O mercado na semana
Essa semana terminou com alta de 1,12% na bolsa brasileira, puxada por Vale e Petrobras, além de dados positivos do IPCA-15. O S&P 500 subiu 2,67% na semana com resultados de balanço das gigantes da tecnologia e o fôlego após dados de inflação virem de acordo com expectativas. O dólar, por sua vez, terminou a semana com queda de 1,54%.
Brasil
No Brasil, a semana foi marcada pelo bom resultado do IPCA-15 de abril, que registrou avanço de 0,21%, abaixo da expectativa de 0,29%. Mais uma vez, o resultado indica uma dinâmica inflacionária bastante benigna. A média dos núcleos desacelerou de 0,23% para 0,19%, levando o acumulado em 12 meses para 3,61%, 27 p.b abaixo do resultado de março. O resultado do IPCA-15 reforça a dinâmica vista em março tanto no IPCA-15 quanto no IPCA, dando novos sinais de que a recente piora no perfil da inflação foi fruto da sazonalidade típica do período. Dada a recente piora do cenário externo e, consequentemente, a maior cautela por parte do banco central, a continuidade do processo de desinflação traz alívio e sugere que há espaço para o Copom continuar a trajetória de cortes já comunicada. Portanto, mantemos expectativa de corte de 50 p.b na reunião de maio, antecipando um comunicado mais cauteloso por conta do atual contexto internacional, com o Comitê passando a dar maior peso para a evolução do cenário externo e retirando o guidance para os próximos passos devido à maior incerteza sobre o comportamento futuro da inflação uma vez que a transmissão da piora internacional para a inflação doméstica via câmbio não é totalmente mecânica. Sendo assim, o retorno à trajetória de cortes previamente comunicada irá depender do andamento de uma melhora do cenário externo. A manutenção da incerteza no atual patamar já significa uma desaceleração nos cortes a partir de junho, com uma eventual piora do cenário podendo, inclusive, levar a uma pausa no ciclo de cortes.
Internacional
No âmbito internacional, os destaques foram a divulgação do PIB americano do 1º trimestre de 2024 e o PCE de março, o índice oficial de inflação. O PIB registrou alta de 1,6% no primeiro trimestre, bem abaixo da expectativa, que era um avanço de 2,5%. Entretanto, a frustração se deu muito mais por conta de componentes voláteis, como estoques, além de aumento nas importações, que por sua vez está associado a maior demanda por parte dos americanos. Nessa linha, observa-se as vendas finais aos consumidores domésticos, uma medida mais apropriada para a demanda, crescendo a uma taxa anualizada de 3,1%. O PCE, por sua vez, veio em linha com o esperado, avançando 0,3%, mas acelerando no acumulado em 12 meses, de 2,5% para 2,7%. De modo geral, temos um cenário em que a economia real continua performando acima do esperado, com dados de atividade e emprego indicando uma economia ainda aquecida. Por outro lado, a inflação nesses primeiros meses do ano vem pior que o esperado, assim como os juros se mantém acima do esperado, tudo isso consistente com o cenário de “no landing”.
Próxima semana
Na próxima semana, a agenda será intensa. No Brasil, teremos a divulgação do IGP-M de abril, da taxa de desocupação medida pela PNAD, dos dados do setor externo, da produção industrial e dados de crédito. Entretanto, as atenções do mercado estarão voltadas para a economia americana. Na quarta-feira teremos a decisão de política monetária por parte do Fed, que deve manter a taxa de juros inalterada e um discurso mais duro contra a inflação, devido à resiliência da atividade e da dinâmica inflacionária. Haverá também a divulgação do payroll referente a abril.