Macroeconomia


O Mercado na Semana Ed.25.22

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Rafaela Vitória

Publicado 24/jun10 min de leitura

Em descompasso com exterior, Ibovespa amplia queda na semana

Enquanto mercados globais encerraram a semana se recuperando das perdas, mesmo em meio ao temor de uma recessão nos EUA, o Ibovespa encerrou em queda de -1,15% a 98.672 pontos, repercutindo os problemas internos com a pressão política sobre o ajuste de preços da Petrobras e novas movimentações na presidência da companhia. Além disso, as commodities não ajudaram o índice, com o petróleo e o minério de ferro caindo na semana com expectativas de redução na demanda em meio a um ambiente de recessão pela frente. A semana também foi marcada pelo discurso de Powell no congresso norte americano, onde ressaltou o compromisso que os juros devem elevar em ritmo suficientemente rápido para conter a inflação e não descartou a possibilidade de uma recessão. Nos destaques setoriais domésticos, o índice de materiais básicos (IMAT) caiu -2,09% acompanhando a queda das commodities, seguido pelo índice de utilities (UTIL) que caiu -1,59%. Os demais indicadores como imobiliário (IMOB), financeiro (IFNC) e consumo (ICON) flertaram com a estabilidade caindo 0,95%, 0,72% e 0,37% respectivamente.

As notícias de fora trouxeram poucas novidades para o cenário, mas pesaram um pouco mais para o lado da desaceleração da economia. O Fed, em discurso no Congresso manteve a postura de prioridade no combate à inflação e também já admite que uma recessão pode acontecer. Mas as projeções de inflação americana no final da semana trouxeram pequeno alívio, mercado parecer acreditar que não haverá descontrole. As commodities continuam contribuindo nesse sentido, com mais uma semana de queda puxada por -7% no petróleo.

Aqui no Brasil, o mercado continuou mais negativo repercutindo novas propostas do governo de flexibilizar o teto e alterar a lei das estatais para interferir mais livremente na Petrobras. Todo o ruído causado por medidas populistas às vésperas de eleições ofuscaram mais um resultado fiscal de arrecadação forte no mês de maio, +4% de alta real em relação a maio do ano passado. No acumulado do ano, o governo tem a maior arrecadação em relação ao PIB desde 2008, o que ameniza os riscos das propostas de redução de impostos.

Por fim, o IPCA-15 de junho veio em linha, mas ainda mostrando pressão em serviços, o que deve continuar dividindo expectativas do mercado em relação ao tamanho da próxima alta da Selic.

Empresas e Setores

Reajuste tarifário aprovado pela Aneel elevou em 4,9% as tarifas de energia elétrica da Copel (CPLE6), os novos valores entrarão em vigor a partir do dia 24 deste mês. | Debêntures. A Minerva (BEEF3) aprovou a emissão de R$1,5 bi em debêntures em série única, esta será a décima segunda emissão da companhia. | Prejuízos acumulando. A IRB Brasil (IRBR3) reportou mais um prejuízo no mês, encerrando o mês de abril com um prejuízo líquido de R$ 92,7 mm. | Operação para gerar caixa. A Klabin (KLBN3) anunciou a emissão de R$ 2,5 bi em debêntures simples, em um prazo de 12 anos. | Expansão logística. O Mercado Livre (MELI34) anunciou o projeto para possibilitar entregas no mesmo dia em 100 cidades brasileiras, a empresa argentina já atende mais de 4 mil cidades com entregas de até 48h. | A conversão de ações preferenciais para ordinárias foi aprovada pelos acionistas do Banco Modal (MODL11), a conversão será na proporção de um para um. | Geração de valor aos acionistas. A Multiplan (MULT3) aprovou em assembleia o programa de recompra de até 14 mm de ações, com duração de 18 meses. O intuito da recompra, segundo a companhia, é gerar maior valor aos acionistas. | Emissão de dívidas. A Natura&Co (NTCO3) aprovou a emissão de R$ 1,88 em debêntures simples, não conversíveis em ações. | Novela da Petro. O presidente da Petrobras (PETR4), José Mauro Coelho, pediu demissão no início da semana. | Lucros no ano safra. A São Martinho (SMTO3) registrou lucro líquido de R$ 225 mm no 4T do ano safra 2021-2022. O Desempenho operacional da companhia foi 8,7% maior que o mesmo período no ano anterior, o EBITDA da empresa totalizou R$ 770,7 mm (+35,6% a/a). | Considerando o risco de espionagem, alguns modelos de carro da Tesla (TSLA34) foram proibidos de circular e serem comercializados em regiões da China próximas a instalações militares e autoridades chinesas.

IPOs & Afins

Hoje (24) a CVC (CVCB3) informou ao mercado que, no âmbito da oferta primária com distribuição pública aprovada semana passada, suas ações foram precificadas a R$7,70. Com a emissão de 52.312.500 ações ordinárias o follow-on levantará R$402,8 milhões. Segundo a companhia os recursos serão utilizados para reforço do capital de giro necessário para o desenvolvimento da estratégia de crescimento.

Fusões e Aquisições

Em semana amena para o mercado de M&A, a Pague Menos (PGMN3) anunciou que o Cade aprovou a aquisição da Extrafarma. No qual, para a autorização da operação, foi necessário a venda de oito unidades da companhia adquirida para a rede Bruno Paulo, o que representa cerca de 3% do total contraído pela Pague Menos. | Além disso, na quinta-feira (23) a Rede D’Or (RDOR3) dá mais um passo em sua estratégia de consolidação dos negócios com a SulAmérica (SULA11), com anúncio da aquisição de mais 15,08% do seu capital social. | Por fim, a Petrobras (PETR4) comunicou que a diretoria da companhia aprovou a venda total da sua participação do Polo Golfinho e Polo Camarupim, na Bacia do Espírito Santo, por um montante de máximo de US$ 75 mm. A operação segue em congruência com o seu plano de aprimorar a sua gestão de portfólio e alocação de capital.

Fundos Imobiliários

Em estabilidade, o IFIX encerrou a semana com variação de +0,01%. Seguem os principais fatos relevantes da semana: 

TRXF11: Foi aprovado pelo administrador a 6ª emissão de cotas do fundo, no montante de até 818.415 e, no mínimo, 51.151 cotas, a serem integralizadas no valor de R$ 97,75/cota, totalizando uma emissão entre R$ 5 mm e R$ 80 mm. A oferta pública terá esforços restritos de distribuição, a ser realizada nos termos da Instrução da CVM 476. | MFII11: O fundo firmou contrato para aquisição de um terreno de 1.090,76 m² localizado na Avenida Paes de Barros, 477, no bairro Mooca, cidade de São Paulo/SP. Os estudos de implantação e de mercado realizados para o local preveem um projeto multifamiliar residencial vertical com 213 unidades e um VGV de aproximadamente R$ 69 milhões. O terreno será adquirido por uma parcela em dinheiro após superada fase de due dilligence e o restante através da dação em pagamento de área vendável no próprio empreendimento. | HSLG11: O fundo assinou um acordo com uma grande rede varejista da região Norte para a aquisição de um ativo logístico localizado na Cidade de Manaus-AM. O acordo prevê a aquisição do ativo, que é subdividido em duas partes: (i) imóvel logístico em operação, com ABL de aproximadamente 40.000 m², atualmente ocupado em sua totalidade pela rede varejista contraparte, sob um contrato atípico na modalidade S&L; e (ii) área de expansão, com aproximadamente 20.000 m² de ABL, a ser desenvolvida pela contraparte e posteriormente locada para ela sob um contrato atípico na modalidade BTS. O preço proposto é de cerca de R$ 120 mm pela área do S&L e cerca de R$ 60 mm (pela área do BTS, sendo parte destinada ao pagamento do terreno (cerca de 25%) e o restante para o pagamento do custo projetado da obra de expansão, a ser desembolsado ao longo de seu andamento. | HSML11: O fundo concluiu a aquisição da integralidade das ações das sociedades Jaguara Empreendimentos Imobiliários S.A. e JPL Estacionamentos S.A., detentoras de 100% do Shopping Uberaba, localizado na cidade de Uberaba-MG. A aquisição representa um acréscimo de ABL própria ao fundo de 25.111 m² a um preço de aquisição de R$ 333 mm. Com a operação, a ABL própria total do portfólio passa a ser de 191.449 m² subdivididos em 7 ativos localizados em 5 Estados.

Agenda da Semana

A próxima semana trará a divulgação de importantes indicadores para a conjuntura econômica doméstica. No âmbito da inflação, será conhecido o IGP-M de junho, que permitirá mensurar o impacto das variações recentes das commodities nos preços ao produtor. Também poderão ser divulgados diversos indicadores relevantes para a conjuntura fiscal, como o resultado primário e a dívida do setor público relativos a maio. Completam a agenda dados de emprego para maio e a balança comercial de junho. No cenário externo, para os Estados Unidos, vale acompanhar a evolução dos dados de confiança do consumidor e do desempenho da indústria, que podem trazer sinais a respeito de uma possível desaceleração prospectiva do crescimento. Para a Zona do Euro, será conhecida a inflação ao consumidor de junho, cujo núcleo deve avançar para 3,9% em 12 meses, apontando para necessidade de redução dos estímulos monetários adiante.

Top da Semana

A WEG (WEGE3) apresentou a maior alta da semana após o anúncio de pagamento de juro sobre o capital próprio, seguida pelos frigoríficos, BRF (BRFS3) e Minerva (BEEF3), que se beneficiaram com a alta do dólar e queda nos preços dos grãos. Locaweb (LWSA3) teve a terceira maior alta de 11,9%. Em contrapartida, a SLC Agrícola (SLCE3) teve a maior queda da semana, sofrendo com a baixa nos preços das commodities e maior concorrência no mercado. Após o follow-on a CVC (CVCB3) caiu 11,7%, junto com a queda de 11,0% da IRB (IRBR3), que apresentou forte prejuízo.

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