O Mercado na Semana
A semana foi movimentada com dados de inflação, decisão de juros nos EUA e deterioração do sentimento com o cenário fiscal. A sensibilidade do mercado às comunicações políticas gerou mais perdas à bolsa brasileira, que encerrou a semana com queda de 0,91%. Enquanto isso, o mercado americano segue em direção oposta e o S&P 500 sobe 1,58%. O dólar chegou a bater mais de R$5,40 na quarta-feira, maior valor em 17 meses, e terminou a semana com alta de 0,56%.
Brasil
A semana foi marcada pela divulgação do IPCA, que veio pior que o esperado e com um qualitativo ruim. O acumulado em 12 meses acelerou para 3,93%, assim como a média dos núcleos e a inflação de serviços. É um resultado que reforçará a postura cautelosa do banco central na próxima reunião do Copom em meio à elevada incerteza nos mercados locais, especialmente após as falas de membros do governo sobre a política fiscal, que não foram bem recebidas. Além da inflação, tivemos a consolidação do restante dos dados de atividade, que apresentaram resultados positivos, com o varejo e o serviços acelerando no mês. Destaque para o varejo, que acumula o melhor resultado até abril desde 2014, e vem surpreendendo positivamente. Ainda assim, o IBC-Br, a prévia do PIB calculada pelo Banco Central, indica estabilidade do PIB no mês de abril.
Internacional
Lá fora as atenções estiveram voltadas à divulgação da inflação americana de maio e da decisão de política monetária, ambas na quarta-feira. A inflação veio mais fraca que o esperado, ficando estável em maio. De modo geral, foi um resultado bem ameno, com as tendências de altas sendo revertidas, tanto na média móvel de 6 meses quanto na de 3 meses, reduzindo os temores de uma reaceleração inflacionária. O único ponto de atenção continua sendo a inflação de habitação, que mantém tendência de desaceleração no acumulado em 12 meses, mas acelerou na comparação mensal, o que, juntamente a um mercado de trabalho aquecido, pode se mostrar um entrave ao processo de desinflação. Mesmo com a inflação melhor que o esperado, o FOMC não deu sinalização de que o ciclo de cortes seja iminente. A reunião dessa semana contou com a divulgação de projeções dos membros do comitê, que vieram mais duras que o antecipado, com o comitê antecipando apenas um corte de juros esse ano. Ainda assim, estimamos que o Fed inicie os cortes na reunião de setembro.
Próxima Semana
O foco estará todo na decisão do Copom, na próxima quarta-feira. Depois da última decisão em reduzir o ritmo de cortes e a piora do ambiente doméstico com aumento da incerteza, a expectativa é que o Copom mantenha os juros inalterados. A grande questão será a composição dessa decisão, se voltaremos a observar unanimidade entre os diretores do Comitê.