Macroeconomia


O Mercado na Semana Ed.33.22

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Rafaela Vitória

Publicado 19/ago10 min de leitura

Bolsa realiza lucros com exterior pesando um Fed mais hawkish

O Ibovespa, que acumulava alta ao longo da semana perdeu força na sexta- feira e encerrou em queda de -1,12% a 111.496 pontos com movimento de realização de lucros após quatro semanas de alta consecutivas. O exterior ajudou com clima negativo após a ata do Fed e membros da autarquia mencionarem que a devem continuar com o ritmo de alta de juros para conter a inflação, o que impactou principalmente ações do setor de tecnologia por lá. Também colaborou para uma semana fraca por aqui a queda das commodities como Petróleo e Minério de Ferro com preocupações acerca da demanda na China, enquanto a economia patina por lá. Nos destaques setoriais da semana, as utilities seguraram a alta com o UTIL avançando +1,87% seguidas pelo setor de consumo que mostrou certa estabilidade encerrando em +0,15%. Na ponta negativa da semana, o IMAT caiu -3,3% seguido pelo IFNC -1,69% e IMOB -1,60%.

A semana também marcou o encerramento da temporada de resultados do 2T22 e apesar do pessimismo que se integrou ao cenário no fim da temporada do 1T22 e que levou a fortes revisões para baixo nas projeções para o restante do ano, os resultados do segundo trimestre do ano mostraram um ritmo além do esperado de recuperação, mesmo com as dificuldades de custos ainda atuantes. No geral, as companhias conseguiram minimizar os efeitos de custos e inflação mais elevados, conforme demanda mostrava sinais de recuperação. As exportadoras, apesar de arrefecendo ante o ritmo recorde do ano anterior, ainda reportaram números fortes, ao mesmo tempo que companhias voltadas ao mercado interno sinalizam que o ritmo de recuperação deve se manter para o próximo semestre. Clique aqui e confira o relatório completo!

A ata do Fomc e um discurso mais hawkish de membros do Fed trouxeram a volatilidade de volta para os mercados. Além da queda nas bolsas, vimos as taxas de juros nos EUA voltarem para próximo de 3% e as apostas de cortes de juros no ano que vem foram abandonadas. A economia americana ainda da sinais de desaceleração, principalmente o mercado imobiliário, mas o impacto dessa queda da atividade na sua desaceleração da inflação ainda é incerto. Também se somaram as preocupações com a inflação em outros países, como o PPI na Alemanha que teve alta de 5% no mês de julho e a inflação no Reino Unido que chegou a 10% em 12 meses. Na China, as notícias sobre a desaceleração no setor de construção também trazem incerteza para o cenário e revisões de crescimento do PIB já chegam perto de 3%, bem abaixo da meta do ano de 5,5%.

Aqui no Brasil, os mercados também tiveram uma semana negativa acompanhando o mal humor de fora. Além da queda no Ibovespa, o dólar teve alta de 2% e os juros voltaram a subir depois de várias semanas de queda. O presidente do BC, em fala essa semana, confirmou a indicação de fim do ciclo e, de fato, os dados de inflação continuam apontando queda, com mais deflação esperada para agosto, como a prévia do IGPM em -0,59%.

Empresas e Setores

Dificuldades internas e externas. Os resultados da CSN Mineração (CMIN3) foram abaixo das nossas expectativas, a produção da companhia totalizou 8.299 kton (+28,3% t/t), já as vendas foram de 7.574 kton (+9% t/t). O EBITDA Ajustado do período foi de R$ 907 mm (-9,1% R/E). (Comentário e Revisão de Preço CMIN3) | Resultados em linha. A CSN (CSNA3) trouxe resultados mistos, com receita líquida de R$ 10.566 mm (-11% t/t e -32% a/a) e EBITDA foi de R$ 3.262 mm (-2,2% R/E, - 31% t/t e -60% a/a). (Comentário e Revisão de Preço CSNA3) | Com alta de 59,6% no lucro, a Caixa Seguridade (CXSE3) reportou os resultados do 2T22, a empresa acumulou R$ 903,3 mm em receitas operacionais e lucro líquido de R$ 680,8 mm (+59,6% vs. 2T21). | Clima desfavorável. O IRB Brasil (IRBR3) reportou um resultado abaixo da nossa expectativa, com prejuízo de R$ 373 milhões, piora de 80% a/a e 9x acima da nossa estimativa. (Comentário IRBR3) | Desconto acima da média. A Itaúsa (ITSA4) apresentou resultado positivo com lucro líquido recorrente de R$ 3.018 mm (+5,5% a/a) e ROAE recorrente de 18% (-110 bps a/a). (Comentário ITSA4) | Com resultado menor do esperado pelo mercado, o Nubank (NUBR33) reportou um crescimento de 10% na base de clientes frente o 1T22, além de prejuízo líquido de US$ 30 mm (vs. US$ 10 mm esperado pelo mercado). | Situação melhora, mas alta alavancagem continua pressionando margens. A Rede D’Or (RDOR3) divulgou resultados neutros no 2T22. A empresa somou um EBITDA de R$ 1.438 mm (+15,5% a/a e +26% t/t), já o lucro líquido da Rede D’Or foi de R$ 358 mm (-25% a/a). (Comentário RDOR3) | Vibrando. A Vibra Energia (VBBR3) reportou no 2T22 uma receita líquida de R$ 47,1 bi (+62,5% a/a) e no bottom line, R$ 707 mm em lucro líquido (+85,1% a/a). | Mais uma redução. A Petrobras comunicou uma nova redução no preço da gasolina de suas refinarias, o corte foi de 4,8% e foi o terceiro corte em menos de um mês feito pela petroleira. | Atenuação de tarifas energéticas. A Aneel aprovou o repasse de R$ 947,8 mm oriundos da conta de comercialização de Itaipu para crédito do bônus nas faturas de energia, 11 empresas seguem os critérios para serem consideradas elegíveis.

IPOs & Afins

Nessa semana, o IRB Brasil Resseguros (IRBR3) informou ao mercado que estuda realizar uma captação de recursos via follow-on. O objetivo é reforçar a posição financeira da companhia, de forma a se adequar as exigências regulatórias do setor. Ainda, a Energisa (ENGI11) e a Restoque (LLIS3) devem realizar aumento de capital em razão de suas dívidas. No primeiro caso o patrimônio líquido da empresa passará de R$4,2 bilhões para R$4,9 bilhões devido do exercício do bônus de subscrição detido pelo BNDSpar. Esse foi um benefício adicional acordado com os credores da sétima emissão de debêntures da Energisa. Já o segundo caso se trata de capitalização da dívida da Restoque, decisão fruto de acordo com os debenturistas acerca da reestruturação do passivo. Serão emitidas de 752 a 840 milhões de ações com o preço unitário de R$2,10, de modo que a operação deve movimentar de R$1,6 bi a R$1,8 bi.

Fusões e Aquisições

Dando início a semana, na segunda-feira (15) a XP (XPBR31) comunicou a aquisição de 100% da BTR Benefícios e Seguros, em busca de ampliar os seus serviços destinados a pessoas jurídicas. A operação está em linha com a estratégia de expandir o seu escopo de pequenas e médias empresas para clientes corporate, dessa vez por meio da estruturação de uma plataforma diversificada de benefícios e planos de saúde para o mercado. | Além disso, com o objetivo de se tornar o banco líder de investimento na América do Sul, o BTG (BPAC11) anunciou a compra da Darapti, instituição financeira mexicana múltipla, segundo notícia do Valor Econômico. A aquisição facilitará a prestação de serviços no país, agregando nas atividades da sua corretora e gestora localizadas no México. | Já, ainda na quarta-feira (17), a Totvs (TOTS3) informou o mercado sobre a compra de 100% da RBM, por R$ 30 milhões, com o intuito de fortalecer a sua atuação em tecnologias B2B. (Confira o nosso comentário).

Fundos Imobiliários

Ainda embalado pela recuperação do segmento de tijolo, o IFIX subiu de 1,8% na semana. Seguem os principais fatos ocorridos no período: SNFF11: Foi aprovado pelo administrador a 2ª emissão de cotas do fundo, a serem ofertadas com esforços restritos nos termos da Instrução CVM nº 476. O montante inicial da captação será de R$ 24,7 mm, a serem obtidos por meio da emissão de 275 mil novas cotas a um preço unitário de R$ 89,72, desconsiderada a taxa de distribuição de R$ 0,28/cota. | XPIN11: Os imóveis detidos pelo fundo passaram por nova reavaliação a valor justo pela Colliers International Brasil, resultando um valor contábil 0,60% inferior ao anteriormente estimado. | GGRC11: O fundo celebrou contrato para aquisição de um galpão logístico localizado em Valinhos-SP e com ABL de 3.489,38 m², construído nos termos de contrato atípico na modalidade BTS para a locatária Eagleburgmann do Brasil Vedações Industriais Ltda. pelo prazo de 15 anos. Com a locação inciada no dia 1º de agosto de 2022, o fundo desembolsou R$ 17,8 mm para aquisição do imóvel e espera receber R$ 123,3 mil de renda recorrente dos aluguéis, valor que será corrigido anualmente pelo IPCA. | MFII11: Foi adquirido pelo fundo um terreno de 4.974 m² localizado no bairro de Itaquera, em São Paulo-SP. Os estudos de implantação e de mercado realizados para o local preveem um projeto multifamiliar residencial vertical com 540 unidades e um Valor Geral de Vendas (VGV) de próximo R$ 106 milhões.

Agenda da Semana

Para a semana que vem, esperamos os dados de arrecadação de julho mostrar mais um forte crescimento das receitas do governo, e continuar amenizando o impacto da recente redução de impostos nas contas fiscais. O BC também deve divulgar o balanço de pagamentos que deve refletir o superávit comercial e o bom fluxo de investimentos para o país. Por fim, o IPCA-15 deve trazer forte deflação em agosto, que pode chegar ao recorde de -1%, a menor marca mensal da série.

Top da Semana

Com robustos resultados e grande distribuição de dividendos, a semana foi marcada pela alta das companhias do setor de frigoríficos, com a Marfrig (MRFG3), Minerva (BEEF3) e JBS (JBSS3) que subiram 8,5%, 7,4 e 6,4%, respectivamente. Na contramão, Yduqs (YDUQ3) caiu 20,7% após balanço e visão negativa para o final do ano, seguida pela queda de 9,8% e 9,5% das companhias Banco Pan (BPAN4) e Qualicorp (QUAL3).

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