de capital de R$ 3,24 mm frente o seu custo de aquisição. | BBPO11:Foi concluído pelo fundo a renovação do contrato de locação de quatro ativos junto ao locatário Banco do Brasil S.A., mais especificamente nas unidades i) Ag. Tamoios; ii) CSL Curitiba; iii) CSL São Paulo e; iv) Ag. Belém. Sob os mesmos termos, os contratos terão prazo de 60 meses e terão o IPCA como índice de reajuste, bem como um aviso prévio de 9 meses e mesma regra para cálculo da multa por rescisão antecipada. | BTLG11: O fundo comunicou a assinatura de um novo contrato, na modalidade atípica pelo prazo de 15 anos com a empresa MODULAR DATA CENTERS INDÚSTRIA COMÉRCIO E SERVIÇOS S.A, para locação de uma área equivalente a 18.940,86 m², localizada em Santana de Paranaíba-SP. O acordo contará com um investimento por parte do locador na ordem dos R$ 22,5 mm a um cap rate estimado de 10,7% a.a, que será utilizado na expansão e modernização do ativo. Com esta locação, o fundo estima um incremento de receita mensal equivalente a R$ 0,03/cota. | HFOF11: O fundo realizará sua distribuição pública primária de cotas da 13ª emissão, com esforços restritos nos termos da instrução CVM nº 476. Com o preço da cota fixado em R$ 86,75, o fundo espera captar até R$ 86,8 mm por meio da emissão de 1.000.000 novas cotas.
Agenda da Semana
Na próxima semana, teremos a reunião do Copom, que deve manter a Selic inalterada em 13,75%. Com a taxa em elevado patamar e ainda incerteza no cenário fiscal, que será melhor avaliado somente após o resultado da eleição, o BC deve manter os juros sem indicar, por enquanto, quando poderá iniciar o ciclo de baixa. A semana também é carregada de indicadores macroeconômicos, com dados do mercado de trabalho, que ainda devem vir fortes, e do fiscal, que já podem apontar o impacto dos gastos excepcionais aprovados no semestre, mas sem reduzir as expectativas de superavit para o ano. O BC ainda divulga o resultado do balanço de pagamentos, que tem sido mais negativo com a balança menos robusta, após a queda das commodities, e também do crédito bancário, que deve mostrar crescimento mais contido devido à alta da Selic. Por fim, teremos os dados de inflação do IGPM, que é esperada uma queda de 0,8%, e do IPCA-15, que pode voltar a território positivo em 0,05% com o fim da queda dos combustíveis e um aumento dos preços de alimentos em outubro.
Top da Semana
Com plano de IPO da Aesop, a Natura (NTCO3) disparou 17,9% concomitante a forte alta das companhias Banco do Brasil (BBAS3) e 3R Petroleum (RRRP3) que subiram 14,1% e 13,7%, respectivamente. Já as moires quedas da semana ficaram com as varejistas Americanas (AMER3) – 16,7% - e Via (VIIA3) - 8,3 – que devem continuar apresentando prejuízos no 3T22. No segmento de construção civil a MRV (MRVE3) apresentou queda de 11,4% após a divulgação de suas prévias.